tag:blogger.com,1999:blog-89946754723444047842024-02-07T00:24:20.161-03:00E por falar em pastoral...Permitir troca de experiências sobre a PJ (Pastoral da Juventude) e sobre a sua identidade, espiritualidade, história e metodologia.Rogério de Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/05206311881381624007noreply@blogger.comBlogger239125tag:blogger.com,1999:blog-8994675472344404784.post-36396691513019542132021-07-29T17:11:00.000-03:002021-07-29T17:11:14.734-03:00Vocação e Acompanhamento<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnU_Iol2lql8W2KJbHqk4xl-Oouyr6yqduSi9DVbTXx5a8-sk1u8G_5Ps_O2ETDpS-Mew4DfsOREaNpmCnL9eZt4EER-CkvOr-PpTvBUJfVR7x5W2X64IADwJ3w-rNVz5eMUkLWt1fpb2U/s500/emaus.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="300" data-original-width="500" height="120" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnU_Iol2lql8W2KJbHqk4xl-Oouyr6yqduSi9DVbTXx5a8-sk1u8G_5Ps_O2ETDpS-Mew4DfsOREaNpmCnL9eZt4EER-CkvOr-PpTvBUJfVR7x5W2X64IADwJ3w-rNVz5eMUkLWt1fpb2U/w200-h120/emaus.jpg" width="200" /></a></div><div style="text-align: justify;">Uma das leituras bíblicas que eu mais gosto é a famosa passagem dos discípulos de Emaús (Lc 24, 13-35). Isto é verdade porque, inclusive, já tratei de um tema com este texto como pano de fundo para a reflexão. Se quiser, você pode <a href="https://pejotando.blogspot.com/2015/06/voce-pode-desistir-ou-nao.html" target="_blank">vê-lo aqui</a>.</div><p></p><p style="text-align: justify;">Se você é catequista, coordena, acompanha ou assessora grupos, é uma pessoa com boa influência sobre outrem ou é alguém que, assim como eu, acompanha o projeto de vida de outras pessoas, este texto é para você.</p><p><span></span></p><a name='more'></a><div style="text-align: justify;">Um dos diversos olhares que podemos dar para o texto dos discípulos de Emaús é o olhar vocacional. Todos sabemos que durante o mês de agosto a Igreja Católica procura refletir com maior intensidade a questão das vocações, sejam elas religiosas, missionárias, sacerdotais, matrimoniais ou leigas. </div><p></p><p style="text-align: justify;">Nossa primeira e principal vocação é para a vida, nos seus mais diferentes aspectos e nos mais diferentes serviços ao próximo, de acordo com a nossa fé. Mas todas elas têm algo em comum: para crescer, elas precisam ser bem acompanhadas. E será este aspecto geral que pretendo tratar aqui. O texto dos discípulos de Emaús é preciso sob este olhar.</p><p style="text-align: justify;">Convido que você leia o texto bíblico em Lucas, capítulo 24, versículos de 13 a 35, com calma e uma segunda vez prestando atenção na postura de Jesus e dos discípulos. Existem cinco movimentos que Jesus fez que podem nos inspirar neste trabalho de despertar a vocação das pessoas que nos cercam, que acompanhamos ou que estão nos grupos conosco. E há mais dois gestos que os discípulos fizeram que comprovam o entendimento deste aprendizado. Vamos lá?</p><p style="text-align: justify;"><b>Jesus está junto</b></p><p style="text-align: justify;">Ele quer estar perto da realidade daqueles discípulos. Sabe que eles estão fugindo, mas quer ouvir isso deles. Permanece ao lado. Caminha junto, mistura-se, faz-se um no meio deles. Pergunta, ouve, provoca, tem atenção. Ele não interrompe, não corta a vez. Fala na sua hora. E quando fala é a partir daquilo que os discípulos disseram.</p><p style="text-align: justify;"><b>O argumento de Jesus tem fundamento</b></p><p style="text-align: justify;">Acompanhar a vocação de alguém, o projeto de vida de alguém não é concordar com tudo que a pessoa diz, quer, pensa ou faz. É preciso ter clareza do papel para ajudar a pessoa em seu próprio discernimento. Jesus se chateia também. Vê a desilusão, a falta de expectativa, a quebra do sonho, a fraqueza da fé, a cabeça dura e a falta de entendimento. Para clarear a situação, não usa seus próprios argumentos, mas busca os relatos da Palavra de Deus. Ele respeitou o processo. Primeiro ele viu a realidade dos discípulos e neste passo ele a iluminou com a Palavra.</p><p style="text-align: justify;"><b>Jesus cria familiaridade</b></p><p style="text-align: justify;">Quem acompanha uma vida, uma vocação tem mais bagagem, mais experiência, um algo a mais para passar. Isto, no entanto, não faz com que seja melhor do que a pessoa acompanhada. É preciso criar laços. Não basta querer bem. É preciso que estas pessoas se sintam estimadas, amadas. E isto não se faz do dia para noite, mas “no caminho”, no processo de acompanhamento. Quando Jesus diz que vai embora, eles pedem que fique porque é perigoso com a noite que chega. Com o convite feito, o acompanhante fica, partilha vida, experiências, porque sabe que ali existe algo mais forte que simples laços. </p><p style="text-align: justify;"><b>Jesus mostra coerência</b></p><p style="text-align: justify;">Todos dentro da mesma casa, sentados à mesma mesa, partilhando do mesmo ar, tendo à frente o mesmo pão. Parece um bonito final para a história vocacional, mas falta o essencial: o porquê de tudo isso. Diante da mesa, Jesus se senta e parte o pão. Neste instante ele se revela. Na partilha Ele foi reconhecido. No exemplo. No testemunho. Não foi quando ele começou a acompanhar. Não foi quando ele deu explicações sobre a palavra. Não foi quando pediram para que Ele entrasse em sua casa e nem quando se sentaram à mesa com Ele. Ele foi reconhecido na partilha, onde se mostrou coerente com tudo que fez e disse em sua vida. O acompanhante não pode fugir desta coerência de testemunho evangélico. Mais do que com palavras, conseguimos movimentar corações com gestos concretos de partilha de vida.</p><p style="text-align: justify;"><b>Jesus sabe a hora de sair de cena</b></p><p style="text-align: justify;">Não somos acompanhantes vocacionais para toda uma vida. O rumo foi descoberto? Cabe à pessoa decidir se quer trilhá-lo ou não. Jesus se revelou no partir do pão. Os discípulos o reconheceram. E ele sumiu diante deles. Diante da descoberta de um novo sentido para a própria vida, não podemos assumir um papel paternalista e dizer o que a pessoa acompanhada deve ou não fazer. A decisão é dela. As pessoas são livres e responsáveis por suas próprias decisões. E isso é fundamental.</p><p style="text-align: justify;"><b>Uma vocação madura não é alienada da realidade</b></p><p style="text-align: justify;">Um bom acompanhamento sempre leva em conta apresentar e discutir a realidade. Jesus fez isso com os dois discípulos. Não deu verdades prontas, mas cutucou, incomodou, fez com que vissem outro lado, sem negatividade, negacionismo ou falsas esperanças. Um acompanhamento que chega numa vocação madura leva a pessoa a ter capacidade de olhar criticamente a realidade e analisar causa e consequência. “<i>Não estava ardendo o nosso coração?</i>”. </p><p style="text-align: justify;"><b>Uma vocação madura não é acomodada</b></p><p style="text-align: justify;">Se a pessoa foi bem acompanhada, ela não espera acontecer, mas vai e faz acontecer. Tem disposição, vai atrás. Se está com medo, parte com medo mesmo, porque há algo dentro dela maior que qualquer sentimento que a paralise. Eles saem de qualquer zona de conforto: “<i>Na mesma hora, eles se levantaram</i>...”. E sabem que não podem fazer as coisas acontecer sozinhos, por isso precisam estar em comunidade: “... <i>e voltaram para Jerusalém</i>...”</p><div style="text-align: justify;"><br /></div>Rogério de Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/05206311881381624007noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8994675472344404784.post-47637884597185918512021-07-24T16:29:00.000-03:002021-07-24T16:29:26.769-03:00 Conversa no Zap<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZwYef5_zBxWfuzbAeOwkjPAOJ3AJNiRJQV3bHwgPTfSl6R0sivg9D9BcZCpwD4n7kDmAXPOvGtfu1pMX6lqqXzCBcHmJenVYOUQhL0AN2-SdE3RZkeXA21s0-6Za9QJ25B6XHY4u7LdzX/s1120/zap.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="420" data-original-width="1120" height="75" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZwYef5_zBxWfuzbAeOwkjPAOJ3AJNiRJQV3bHwgPTfSl6R0sivg9D9BcZCpwD4n7kDmAXPOvGtfu1pMX6lqqXzCBcHmJenVYOUQhL0AN2-SdE3RZkeXA21s0-6Za9QJ25B6XHY4u7LdzX/w200-h75/zap.jpg" width="200" /></a></div><span style="background-color: #b6d7a8;">“Bença, tio.”</span><p></p><p>“Oi Ju. Você tá bem? Deus te abençoe.”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Tio, você tá com tempo?”</span></p><p>“Pra você, querida? Todo tempo do mundo! Diz aí!”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Queria um conselho”</span></p><p>“Eu sou ótimo para essas coisas. Adoro!”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Sério, tio!”</span></p><p>“Conhece um cara mais sério que eu? Tá de brincadeira?”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Blz. Mas, ó, sem me zuar, certo?”</span></p><p>“Tá certinho, fia. Manda ver, que já tô curioso”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Então... Sabe o Alberto?”</span></p><p><span></span></p><a name='more'></a><br />“Que Alberto??”<p></p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Que estudou comigo até o ano passado!”</span></p><p>“Hummm...”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Lembrou?”</span></p><p>“Hummm...”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Isso é sim ou não?”</span></p><p>“Seria o Alberto que quis ficar contigo no seu aniversário de 13 anos e que você não quis na época e que depois ele ficou te esnobando na escola, saindo com uma garota diferente por semana?”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Ai tio... Não era pra zuar...”</span></p><p>“Mas não é zuera, querida. É verdade. Você me contou. Aconteceu assim, não foi?”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Não foi uma namorada por semana... Foram duas meninas diferentes até o fim do ano...”</span></p><p>“Tá bom, vou dar um desconto. O que é que tem o pilantra?”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Ai tio, não fala assim...”</span></p><p>“Tudo bem, querida. Agora foi zueira. Desculpa aí. Mas, o que aconteceu com o rapaz de nome tão nobre?”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Você vai me zuar de novo, tio?”</span></p><p>“Ju, meu doce, jamais!”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Ai Deus! Tá bom. O Alberto quer namorar comigo.”</span></p><p>(...)</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Tio??”</span></p><p>(...)</p><p>“Oi Ju. Fui no banheiro”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Eita. Eu não li isso...”</span></p><p>“Mocinha, duas coisas. Todo mundo vai no banheiro. Eu, você e o Beto, meu futuro sobrinho aí, né querida? E a segunda coisa eu esqueci...”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“kkkkkkkkk”</span></p><p>“Tá bom, mas é sério isso mesmo, né? Não é você quem tá de zueira agora não né?”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Não. Na real. Ele fez uma chamada de vídeo, a gente ficou mais de uma hora conversando, mas eu não dei uma resposta.”</span></p><p>“Deixou o rapaz na solidão dos pensamentos...”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Para tio”</span></p><p>“Oxe... Sem maldade, sem maldade... credo... Mas não deu resposta por que, fia?”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Eu não tenho certeza”</span></p><p>“Ju, você tem 15 anos. Do que é que você já tá certa na vida?”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Aí você piorou minha situação, tio.”</span></p><p>“Não! O que eu quero dizer é que você tem um mundo de possibilidades ainda. Que nada tá certo ainda e que só começou a caminhar, mas tem uma estrada longa a fazer.”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Bom. Melhorou, mas não ajudou.”</span></p><p>“E qual a ajuda que você quer de mim? Minha opinião sobre o Beto? Meu histórico com ele se resume a este fato de dois anos atrás e não o favorece muito não...”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Não, tio. Eu quero outra coisa. Me ajuda a saber se pode dar certo.”</span></p><p>“Oi?”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Você é da Igreja, tio. Trabalha com jovens há bastante tempo. Já deve ter visto muita coisa. Me dá umas dicas aí.”</span></p><p>“Isso não é pegadinha, não né?”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Sério tio. Na real. Bem sério, meeesmo.”</span></p><p>“Entendi. Tá. Primeira coisa, viu. Eu te amo. Entendeu?”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Claro tio. Eu também te amo”</span></p><p>“Ótimo. E se ama também?”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Sim tio. Com certeza.”</span></p><p>“Namoro é uma fase fantástica. É um período de descobertas. A gente descobre coisas em nós e na outra pessoa. A relação, quando bem construída, enriquece as duas pessoas. E mesmo quando não dá certo permite que a gente cresça como ser humano. Muita gente amadurece, mas algumas pessoas apodrecem por dentro”.</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Credo tio.”</span></p><p>“Verdade. E é essa a sua preocupação no fim das contas. Dar certo numa relação é as duas pessoas crescerem, mesmo que o namoro não vingue.”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Não sei se eu gosto dessa ideia”</span></p><p>“Você é esperta e eu entendi o seu pensamento. Todo mundo bem-intencionado que começa um namoro começa com a intenção de que possa dar certo.”</p><p><span style="background-color: #d9ead3;">“Verdade”</span></p><p>“Mas no fundo ninguém tem certeza.”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Verdade de novo”</span></p><p>“A gente não conhece a pessoa nos detalhes que possam ser significativos”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Sim”</span></p><p>“E como eu já disse, a gente vai se descobrindo também na relação. O melhor e o pior de nós acabam aparecendo”.</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Então você tá falando pra eu aceitar e ver o que vai dar?”</span></p><p>“Ainda bem que essa conversa tem histórico! Eu não escrevi isso, menina!”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Então não entendi”</span></p><p>“Falei das relações de maneira geral, não de você no particular”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Tá tio, mas me ajuda então no particular, vai..”</span></p><p>“Deixa eu voltar pra minha ideia então. Quando a gente se ama, a gente se respeita, respeita valores, princípios.”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Você vai falar de sexo, né? Pra eu me preservar, né?”</span></p><p>“Não, ‘coisinha’. É anterior a isso. Uma relação faz a gente mudar ideias, posturas e atitudes. Mas a gente só deve mudar se a gente quiser, não pode ser forçado a nada. Tem que refletir causa e consequência”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“É sexo. Eu sabia”</span></p><p>“Não Ju. É tudo. Quer ver? Em quem ele votou?”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Ô tio, ele tem 15 anos. Ele não vota!”</span></p><p>“Ah é. Que seja. Então futebol e religião. Qual time ele torce e qual igreja ele vai?”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Ele nem é ligado em futebol. Acho que só na Copa do Mundo.”</span></p><p>“Moleque difícil”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Acho que a família dele é espírita”</span></p><p>“Ah!! Taí. Ele sabe que você é católica? E se ele quiser te converter? Como você vai lidar com esse conflito?”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Eu não sei. Tem que ver na hora. Mas não quero me converter a nada não. E no fim, Deus é amor, né não?”</span></p><p>“Ok. Xeque mate. Mas quero te dizer mais uma coisa.”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Fala tio”</span></p><p>“Responsabilidade emocional. Você zela pelas emoções dele e ele precisa zelar pelas suas. Não criem expectativas demais. As vezes a pessoa que se gosta só existe na cabeça da gente e não é aquela pessoa real.”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Você deu uns toques legais tio, mas nessa última eu fiquei confusa. Como eu vou saber qual é a dele na real?”</span></p><p>“Hum... Dá uma sondada como ele trata a mãe dele”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Hein??”</span></p><p>“É! Como ele vê a mãe normalmente é como ele vê as mulheres em geral”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Ah! Não creio. Sério isso?”</span></p><p>“Não sei. Vi isso no instagram de uma influencer e achei legal!”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Você não existe tio”</span></p><p>“Mas na real, vê como ele trata quem não pode fazer nada por ele. As crianças, os pobres, os animais. Isso diz muito do caráter da pessoa”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Beleza tio, vou pensar nisso”</span></p><p>“E se um dia ele vier trocar ideia comigo, vou dar um toque pra ele reparar como você trata seu pai!”</p><p><span style="background-color: #b6d7a8;">“Para com isso, tio”</span></p><p>“Melhor... Como você trata seu tio!!”</p>Rogério de Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/05206311881381624007noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8994675472344404784.post-24202297087231618082021-03-12T22:23:00.002-03:002021-03-12T22:23:33.556-03:00A Beleza da Estrutura<p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"></p><p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKgmVs7s-e3ZgxTZM8slGbNbFmRXUYSJiIT9o2g2q7dXb7fPUENhA-rZ-LehxfSuvUZ827bs-EnsnzRycJjSS6dTlfxJWZNxaJJsC8voZeo7ABcOSucKK-X0Pb-HIDIdQUn4BUoaaGJOj3/" style="clear: left; display: inline !important; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;"><img alt="" data-original-height="256" data-original-width="512" height="100" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKgmVs7s-e3ZgxTZM8slGbNbFmRXUYSJiIT9o2g2q7dXb7fPUENhA-rZ-LehxfSuvUZ827bs-EnsnzRycJjSS6dTlfxJWZNxaJJsC8voZeo7ABcOSucKK-X0Pb-HIDIdQUn4BUoaaGJOj3/w200-h100/image.png" width="200" /></a></p><p></p><p style="text-align: justify;"> Diz um antigo conto que uma mulher sábia veio de longe pela estrada e notou que haviam três homens numa construção, todos executando exatamente a mesma tarefa. Chegando mais próxima, ela reparou que as expressões em seus rostos eram distintas e isso lhe chamou muito a atenção. Então ela se aproximou de cada um deles oferecendo água e perguntando o que estavam fazendo ali.</p><p style="text-align: justify;">Rispidamente o primeiro disse: “Estou assentando estes malditos tijolos, não está vendo? Que pergunta mais estúpida”. E não aceitou a água oferecida pela mulher. Notadamente ele não estava bem, pensou ela, ou então não gostava daquilo que estava fazendo. As circunstâncias o tornaram amargo.</p><p></p><div style="text-align: justify;">O segundo homem parou o que estava fazendo, apoiou-se mais firmemente sobre uma das pernas, enxugou o suor do rosto com um velho pano e agradeceu a água. “Estou construindo uma parede, mas não estou nem na metade. Repare o tanto que já fiz e o tanto que ainda falta. É uma senhora parede. Há muito ainda por fazer, com licença, mas ganho por produção e o patrão é severo”, Seu olhar estava distante, era um homem cansado e sobrecarregado.</div><span><a name='more'></a></span><p></p><p style="text-align: justify;">“O que estou fazendo aqui?” O terceiro homem parou, sorriu, empilhou dois grupos de tijolos, estendeu dois panos sobre eles e convidou a mulher para sentar-se com ele. “Estou construindo uma escola. Cada tijolo que assento aqui torna o sonho destas crianças mais próximo. Eu nunca estudei numa escola, sabe senhora. Era um desejo profundo, mas não deu. Mas aqui, sei que posso ajudar a construir o sonho de alguém. É isso. É mais do que uma escola. Cada tijolo que eu e meus amigos aqui assentamos ajuda a construir sonhos”.</p><p style="text-align: justify;">Venho matutando sobre esta história desde que ouvi alguns jovens pejoteiros reclamarem das estruturas e organizações pastorais. Devo condená-los? É claro que não. Eu já estive em diferentes instâncias da PJ e sei o quanto elas cobram e desgastam. Vivi esta realidade e vi gente querida sofrer por causa delas.</p><p style="text-align: justify;">O que devemos fazer? Acabar com todas as estruturas ou normalizar o sofrimento? Antes de pensar se esta ou aquela alternativa é a melhor, vale deixar uma pergunta pendurada, sem resposta definitiva, só para provocar um questionamento no contexto. Por que raios a gente normalmente pensa as alternativas como situações extremas, opostas? Penso que há sempre outras soluções ou no meio do caminho ou em caminhos alternativos. Mas, por ora, vamos falar destes extremos.</p><p style="text-align: justify;">Acabar com as estruturas significa exatamente isto que se coloca, extinguir todas as formas de ligações que as experiências grupais e institucionais possuem. Olhando para estes quase 50 anos de organização juvenil, quem manteve a unidade da proposta, da nossa identidade? Quem resgatou e traduziu para novas gerações as experiências da Ação Católica Especializada? Quem foi colhendo aqui e acolá, no Brasil e pela América Latina, experiências bem sucedidas de metodologia, espiritualidade, trabalho em grupo, formações ou capacitação? Pois é. Para todas as perguntas a resposta é uma só: a bendita estrutura pastoral.</p><p style="text-align: justify;">Mas se é assim, todo peso, toda mordaça, toda dor deve ser suportada? Deve ser considerado “normal” quem está na estrutura sofrer porque a pastoral faz o bem? Sabe que na vida pastoral a gente acaba ouvindo absurdos como estes. Não! Não se pode normalizar o sofrimento, o peso ou a mordaça. Não é isso que a PJ prega e nem isso que ela aceita. E quando acontece é porque algo está errado. </p><p style="text-align: justify;">Lidar com pessoas normalmente é um dos nós deste emaranhado que por vezes pode sufocar. Tem gente que se atola de compromissos porque o amiguinho da coordenação se faz de desentendido, encostado e sem ação. Tem gente que fica magoada porque fulano ou beltrana da equipe é muito genioso ou intolerante e não vai aceitar críticas. Correção fraterna, gente. Acompanhamento pessoal da assessoria. Revisão de vida e prática. A gente tem tantas ferramentas para acertar o passo.</p><p style="text-align: justify;">Lidar com outras estruturas também não é fácil. Negociar com o padre, com o conselho, com aquela liderança que tem voz e peso nas decisões, mas que não gosta nem um pouquinho da PJ não é moleza. Caríssimo e caríssima, você não está só nessa empreitada. Há uma organização muito grande que você está representando ali. Isso tem peso. E se você não se sente preparado, existe a assessoria na PJ para acompanhá-lo e lhe dar as ferramentas necessárias para as negociações. E se a assessoria não se sente preparada, ou desconhece os meios de negociação, que ela busque apoio nas redes de assessoria, nos centros e institutos, nas demais instâncias pastorais. A gente não pode sofrer, nem deixar sofrer e muito menos fazer sofrer.</p><p style="text-align: justify;">É este o caminho alternativo que vejo.</p><p style="text-align: justify;">O garoto que está na coordenação do grupo de base e que se liga ao grupo da comunidade vizinha e que juntos têm contato com aquilo que é articulado em nível diocesano já formam uma rede bonita. As particularidades de cada diocese se refletem nos regionais e a unidade da PJ se encontra no nacional. O tijolo que se assenta aqui tem reflexo em toda estrutura. Mas se essa estrutura toda não for ligada pela espiritualidade do Reino de Deus, desmorona. Se não estiver alicerçada na missão de Jesus, desaba. Se não tiver muito amor envolvido, muita correção fraterna, muita sinceridade cordial, é só uma estrutura e nada mais.</p><p style="text-align: justify;">Esse é o olhar do terceiro homem do conto. O trabalho é duro e pesado, e ele não nega isto, mas tem a visão do porquê da obra. Não é só o tijolo ou a parede. Nem é só o que eu faço, é o todo. Por isso, não é nem é a escola. É o sonho. É a utopia. Sigamos.</p>Rogério de Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/05206311881381624007noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8994675472344404784.post-61735315670452116042020-10-17T17:40:00.002-03:002020-10-17T17:40:19.747-03:00Como você vê a juventude?<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdqcpjsmpXfp4tSOPzco0_CwAGVhS9iCHvU0bsh7KdKToFR8HLiGeGEgpdZbn2w4YPvg8h-jHtto_WwkiIF74SmTB6VwPgdK81vf3d1ne8G7-mp-WoW_YhF2w9W4_pYQ3-s_TSOjm88Y1Q/s956/olhar+desconfiado.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="956" height="104" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdqcpjsmpXfp4tSOPzco0_CwAGVhS9iCHvU0bsh7KdKToFR8HLiGeGEgpdZbn2w4YPvg8h-jHtto_WwkiIF74SmTB6VwPgdK81vf3d1ne8G7-mp-WoW_YhF2w9W4_pYQ3-s_TSOjm88Y1Q/w200-h104/olhar+desconfiado.jpg" width="200" /></a></div><div style="text-align: justify;">Não sei se você já parou para pensar como o jeito com o qual você trabalha com a juventude está profundamente ligado com o entendimento que tem do que é ser jovem. A gente não precisa ser estudioso da sociologia (embora isso ajude bastante) para entender que diferentes visões implicam em diferentes ações e posturas.</div><p></p><p></p><div style="text-align: justify;">Claro que eu não quero ser simplista e achar que somente este aspecto (o que você entende por ser jovem) seria a única ligação que indica a maneira como você trabalha com ou para eles. Esse olhar para a juventude é um dos fatores que moldam o estilo do seu trabalho. Há outros fatores. Os grupos com os quais convive tem um peso, assim como o contexto da sua realidade contribui e muito também, por exemplo. Mas hoje eu quero dar um enfoque especial a este olhar.</div><span><a name='more'></a></span><p></p><p style="text-align: justify;">Ao perceber o mundo que nos cerca, veremos muitas pessoas, agrupamentos, órgãos, instituições ligadas ao universo juvenil. E não tenhamos dúvidas, é bem claro que há diferentes interesses e visões do mundo juvenil que impactam essas maneiras de trabalhar. É sobre elas que quero trocar umas palavras com você.</p><p style="text-align: justify;">Por que você trabalha com a juventude? Uma reflexão que ouvi certa vez apontava cinco intenções diferentes na aproximação e entendimento com o mundo juvenil. Há quem diga que uma sexta maneira seria a indiferença, mas convenhamos: muito difícil passar pela vida e ser indiferente a realidade onde as juventudes vivem. </p><p style="text-align: justify;">E quero reforçar. Estas cinco intenções ou cinco modos é somente uma maneira didática e um pouco simplista de ver a realidade juvenil e suas implicações. A intenção na verdade é podermos analisar como nosso trabalho está implicado ora com um, ora com outro modo de ver e entender o que é ser jovem.</p><p style="text-align: justify;">O primeiro modo é o do “<b>Mundo Perdido</b>”. Há uma perdição generalizada. O pecado corre fácil. É preciso salvar a juventude. Ela faz parte do caos e está a beira do precipício. É preciso fazer algo por eles. Há um tom alarmista, mas não chega a ser desesperador. Dentro desta visão, você que trabalha com a juventude tem uma missão importantíssima: evitar que os jovens “se percam”. A sua principal tarefa é contribuir na formação de uma juventude sadia para a reconstrução do tecido social. </p><p style="text-align: justify;">O segundo modo é o “<b>Big Brother</b>”. Há um perigo na juventude. Muitos hormônios, muitas ideias, muitos perigos. É preciso estar de olho o tempo todo. Esses e essas jovens precisam ser controlados e controladas. Há uma força, um poder juvenil, uma agressividade latente. Sem controle, isto representaria perigo para as instituições. Sabedores desta realidade, neste modo, saiba que a sua principal tarefa dentro é o de se aproximar e tentar neutralizar estas forças, apaziguar corações, controlar estes instintos.</p><p style="text-align: justify;">O terceiro modo é o “<b>Segue o líder</b>”. A proposta aqui é integrar a juventude dentro de um modelo que seja seguro, correto e verdadeiro. Quem acredita neste modo, crê em instituições sólidas, firmes e que a primeira delas onde o jovem deve estar bem integrado é a família. Mas não pode ser qualquer uma, pois segundo o discurso do modo “Segue o líder”, as famílias estão desestruturadas, quase falidas. É preciso que seja resgatado o modelo família tradicional, com ordem, hierarquia e clareza de serviços. Esta proposta integrativa se expande a toda sociedade, seja na escola, na Igreja, nas relações pessoais. E a sua tarefa dentro deste modo é a de ser mais um canal da instituição (seja qualquer uma delas) para se comunicar e ajudar que a juventude se integre dentro do modelo</p><p style="text-align: justify;">O quarto modo não vê risco, não sente medo da juventude, pelo contrário. Trata-se do modo “<b>Massivo</b>”. Ele enxerga um potencial enorme nesta gente. Há uma força dentro deste grupo que não pode ser desperdiçada, seja no campo político, econômico ou ideológico. Grandes empresas investem suas campanhas publicitárias tentando conquistar a galera e vender um padrão de juventude pelas mídias. Igrejas, congregações e movimentos veem o jovem como salvador de uma crise de falta de vocações, de números, de massa mesmo. Neste sentido, todos estes grupos acreditam que é muito útil ter a juventude por perto. E o seu papel aqui é justamente esse: ser um porta-voz da parte interessada que quer contar com a força massiva e a utilidade da juventude.</p><p style="text-align: justify;">Antes de irmos para o quinto e último modo, e que você já deve imaginar que se trata da forma “ideal” de ver a juventude e trabalhar com ela (acertou!!!), volto novamente com a ideia dita acima, não estamos imunes a cometer nenhum dos desvios vistos anteriormente, pois vivemos num mundo plural e sempre encontramos quem pense assim e até quem nos influencie de uma maneira ou de outra. A proposta é que não percamos o horizonte.</p><p style="text-align: justify;">Sim, o quinto e último modo é o “<b>Conta Comigo</b>”. Nossa prática pastoral, construída nas últimas décadas, tem em um dos seus vários pilares a expressão “<i>Protagonismo Juvenil</i>” e noutro a palavra “<i>Acompanhamento</i>”. O que isso quer dizer? Que no trabalho pastoral autêntico é a juventude quem cria, pensa, molda e põe a mão na massa. Acredita-se na jovem. Confia-se no jovem. Não precisam de tutela, cabresto, que se diga o que devem ou não fazer, mas sim serem acompanhados e acompanhadas, com o testemunho de vida de quem quer vê-los e vê-las livres, felizes, com autonomia e participação na Igreja e na sociedade. Sua missão neste modo é ser companheiro e companheira na caminhada da juventude, lado a lado, mas sem confundir os papéis.</p><p style="text-align: justify;"><br /></p>Rogério de Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/05206311881381624007noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8994675472344404784.post-82660171272626378312020-10-12T13:10:00.001-03:002020-10-12T16:18:45.264-03:00Ele vem pra me dar a mão<p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXvWx4EA6hX2398jKjtYCIKZMXBVwAHI7D1oF1oKhZLcqcr0TQkeBeJGeYAGwonPMm-vHjnBsw3KEs1cKl6ZiTCpT6qCcens1Ebbc8ZFLK1F8zChpjoZ46vsoTaUr26IUL2dHqMN4qU_wW/s1440/Ha+um+menino.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="1440" data-original-width="1440" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXvWx4EA6hX2398jKjtYCIKZMXBVwAHI7D1oF1oKhZLcqcr0TQkeBeJGeYAGwonPMm-vHjnBsw3KEs1cKl6ZiTCpT6qCcens1Ebbc8ZFLK1F8zChpjoZ46vsoTaUr26IUL2dHqMN4qU_wW/w200-h200/Ha+um+menino.jpg" width="200" /></a></p><div style="text-align: justify;">O ano era 2017, finzinho do mês de maio. Entre uma e outra mensagem que acabo recebendo ou sendo marcado no Facebook, uma chamou minha atenção. Dias antes, eu havia brincado com a Bianca e disse para ela que queria um desenho exclusivo, feito por ela, para mim. E ela fez. É a imagem que ilustra este texto. E é também o pontapé inicial para a nossa conversa.</div><p></p><p style="text-align: justify;">Na mensagem que ela me encaminhou pelo Facebook, junto a imagem, ela postou também o começo da música “Bola de Meia, Bola de gude” de Mílton Nascimento e Fernando Brant, que dizia: “<i>Há um menino, há um moleque morando sempre no meu coração. Toda vez que o adulto balança, Ele vem pra me dar a mão</i>.” Fiquei bem impactado com a mensagem, que para mim dizia bem mais do que texto e imagem transmitiam naquele primeiro instante. E isso me fez pensar muito nos dias seguintes.<span></span></p><a name='more'></a><p></p><p></p><div style="text-align: justify;">Quem é esse menino? Quem é esse moleque que vem me estender a mão toda vez que este adulto aqui balança em suas decisões, firmezas ou certezas? Alguns dias se passaram e enquanto a imagem e a mensagem fluíam no meu pensamento, o mês de junho entrou e no primeiro fim de semana veio a festa de Pentecostes.</div><p></p><p style="text-align: justify;">Eu estava em retiro de silêncio. E, nos muitos desertos que aquele momento me proporcionou, eu consegui fazer uma breve síntese da mensagem que a Bianca me passou. A primeira ideia que se fortaleceu nesta reflexão foi de que aquela publicação não foi por acaso. Acreditei e acredito que foi pela Providência. </p><p style="text-align: justify;">Era fim de semana da festa de Pentecostes, como disse, e dentre tantas representações que o Espírito Santo possui, aquela imagem da Bianca para mim passou a ser uma das mais significativas. O menino, o moleque que mora em meu coração é esse fogo santo que arde aqui dentro quando o assunto é juventude e quando é pastoral. É o fogo que renasce apesar de tantas vezes que eu desanimo ao ver situações de morte ligadas ao mundo da juventude ou no ataque às opções fundamentais da PJ. Ele reacende todas as vezes que eu acho que a brasa apagou e que não vale a pena insistir.</p><p style="text-align: justify;">Esse menino mora aqui dentro. Sua chama não deixa de acender. E quando a estrada está escura, ele é essa luz que alumia minha jornada e que sussurra tal como uma brisa que meu dever e minha alegria está em estender a mão. E continuar.</p><p style="text-align: justify;">Desde meados de 2017, quando essa reflexão ocorreu, eu vinha pensando em publicar algumas linhas sobre estes pensamentos, mas a ideia foi se esvaziando e se cobrindo com tantas obrigações que a vida vai nos jogando. Porém, na última semana, um fato novo ocorreu da forma mais singela e misteriosa possível. Meu caçula, no meio da preparação do almoço, sai da sala, entra na cozinha e diz: “O medo é a fraqueza da verdade”. Em seguida ele volta para sala, cheio de orgulho da frase que tinha proferido. Eu tinha ali a personificação da imagem que a Bianca havia me enviado três anos antes.</p><p style="text-align: justify;">O medo nos paralisa e nos impede de seguir adiante. Se ele nos impedir de fazer aquilo que nosso coração anseia e arde por realizar, nós estaremos vivendo uma mentira. Deixar que o medo paralise nossa ação é condenar nossa vida ao fracasso. </p><p style="text-align: justify;">Olhemos o exemplo dos apóstolos, lá no comecinho do livro dos Atos dos Apóstolos. Eles estavam todos trancados no Cenáculo, juntos com Maria mãe de Jesus, com medo dos judeus. Por mais que tivessem visto o Senhor ressuscitado, comido com Ele ou visto sua ascensão, era um povo ainda com medo. Esse medo os balançava. Iriam lá fora falar a verdade dos fatos, daquilo que viram, das profecias que se cumpriram ou não? Nessa hora, o menino que habitava o coração deles apareceu como em línguas de fogo e lhes estendeu a mão. E eles saíram e disseram a verdade que ardia dentro do peito, em todas as línguas e de todas as formas compreensíveis para quem os ouvissem.</p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="text-align: left;">Em nossa vida pastoral também carregamos esse moleque. Há tantas</span><span style="text-align: left;"> situações de morte na vida da juventude que precisamos da profecia da denúncia. Há tantas vidas carentes de atenção, carinho, força e cuidado que também precisamos da profecia do anúncio. Nossa espiritualidade se dá nas ações e no testemunho do cotidiano. O medo faz parte da vida e não há como negá-lo, O fogo que mora no nosso coração, na forma desse menino-moleque, no en</span><span style="text-align: left;">tanto, faz com que essa verdade possa se espalhar.</span></div><p></p><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px; text-align: left;"><div style="text-align: left;"><i><span style="font-family: verdana;">E me fala de coisas bonitas</span></i></div><div style="text-align: left;"><i><span style="font-family: verdana;">Que eu acredito</span></i></div><div style="text-align: left;"><i><span style="font-family: verdana;">Que não deixarão de existir</span></i></div><div style="text-align: left;"><i><span style="font-family: verdana;">Amizade, palavra, respeito</span></i></div><div style="text-align: left;"><i><span style="font-family: verdana;">Caráter, bondade, alegria e amor</span></i></div><div style="text-align: left;"><i><span style="font-family: verdana;">Pois não posso</span></i></div><div style="text-align: left;"><i><span style="font-family: verdana;">Não devo</span></i></div><div style="text-align: left;"><i><span style="font-family: verdana;">Não quero</span></i></div><div style="text-align: left;"><i><span style="font-family: verdana;">Viver como toda essa gente</span></i></div><div style="text-align: left;"><i><span style="font-family: verdana;">Insiste em viver</span></i></div><div style="text-align: left;"><i><span style="font-family: verdana;">E não posso aceitar sossegado</span></i></div><div style="text-align: left;"><i><span style="font-family: verdana;">Qualquer sacanagem ser coisa normal</span></i></div></blockquote>Rogério de Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/05206311881381624007noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8994675472344404784.post-26300839031908797782020-10-07T08:35:00.002-03:002020-10-07T15:26:49.932-03:00Algumas questões sobre identidade<p></p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvjZ-AVdLSMwfYd1gP4VMWUdYZ4yV6N2cVk0UYrO_PPQXFjXDHExtim96FuJe8gNsOYKYZJx4Gb4li9YBo7qGrmLVzx3SVxOhKPqhs20L51fqRKi5Q8JRjwHrfJ8S3ta-gBG4k-T0pLOJf/" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; text-align: justify;"><img alt="" data-original-height="600" data-original-width="960" height="125" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvjZ-AVdLSMwfYd1gP4VMWUdYZ4yV6N2cVk0UYrO_PPQXFjXDHExtim96FuJe8gNsOYKYZJx4Gb4li9YBo7qGrmLVzx3SVxOhKPqhs20L51fqRKi5Q8JRjwHrfJ8S3ta-gBG4k-T0pLOJf/w200-h125/image.png" width="200" /></a></div><div style="text-align: justify;">Lá estava eu novamente. Era um encontro da PJ. E não era um encontro corriqueiro. Era um grande encontro. Muita gente que lá estava, eu não conhecia. Lembro de quando estávamos todos do lado de fora, conversando, num momento de intervalo, aquela hora em que tem o cafezinho e a gente também usa como um bom momento de interação. Eu observava tudo atentamente. No momento seguinte, já dentro do salão, estávamos quase todos nós sentados nas cadeiras num formato semelhante a dois semicírculos, um mais próximo de quem falava e outro imediatamente atrás. Eu estava no fundo.</div><p></p><p style="text-align: justify;">Quem falava lá na frente era a Dai Zito. Muita gente na PJ conhece a Dai. Muita gente fora, também. Isto é um fato que não causa surpresa a ninguém. Ela fala e fala bem. No entanto, no meio da sua fala eu tomei um susto ao ser citado em um exemplo que ela deu. O que me surpreendeu não foi ser citado pela Dai, o que a princípio foi bem bacana, mas o teor da fala. Era um tanto legalista. <span></span></p><a name='more'></a><p></p><p style="text-align: justify;">Dizia ela algo mais ou menos assim: Se o Rogério mora na rua tal (e falou o nome da minha rua), sabemos que essa rua pertence a (diocese de) São Miguel. Agora, se o governo (e não sei de qual governo a Dai estaria falando) disser que a rua tal pertence à Região da Brasilândia, o Rogério passa a ser da Brasilândia também, independente de todo o histórico dele em São Miguel.</p><p style="text-align: justify;">Aqui cabe uma explicação. Quem conhece a geografia daqui de São Paulo vai saber que a diocese de São Miguel Paulista, onde estou, não é vizinha da Região Brasilândia, onde a Dai mora. Embora estejamos no mesmo município, cada um destes cantos fica num dos extremos, nas periferias desta cidade.</p><p style="text-align: justify;">Como eu disse, eu estava sentado no semicírculo de trás. Aquela fala da Dai ficou me causando pensamentos. Sei que o exemplo da fala dizia respeito a mim, mas não sei porque logo eu fui pensar no Thiesco. Ora, o Thiesco tem sua história pastoral ligada ao Pará, mas agora ele mora no Paraná. Esse pensamento se aplicaria a ele? Como eu devo me referir ao Thiesco? Thiesco do Pará ou Thiesco do Paraná?</p><p style="text-align: justify;">Na primeira fileira, logo a minha frente, estava sentado o Marcos Dantas, que também muita gente conhece. Eu o cutuquei e compartilhei com ele este apontamento. Ele prontamente me respondeu de forma bem simples e direta: “Você pode se referir ao Thiesco como o ex-secretário nacional da PJ”.</p><p style="text-align: justify;">Aquilo não me aquietou. Pelo contrário, ele me deixou com mais questões. Referir-se ao Thiesco como antigo secretário nacional da PJ diz respeito ao que ele foi, não ao que ele é. O que fizemos, claro, contribuiu para o que somos hoje, mas também é passado. Se eu sou conhecido somente pelo que fui, o que eu sou hoje?? Nesse momento senti uma pontada forte na barriga. E acordei.</p><p style="text-align: justify;">Sim, todo este relato foi um breve episódio num sonho maior, totalmente desconexo deste contexto e do qual eu não me lembro detalhes. Foi há alguns dias. E eu fiquei a pensar no que isto significaria. Pessoas normais sonham que estão voando, comendo, nadando, caindo, indo à praia, à montanha, à casa de amigos, livremente, sem máscaras. E eu aqui sonhando com questões existenciais.</p><p style="text-align: justify;">Partilhei este sonho com os três envolvidos. Fato estranho é que quem os conhece sabe que a Dai não é legalista, o Marcos está longe de ser simplista e o Thiesco não é de ficar incomodado com estes referenciais geográficos, em razão do tanto que já caminhou.</p><p style="text-align: justify;">Na conversa que tive com eles e ela, acabou sendo impossível não associar alguns aspectos deste sonho com questões diretamente ligadas à Pastoral. De tudo que conversamos e daquilo que venho pensando daquele dia para cá, dois pontos são mais fortes:</p><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px; text-align: left;"><p style="text-align: justify;"><b>1-<span style="white-space: pre;"> </span>O que as normas ou leis dizem de nós, falam do que realmente somos?</b></p></blockquote><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px; text-align: left;"><p style="text-align: justify;"><b>2-<span style="white-space: pre;"> </span>O que fizemos ou fomos no passado diz o que somos hoje?</b></p></blockquote><p style="text-align: justify;">Se eu fosse o Marcos Dantas do sonho (fique claro: o do sonho!), eu diria simplesmente NÃO para as duas perguntas. Mas vamos nos aprofundar um pouquinho mais. Voltando ao exemplo do sonho, se São Miguel Paulista passasse a fazer parte da Brasilândia (o que geograficamente não é viável), a lei não mudaria quem eu sou. Minha contribuição vem daquilo que vivi, fosse na diocese, na paróquia ou no Regional. O nome de onde estou é um fato que se soma à minha história. Mas eu posso e tenho toda a liberdade de assumir isso ou não. É uma escolha. Sempre foi. Adaptar-se a uma nova realidade pode ser questão de sobrevivência ou de resistência. Tudo depende dos valores identitários que estão em jogo.</p><p style="text-align: justify;">Sabemos que em termos pastorais, a força da lei, da nova (ou velha) norma diz por onde seguem as mudanças. Mas a lei não precisa mudar o que somos, como já falei. É uma escolha. Quando a direção, o governo, a orientação pastoral muda, isto significa que algo que podia antes, não pode mais (ou vice-versa), algo (ou alguém) fica ou sai, enquanto outras tantas coisas se transformam. A isto, os grupos de PJ podem e devem se adaptar até onde os valores que carregam em sua história permitirem. </p><p style="text-align: justify;">Por exemplo. É possível perfeitamente fazer uma atividade com este ou aquele grupo que não está alinhado à nossa prática pastoral. O que gera barreira é quando se tenta diretamente atacar, barrar ou mudar valores essenciais, como o protagonismos juvenil (agora são adultos que coordenam grupos de jovens), a formação integral (aqui não se trata mais de questões sociais) ou a ética pastoral pela apropriação e mudança do discurso narrativo.</p><p style="text-align: justify;">Aqui cabem mais algumas palavrinhas. Apropriar-se do nosso discurso e mudá-lo, suavizá-lo ou resumi-lo é eticamente inadmissível. E neste aspecto não cabe adaptação. Quando a mudança chega (e ela sempre chega) ignorando nossa história, nossos valores, não se pode simplesmente aceitar. Quando ouvirem discursos supostamente pastorais tentando minimizar, justificar ou ignorar fatos importantes como a vida da juventude em situação de risco, ou o silenciamento das vozes mais jovens, ou qualquer tipo de discriminação, geral ou específica, ou ainda enxergarem as estruturas pastorais e eclesiais como escadas para um status, tem coisa errada e é preciso resistir. A PJ não compactua com nada disso. Mesmo que legalizadas pela ordem vigente, não dizem a respeito de nós.</p><p style="text-align: justify;">Porém, e já fazendo a ligação com o ponto dois citado acima, isso não significa que toda mudança é ruim. Não mudar é deixar o tempo apodrecer aquilo que aparentemente parecia firme. A mudança, pois, é necessária para viver. Mas só se mantém relevante quem muda para ser fiel a princípios.</p><p style="text-align: justify;">Ou seja, ficar preso ao passado é a mesma coisa que condenar a si próprio como algo obsoleto, no máximo digno de apreciação histórica. Isto não significa que o passado não vale nada. Assumir este pensamento é um erro, como o de alguns sacerdotes que vi utilizando deste discurso para falar que o Método Ver Julgar Agir é uma peça de museu. Ou isto foi má fé ou ignorância porque o "Ver Julgar Agir" é um método extremamente utilizado na Igreja e em constante atualização, seja pelas ciências que ajudam a analisar a realidade, seja pelas reflexões do Magistério ou ainda pelas práticas adotadas para enfrentar cada problema específico.</p><p style="text-align: justify;">Ou seja, a gente não é simplesmente só aquilo que fomos no passado. Hoje eu não sou mais o Rogério que foi assessor da PJ do Regional Sul 1. Aquele foi um Rogério que viveu suas histórias e que ajudou a compor o Rogério do presente. O que fui não se apaga, não se subtrai, mas se acrescenta a tantas experiências. Da mesma forma é o Thiesco do sonho. Ele foi Secretário Nacional. Hoje ele está além de ser um ex-secretário. O que ele viveu naqueles três heróicos anos é parte do que ele é hoje.</p><p style="text-align: justify;">E isso também acontece com a PJ. Ela não pode ser vista e vivenciada como era há 10 anos. É outra hoje. A realidade, em especial por conta desta pandemia do Covid-19, faz com que novas experiências sejam avaliadas e criadas. O que se fazia no passado precisa passar pelo crivo do tempo que se renova. E junto com o tempo, a juventude também se modifica. Valores ficam, a realidade muda.</p><p style="text-align: justify;">A gente não pode se prender à letra do passado, mas sim aos valores essenciais que nos fizeram escolher aquilo que somos e aquilo que defendemos. Isso faz com que a PJ seja a mesma em diversos cantos do país e seja múltipla no sentido de suas culturas regionais, práticas pastorais e em sua própria história, sendo sempre uma só força, um só pensamento e um só coração. E que Deus seja louvado por isso.</p><p></p>Rogério de Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/05206311881381624007noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8994675472344404784.post-20035530481800001322020-09-08T18:02:00.004-03:002020-09-08T18:02:58.201-03:00Sobre o Terço na minha história<p style="text-align: left;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-pMasEbrshAY_PJW83-tiTAYcFHDBF5PBlrH3tFEKmy7HXgl7fGlU6h4a6ZgPDoiUDkdYcDodXqhig2WZUkI19ZtofWe8-BwFgOE5eC5YUR8AECb8mwSYIJET8uKb99izmTzGka3jxb59/s608/ter%25C3%25A7o.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="608" data-original-width="608" height="164" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-pMasEbrshAY_PJW83-tiTAYcFHDBF5PBlrH3tFEKmy7HXgl7fGlU6h4a6ZgPDoiUDkdYcDodXqhig2WZUkI19ZtofWe8-BwFgOE5eC5YUR8AECb8mwSYIJET8uKb99izmTzGka3jxb59/w164-h164/ter%25C3%25A7o.jpg" width="164" /></a></div><br />O ano era 1983. A crise no setor da construção civil cresceu e colegas que trabalhavam com meu pai eram demitidos. Não demorou muito e no começo do ano seguinte foi a vez do meu velho. Foram meses difíceis para meus pais. Em dezembro daquele ano, eles resolveram alugar a casa em São Paulo e nos mudarmos para o interior, onde tínhamos um sítio.<p></p><p>Quem lê isso agora, pode pensar que era um sítio charmoso, daqueles de veraneio. Não era não. Era natureza pura. Mata virgem na maior parte. Uma e outra bananeira. Era no Vale do Ribeira em São Paulo, região com estas características. E a gente foi ser isso. Plantador de bananas.</p><p>O sítio não tinha energia elétrica. Eu tinha 11, 12 anos. Estudava na vilazinha ao lado da rodovia e aos finais de semana e feriados subia os seis quilômetros de serra a pé para ir ajudar nas plantações. E no sítio, toda noite a rotina era a mesma. Depois do banho, a janta. Depois da janta, o terço. Depois do terço, o radinho de pilha sintonizando alguma estação AM que tocasse música caipira. Tudo sob a luz de um lampião de gás. E antes das 21h00 estávamos todos deitados.</p><span><a name='more'></a></span><p>Fiz toda essa introdução para contextualizar quando a oração do terço entrou na minha vida. A cabeça de um garoto de 11, 12 anos, poderia ter facilmente a visão de que era uma oração repetitiva. E era mesmo. Seis pai nossos, cinquenta e três ave marias, seis glórias ao pai, uma salve rainha, além da ladainha de nossa senhora que minha mãe sempre conduzia. De fato, era repetitivo. Era muita oração. Às vezes era cansativo. Mas fui percebendo que era um jeito simples de estarmos juntos e falarmos da vida e estarmos com Deus.</p><p>Quis a vida que voltássemos para São Paulo no meio do ano de 1986. Voltei para minha comunidade de origem. A capela de Nossa Senhora de Fátima eram dois cômodos somente, pequenina, pouca gente, num bairro em que crescia a população e a própria importância.</p><p>Em 1987 minha mãe se tornou catequista. Meu pai começou a tocar a reforma e ampliação da capela. E em toda semana a comunidade se reunia uma noite para rezar o terço. E assim, essa prática voltou para minha vida, mas agora num sentido mais ampliado. Era uma comunidade que se reunia, rezava por suas intenções, falava da vida, refletia o evangelho, identificava-se com a figura materna de Nossa Senhora e se fortalecia para as lutas diárias do cotidiano.</p><p>Maria, mãe de Jesus nunca foi uma figura distante na minha vida. Era, como disse, uma mãe, não só do jovem de Nazaré, mas de quem a assim considerasse. Era uma mulher concreta que viveu a dificuldade da vida, entendendo como esta funcionava e que assumiu em seu dia a dia o projeto de Deus. Alguém que entenderia nossos lamentos e em quem podíamos confiar.</p><p>Meditar cada mistério do terço era, para mim, um resgate da minha curta experiência de vida e que com o tempo foi se atualizando com o fazer a memória do texto bíblico e entendê-lo no nosso dia-a-dia. Rezávamos nos grupos de rua, com a juventude, nas novenas, com os salesianos. Além das passagens, meditávamos a nossa vida.</p><p>A repetição pode ser vista como algo cansativo, mas ela também é vista como uma forma de conexão com o que há de sagrado na vida e em cada pessoa. Assim é no catolicismo, com todo contexto dito acima, como também em outras tantas religiões, cada uma com sua particularidade.</p><p>Nestes tempos de pandemia, enquanto escrevo este texto, o terço voltou mais forte em minha vida por causa das tantas pessoas que pedem orações. Um amigo da nossa família foi parar na UTI por causa do COVID-19. A comunidade de origem dele passou a rezar toda semana por intenção de sua recuperação e de tantas outras pessoas que passam por esta situação. Como não podemos nos encontrar, rezamos numa sala virtual, destas usadas em reuniões online. </p><p>Mais do que o aspecto racional da atualização dos mistérios rezados em cada terço, há o elemento do sentir-se comunidade que a religiosidade popular carrega. Meditar em cada mistério, em cada Pai Nosso, em cada Ave Maria pelas tantas intenções que as pessoas carregam é um ato de fé. É confiar a cura, a recuperação, a saúde, a vida de tantas pessoas que queremos bem e de outras tantas que nem conhecemos aos cuidados de Deus, com a intercessão de Maria.</p><p>E este convite é necessário. Se você não pode rezar com sua comunidade, sinta-se unido, unida a tanta gente que no sofá da sala, na cadeira da cozinha, num cantinho da cama no quarto pede a Deus a saúde, a recuperação e, por vezes, o que nos parece impossível.</p><div><br /></div>Rogério de Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/05206311881381624007noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8994675472344404784.post-2959703376756849992020-08-06T23:15:00.002-03:002020-08-07T11:35:01.881-03:00Não é coincidência<div><div style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5WoG4PCii5VK2ZBWHZLZJMh3mQZxh_Bnj_tMqqnN7Ooj6lDMRmLRfLD_h_ekNpgueDvxlZO97OUv7wyJYlj-ZcKn8OdbSVLrPE3MQ_FiSJmD6NR6S9w_XGxVnLMR1QXhMHsxWgiDv3nfh/s1280/ponte.jpg" style="clear: left; display: block; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; padding: 1em 0px; text-align: justify;"><img border="0" data-original-height="853" data-original-width="1280" height="132" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5WoG4PCii5VK2ZBWHZLZJMh3mQZxh_Bnj_tMqqnN7Ooj6lDMRmLRfLD_h_ekNpgueDvxlZO97OUv7wyJYlj-ZcKn8OdbSVLrPE3MQ_FiSJmD6NR6S9w_XGxVnLMR1QXhMHsxWgiDv3nfh/w200-h132/ponte.jpg" width="200" /></a></div><div style="text-align: justify;">Ele vinha caminhando pela avenida. Na sua cabeça vinham todas as obrigações que precisava fazer do outro lado da cidade. Máscara no rosto, álcool gel no bolso. Há dias não saia de casa para nada. Pelo menos ele poderia sentir a brisa matinal quando passasse pela ponte sobre o rio.</div></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Quase ninguém na rua. Sua surpresa, no entanto, foi perceber que naquele vazio de pessoas havia uma figura solitária na calçada, parada em pé ao lado da mureta lateral da ponte bem no meio do caminho. Ela estava concentrada, olhos fixos no horizonte. Ele pode perceber isso, pois, a cada passo que dava, aquela pessoa se mantinha imobilizada.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A distância e a idade não permitiram que ele reconhecesse logo a pessoa. Mas a medida que se aproximava, não lhe restaram dúvidas. Era a “menina” Érica, dos seus tempos em que ele era assessor e ela do grupo de jovens. Vez ou outra eles se falavam por mensagens no celular. A graça de tudo é que ainda se referiam um ao outro como “menino” e “menina”, embora ela estivesse na casa dos 30 e ele na dos 40.</div><span><a name='more'></a></span><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Ele enfiou a mão no bolso e puxou um cartãozinho desses de apresentação. Havia um textinho escrito nele e uma imagem infantil de um tatu. Ele se aproximou de Érica lentamente. No entanto, mesmo que ele tivesse vindo com algum estardalhaço, ela continuaria ali, imóvel em seus pensamentos.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- Menina, tome aqui. Este é o Tatu do bem. Não importa se seu dia de ontem não rendeu. Hoje é um novo dia cheio de oportunidades.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Esse era o textinho escrito ao lado do tatu infantil. Ele permaneceu poucos segundos parado com o braço levemente esticado até que Érica percebesse que a “menina” era ela e que ele era seu antigo assessor. “Não te vi chegado, menino”, foi o que ela pode lhe dizer antes de olhar com mais atenção ao cartãozinho que ele lhe ofertara. Ela parou, leu, respirou. Olhou atentamente para ele e disse:</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- Você agora lê pensamentos?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- “Comecei um curso a distância, mas não concluí”, disse ele rindo e completando. A internet em casa é horrível. Mas, falando sério agora, em nossa última conversa você falava sobre desânimo e ao te ver hoje aqui, parada, foi muita coincidência eu ter esses cartõezinhos aqui no bolso.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- Obrigada. Eu precisava disso. Vem tudo dando errado comigo ultimamente, você sabe. Hoje eu acordei bem mal. Então eu resolvi vir aqui.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Ao perceber o movimento dela em direção ao muro da ponte, contrariando todas as recomendações médicas, científicas e televisivas, ele tocou no ombro dela, fazendo com que ela retornasse e novamente mantivessem a conversa cara a cara. Então a abraçou.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- O que te aconteceu desde a nossa última conversa, menina?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- Eu não estou dando conta da minha vida, menino. Na terapia ontem fiquei esgotada. Não está dando certo. Acho que deveria ser feliz e não sou. Estou acomodada. O emprego, a família, a vida social totalmente reduzida. Nada. Não consigo nem sonhar. Estou sobrevivendo. Não sei o que querer da vida. E os dias vão passando assim, sem reação, sem alegria, sem emoção.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Ele não piscava. Olhava fixamente para ela, enquanto seguravam as mãos.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- Eu acho que preciso reagir. Não. Eu sei que preciso. Busco isso em várias coisas. Mas eu não sei como fazer. E no fundo, acho que alguém vai me salvar disso.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- Você acha ou você quer?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- Na verdade queria mesmo. Mas porque descobri que eu sou dependente emocional de algumas pessoas. Depois que terminamos o namoro, eu sofri muito. E saber que em menos de um ano ele se casou com outra pessoa, dói. Mas sei que preciso crescer. E pra isso preciso tomar minhas decisões sozinha. Mas isso machuca muito.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- Claro que dói. E claro que vai te deixar marcas. E não tem jeito. Passar pelo que você passou e tem passado é obstáculo que não é para poucos. E sei que para vencer tudo isso que disse é preciso se amar, se gostar e se dar bom consigo mesma. E, olha, isso não é autoajuda.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- Eu sei que não. Mas como é difícil.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Ele soltou as mãos, fez um gesto pedindo para ela esperar. Enfiou a mão em outro bolso, sacou o celular e procurava avidamente alguma mensagem.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- Olha aqui. Essa aqui uma amiga do sul me mandou.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">E o texto dizia assim:</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px; text-align: left;"><div style="text-align: justify;">"<i>Meu maior medo?</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Acordar e perceber que não me apaixonei por nada nos últimos dias.</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Nem por algo que fiz,</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Nem por um sorriso </i></div><div style="text-align: justify;"><i>Por uma música que ouvi, </i></div><div style="text-align: justify;"><i>Pelo prazer de voltar pra casa,</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Por uma boa conversa,</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Pelo silêncio,</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Ou pela liberdade de poder ser eu mesma.</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Morro de medo de não me apaixonar diariamente e perder a graça em me sentir viva</i>"</div></blockquote><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Ele guardou o celular e um brilho iluminava o seu sorriso. Ela ainda permanecia séria enquanto ele dizia:</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- Volte a pintar. Faça de novo aqueles artesanatos maneiros que você fazia antigamente. Ou melhor ainda, volte a escrever. Você tem um ótimo olhar da realidade. Fale de você, do que está vivendo, dos seus medos e fantasmas. Quando a gente diz o nome deles, dos fantasmas, eles perdem a força e param de nos amedrontar. Já falei disso com você. Use todo o seu perfeccionismo na escrita.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- Aí é o problema. Eu travo porque sinto que não sou boa.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- Mas você é. Muito. E você não precisa se sentir incompleta ou dependente. Pode se sentir assim às vezes. Pode até parecer que isso é verdade, mas não é. Não o tempo todo e nem a maior parte do tempo.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- Não sei se tenho jeito.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- Uma outra amiga me disse que ninguém além de nós mesmos podemos nos salvar! Mergulhar lá no fundo e nos salvar! Ela disse algo mais ou menos assim: “A gente não foi ensinada a se amar, a se salvar, a montar o cavalo matar nós mesmas os dragões. A gente é ensinada a ser Cinderela, Ariel, Branca de neve e não a Mulher Maravilha, Mérida, Elsa ou mesmo a Malévola. Somos criadas para esperar, servir e cuidar”.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- Eu realmente fiquei bem sentida com o término do namoro. Só não esperava que fosse tanto assim.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- Esse amor que a gente sente por um namorado, namorada, marido ou esposa é importante, mas não se pode esquecer das demais dimensões. Claro que é bom amar, ser amado, todas essas trocas, mas isso não significa que não podemos amar também os amigos, familiares. Não precisa ter hierarquia Porque aí quando acaba essa dimensão, nossa!! O mundo parece que acaba junto.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Agora é ela quem para e olha fixamente nos olhos dele e repete, partindo dela a iniciativa e quebrando novamente o protocolo, o gesto não recomendado de se abraçarem fortemente. E durante o abraço, ele diz:</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- Acredite. Você é competente, dedicada, cuidadosa, amorosa, detalhista e ética. Isso só no aspecto das suas relações. Se fosse falar do aspecto pessoal ainda teriam outros tantos adjetivos. Além de tudo isso, você é do bem!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- Obrigada por perceber tantas coisas em mim. Gratidão Por me ouvir e me ajudar.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- Esse trabalho é fácil. É só jogar um pouco de luz onde está sombrio e ver todas as belezas que você tem, que você é e que você faz. Mas não fica parada aí não. Eu estou indo para lá resolver umas coisinhas. Quer ir comigo?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Seguiram juntos, rindo e talvez falando das memórias do passado, talvez falando de sonhos para o futuro, mas com o coração leve no presente.</div>Rogério de Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/05206311881381624007noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8994675472344404784.post-60412804464445054072019-08-08T17:32:00.000-03:002019-08-08T17:32:43.151-03:00Carlão<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhO0Roq_1LBG93Am8ammPH0OUuI5GT0OX4zDfmpAQwibCIRH1l4tWDIMPieZqIGYhvmGl1Sl8dzj7GiWSsBlNP7-tEOECS7PtrNrG3JBGurIz7VDpALmvOM_E0qdc5Rm3AXt_4fSqGDs4vc/s1600/carlao.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="199" data-original-width="128" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhO0Roq_1LBG93Am8ammPH0OUuI5GT0OX4zDfmpAQwibCIRH1l4tWDIMPieZqIGYhvmGl1Sl8dzj7GiWSsBlNP7-tEOECS7PtrNrG3JBGurIz7VDpALmvOM_E0qdc5Rm3AXt_4fSqGDs4vc/s200/carlao.jpg" width="128" /></a></div>
<span style="text-align: justify;">Todo mundo tem (ou deveria ter) alguém que inspira admiração, motiva a sonhar grande, está junto para trocar uma ideia ou para botar o dedo na sua cara e dizer que o que você está fazendo não vai dar certo. E, mais do que isso, gargalha de alegria sincera quando uma vitória é alcançada.</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há pessoas assim na família, nos amigos chegados, nos companheiros de escola ou na turma da pastoral. Dessas pessoas que me inspiram eu gostaria de dar um destaque para o Carlão. Eu não posso mais chamá-lo para comermos e bebermos juntos. No último dia 8 de janeiro ele partiu em sua jornada definitiva. Foi-se e eu nem pude dar um tchau. Mas ele sempre foi assim, movido a rompantes de novidades. Por que desta vez seria diferente?</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<a name='more'></a><br /><br />
<div style="text-align: justify;">
O destaque que dou aqui a ele não significa que ele seja mais do que os outros. Não que ele tivesse menos defeitos. Não porque ele carregasse mais certezas. Não. Nada disso. Pelo contrário. Ele trazia consigo uma série de defeitos. Discordávamos em alguns pontos. E ele tinha várias questões e dúvidas. Quero destacá-lo porque ele sempre foi para mim um sujeito empolgado. E, acima de tudo, ele vivenciava uma profunda mística.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Suas dúvidas não o derrubavam. Elas o alimentavam e o instigavam a prosseguir. Ele era do tipo de gente que vive tão fortemente as suas convicções que acabam passando a semear um entusiasmo contagiante. Carlão era assim. Quando o velho estava empolgado, parecia ter tanta esperança que qualquer vitória era certa. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando a crise apertava, a gente ia visitá-lo, depois de um ou dezenas de esculachos ele também mostrava o lado carinhoso, receptivo e sonhador. A escuridão sempre existiu e sempre estará, vez ou outra, na nossa vida. Ele não tinha dúvida disso. Mas, teimosamente, insistia em acender um fósforo, assoprar o carvão em brasas, deixar tocando aquela canção necessária como fundo musical e anunciar a aurora.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aquele vozeirão grosso e a oratória perfeita já eram sinais de gente em que se deveria prestar atenção. Mas o Carlão era um sujeito místico. E isso era presente no seu testemunho. Ele não só falava como viver a intimidade com Deus. Ele se esforçava no dia a dia a semear o Reino. Não era um simples guerreiro. Era, para nós, um "profeta do fogo". E, para ele, um combatente. Era pensamento, ação e emoção. Uma só força, um só pensamento, um só coração, como dizemos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Carlão foi um grande incentivador das propostas formativas da Pastoral da Juventude. Ele sempre viu na gente um potencial claro, mesmo que a gente mesmo não enxergasse. Ele fazia questão de estar presente, fosse para falar, fosse para nos ouvir (e logo depois falar). A gente sempre o queria por perto para animar as falas sobre a proposta do Reino de Deus. Isso sempre nos fazia acreditar mais na beleza e no potencial das sementes que iríamos lançar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Num de seus últimos textos, ele veio falar sobre a mística. Eu fui reler estes dias e fiquei pensando bastante a respeito.Ele falava de algo que é tão abstrato e incorpóreo, mas enquanto eu lia, eu reconhecia sua voz nos escritos. Meus ouvidos, tão acostumados a serem questionados pela sua fala, desta vez não eram necessários. Era vivo aquilo que eu lia. Eu poderia fechar os olhos e rememorar aquelas frases com o timbre, a vibração e a paixão que animavam a sua militância. Não era um texto vazio ou corriqueiro. Eu lia Carlos Strabeli.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dizia o texto do Carlão: “<i>A mística é o otimismo e a gana que nascem da nossa indignação contra as injustiças e da possibilidade real de construir, desde já, uma nova sociedade. É uma injeção de ânimo que tem base concreta e que dá garra e ousadia para vencer o pessimismo e comprometer os excluídos no processo de libertação do povo. O militante faz isso por convicção, porque crê na vida e na fraternidade que se pode construir em cada momento</i>”.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Amém, Carlão, profeta do fogo!! Agora, mais do que antes, é hora de "<i>incendiar a face da terra</i>".</div>
Rogério de Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/05206311881381624007noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8994675472344404784.post-81612005450961441212018-03-08T19:16:00.001-03:002018-03-08T19:16:51.653-03:00Sei que sou machista<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_PZtHfuo3h3iava8RMHEhiag5yya2lDh1h-TO_qbK_zPJOBSvPwN68O9SzNG8hIyd6SbOLZ7TXNLcJ3VvpL4H0uKco6wJAwnfsfkY9Ehjjvyu8aFuc2EIp8kqdz8UqAuHFUzLMr19sC6M/s1600/machismo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="289" data-original-width="300" height="307" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_PZtHfuo3h3iava8RMHEhiag5yya2lDh1h-TO_qbK_zPJOBSvPwN68O9SzNG8hIyd6SbOLZ7TXNLcJ3VvpL4H0uKco6wJAwnfsfkY9Ehjjvyu8aFuc2EIp8kqdz8UqAuHFUzLMr19sC6M/s320/machismo.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Sou machista. Digo isso sem nem um pingo de orgulho e sem a expectativa de aplausos ou vaias. É a constatação de um fato. Sou e sei que não deveria sê-lo. Sou, mesmo sabendo que este machismo que habita em mim hoje é menor do que já foi um dia e carrego a esperança de que ele seja hoje maior do que nos dias que se aproximam.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nasci e cresci do mesmo jeito que muitos de nós: sabendo que as havia coisas de homem e coisas de mulher. Uma dessas coisas de mulher era cuidar dos filhos, servir à família, zelar pelo lar e obedecer ao chefe da casa. Tristes eram aquelas que não geraram filhos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu sou homem e crescer neste ambiente me pareceu ser bom. Isto implicava que eu deveria cumprir meu roteiro. Ser forte, ter iniciativa, prover o lar, não demonstrar sentimento ou fragilidade, não falhar, vencer sempre.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<a name='more'></a><br /><br />
<div style="text-align: justify;">
A nós, homens, era feita a cobrança de uma vida sexual precoce. Contraditoriamente, às mulheres era feita a cobrança inversa. Nem é tão contraditório assim, se nós pararmos para pensar que existiam categorias de mulheres diferentes: as que eram para casar (as puras, imaculadas, belas, recatadas e do lar) e as que não eram (eram da vida, mal faladas, rodadas, para ficar num vocabulário mais aceito).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Éramos criados para a caça. Mulher que desse algum tipo de facilidade deveria ser presa abatida. No imaginário criado, nós homens somos predadores por natureza. Roupas curtas, maquiagem mais chamativa, sozinha numa noite de diversão eram indicativos de que havia abertura para a abordagem.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sim, alguns de nós extrapolavam os limites. Ficavam vigiando as ruas escuras à procura de mulheres sozinhas para abordagens mais intensas. Afinal, o que elas imaginavam que iria acontecer ao voltarem, irresponsavelmente, de seus trabalhos e estudos do anoitecer até o início da madrugada sem a devida companhia e proteção de um homem?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na prática, mulher tinha dono. Era o pai e depois o marido. Quem fugisse desse perfil era mal vista e mal falada. Se alcançava o sucesso, era porque concedeu favores aos poderosos. Se era líder, era mulher macho, totalmente identificada com o perfil que um homem deveria ter.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aliás, nunca senti a desvalorização no trabalho por ser homem. Opiniões eram ouvidas, promoções eram mais frequentes. Não me causava espanto que nós homens ganhássemos mais. As altas gestões eram masculinas. Até na Pastoral. Mérito nosso. Mulheres chefes tinham que ter postura. Como os homens.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O que isso tem a ver com pastoral? Tudo!! Estamos falando de gente! Muitas gerações de mulheres sofreram e sofrem na luta pela igualdade de direitos. E o que nós pastoralistas homens fazemos? Quando muito, um textão no facebook. Falamos que estamos juntos, mas, no fundo, carregamos esta herança machista de nossa criação.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
De verdade, quantas vezes, conscientes ou não, cortamos a palavra da mulherada porque nós queremos opinar? Quantas vezes, nós as classificamos como loucas por quererem marcar posição ou porque falam tão alto como nós? E a tal da TPM que vira desculpa para diminuir o valor da indignação destes mesmos posicionamentos?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Outro exemplo? A menina é comprometida com a causa. É uma referência para muita gente. Daí ela passa a namorar um jovem líder e a referência muda. Já vi muitos casos assim. Ela não é mais a fulana, coordenadora, liderança, assessora, mulher comprometida. Ela vira namorada do beltrano.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E por falar em namoros... Vários, vários rapazes têm esse discurso mais libertário da porta para fora, mas a namorada dele não pode sair sozinha, tem a obrigação de fazer isso e aquilo pra ele. <b>Obrigação</b>. Isso mesmo. E eles têm a complacência do grupo quando saem e ficam com outras garotas. Fiquemos só nesse último caso. Sabemos bem o que aconteceria se a situação fosse invertida. Se fossem elas que ficassem com outros caras quando saíssem.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Alguns, como eu, são casados e têm filhos. A responsabilidade da casa é de todos. O cuidado com os filhos é dever dos dois. Renata me disse uma vez, e isso ficou marcado em mim, que cuidado materno é lição aprendida pela mulher. Cuidado paterno precisa ser aprendido também por nós. E a Débora agradeceu! Hoje, eu também.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Meus caros amigos homens, o machismo dói, destrói relações e cria subcategorias de seres humanos. Humanamente isso é inaceitável e pastoralmente deveria ser inimaginável. Mas não é. Fomos criados assim, mas não é necessário que continuemos assim.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Este novo olhar sobre o papel do homem não é obrigação das mulheres, nem são elas que devem nos explicar o que é ou não o machismo e o quanto isso dói nas pessoas, principalmente nelas. Nossa ignorância no assunto não pode ser justificativa para adiarmos a nossa própria reconstrução como homens. É necessário que aprendamos a sermos homens diferentes daqueles propagados por nossa cultura. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A luta pelo respeito à vida e à dignidade das mulheres é nossa também. O protagonismo é delas, mas a luta precisa ser compartilhada. A dura realidade enfrentada por elas é muitas vezes piorada por nós quando nos calamos diante do assédio, da intolerância e de todo tipo de agressões. Que nossas vozes possam se unir às vozes delas. Sejamos testemunhas coerentes daquilo que acreditamos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Rogério de Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/05206311881381624007noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8994675472344404784.post-58974871769358850272018-02-17T22:09:00.001-02:002018-02-17T22:16:29.823-02:00De onde veio a Juventude?<div class="" style="clear: both; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCM-LL1rcTvC_RE3xhhXclWaKjM7eDM6MH384JGpeYvZA5Iw0WgF7mqdZ0rprpwhl3Cysd6eFKpKdbvHacYiFu5pLtEpyXn-9HYVwu-jkT1OXM883wlv8RtHNy2Owaqtodrcz3A4F-v5Rq/s1600/Hebe.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="430" data-original-width="540" height="159" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCM-LL1rcTvC_RE3xhhXclWaKjM7eDM6MH384JGpeYvZA5Iw0WgF7mqdZ0rprpwhl3Cysd6eFKpKdbvHacYiFu5pLtEpyXn-9HYVwu-jkT1OXM883wlv8RtHNy2Owaqtodrcz3A4F-v5Rq/s200/Hebe.jpg" width="200" /></a>Gosto muito de etimologia. Saber de onde as palavras vieram, como se estruturaram, qual era o seu sentido original e como ele foi mudando através do tempo. Entender isto pode ajudar a modificar alguns conceitos e preconceitos.</div>
<div class="" style="clear: both; text-align: justify;">
Por esta razão fui atrás da palavra Juventude. Para nós da PJ é algo que vai além da mera curiosidade. Quando falamos do próprio nome, saber o seu significado e os sentidos que lhe foram atribuídos é falar de nós mesmos, da nossa origem e de quem somos e de quem podemos ser.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
<a name='more'></a><br /><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Juventude vem do Latim Juventus (ou também Juventa). Segundo um dos relatos da mitologia romana, Juventa era uma ninfa a quem o poderoso Júpiter (o Zeus dos romanos) acabou por transformar numa fonte, cuja água milagrosa restituiria a juventude a quem dela usasse. Lembra a história da fonte da juventude? Este é um dos relatos de sua origem.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Machado de Assis fala de tais águas no livro “<i>Memórias Póstumas de Brás Cubas</i>”, quando se refere a tal fonte e às águas que brotam dela e seus efeitos de devolver a vida aos corpos falecidos.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<blockquote class="tr_bq" style="clear: both; text-align: justify;">
“<i>Recuou o sol, sacudi todas as misérias, e este punhado de pó, que a morte ia espalhar na eternidade do nada, pôde mais do que o tempo, que é o ministro da morte. Nenhuma água de Juventa igualaria ali a simples saudade</i>”.</blockquote>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Quando olhamos a mitologia grega também encontramos uma divindade relacionada à Juventude: era a Deusa Hebe. Ela era filha de Hera e Zeus. Hebe é a Deusa das noivas jovens e fora oferecida pela sua mãe a Herácles (“equivalente” ao Hércules romano) em casamento, depois que ele superou os obstáculos que Hera colocou em seu caminho. Do nome Hebe vem a palavra hebiatra, que é o médico especialista no tratamento de adolescentes.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
O mito conta que Hebe portava as taças das bebidas no Olimpo, transportando-a durante os banquetes dos Deuses, enchendo as suas taças quando estas se esvaziavam. No entanto, certo dia, ela entornou acidentalmente um pouco de ambrósia sobre um Deus e foi imediatamente removida do cargo.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Há um paralelo entre as duas deusas da juventude. Por alimentar os Deuses, Hebe poderia ser considerada também como a Deusa da Imortalidade, pois com estes alimentos eles não envelheciam. Neste sentido, é de se acreditar que os mortais também a ela recorriam para poderem manter uma aparência jovem.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Um último detalhe sobre a história de Hebe é que seu culto e sua lembrança normalmente estava associado a outra divindade. Com Afrodite sua associação era a beleza, juventude, paixão. Em relação a sua mãe Hera, o cuidado com os filhos. E também sua associação conjugal com Herácles.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Interessante analisar estas duas imagens de Juventa e Hebe. Elas não falavam diretamente à figura do jovem, mas a um ideal de juventude. Juventa se “tornou” uma fonte que restituía as forças vitais a quem bebesse de suas águas. Ou seja, não falava aos jovens, mas a quem estava velho, cansado ou debilitado.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Hebe, embora fosse uma deusa, era uma serviçal dos demais deuses. Segunda categoria, poderíamos dizer. Cometeu um deslize e foi substituída. Da mesma forma que Juventa, Hebe também tinha como representação mítica ser aquela que mantinha a jovialidade dos demais deuses e seu culto mantinha esta mesma relação.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Por fim, resgatemos aquele último detalhe de Hebe, pois este a torna mais interessante. Ela não era tão popular individualmente. Era sempre lembrada em referência a outra divindade. É aquela que é Deusa, mas não é uma Afrodite, uma Hera e nem um Herácles.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Penso o quanto estas intuições originais ainda estão presentes hoje em dia e o quanto é importante ressignificá-las. Percebam a necessidade de se entender que a juventude é mais do que uma representação simbólica de força e vigor, ou uma categoria de segunda classe, serviçal, substituível, mantenedora de um status quo que não muda nunca.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
E, pior, dificilmente é considerada como uma categoria, mas sempre estar em referência a outras: jovem é aquele que não é mais criança, aquela que ainda não é adulta, quem que não está pronto, que está em transição. Ser jovem é ser mais do que isto tudo. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Por isso são necessários novos conceitos! Olhar a etimologia nos dá a origem da palavra, seu passado e um pouco de sua história. É importantíssimo compreender isso. Mas o futuro ainda está em construção. E ainda bem que a linguagem é algo extremamente dinâmico.</div>
Rogério de Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/05206311881381624007noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8994675472344404784.post-22498332790297773312018-02-11T23:10:00.003-02:002018-02-11T23:10:43.047-02:00Por uma PJ mais utópica<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiz3pywd3tcTuF0216GbltkCHRuN52M4MNjNi2_U2GjtdhFHMOAtfMMAzIJuyopZ5kiu9JUFs1YhGZ9Rbqzfpti0dod73ZmeilqjCAGrOgj7FfStyaids6i3JvO3BzQezy6CVhCdsOLOEA1/s1600/utopia.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="156" data-original-width="324" height="96" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiz3pywd3tcTuF0216GbltkCHRuN52M4MNjNi2_U2GjtdhFHMOAtfMMAzIJuyopZ5kiu9JUFs1YhGZ9Rbqzfpti0dod73ZmeilqjCAGrOgj7FfStyaids6i3JvO3BzQezy6CVhCdsOLOEA1/s200/utopia.jpg" width="200" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Há palavras e termos que utilizamos constantemente no meio pastoral. Civilização do amor, espiritualidade libertadora, projeto de vida, planejamento, processo, solidariedade, utopia entre tantas outras. O uso constante de um termo ou expressão, com o tempo, permite que aumente o risco de virar um chavão sem o peso do sentido original que lhe foi dado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Veja “Utopia”. Por que usamos esta palavra? Por que ela nos é cara e importante? Entre tantas utopias e distopias, para onde escolhemos caminhar? E você? Tem ideia do que afirma quando fala em utopia ou horizonte utópico?</div>
<br />
<a name='more'></a><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Palavras como esta tem o risco de serem reinterpretadas. Por isso é importante sempre saber o sentido original que lhe foi atribuído e porque a PJ adotou um e não outro significado. Olhemos inicialmente a palavra. U-TOPIA. A letra “u”, entra como prefixo de negação, e “topia” vem de “topos”, lugar. Ou seja, um “<i>não lugar</i>”. Lugar que não existe.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um primeiro olhar para isto significa que o que se propõe seria algo irrealizável, pois não está presente em “<i>nenhum lugar</i>”. Pessimismo, portanto. Não há o que se realizar, pois nunca chegaríamos na tal “<i>utopia</i>”. Não adiantaria esforço, luta, ou crença em sua realização. Este “<i>não lugar</i>” não é aqui, não existe aqui e jamais se concretizará de forma definitiva.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É uma maneira de se enxergar. Triste para alguns. Cruel demais para outros. Realista para muitos que compartilham deste mesmo olhar. Conheço muita gente que comunga dessa ideia. Gente de dentro e de fora da Igreja. Pessoas que olham para a história e dizem que ela acabou. Que não há mais saída e que o que temos é o que teremos. Pensar assim cria um imobilismo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pensar pastoralmente, no entanto, não nos permite estarmos imóveis. Não nos é permitido ver a vida passar e ser levado por ela. Não. Não é essa a visão que cultivamos, repartimos e alimentamos. Utopia para nós não é uma sentença definitiva. Não é um lugar “<i>que não existe</i>”, mas um lugar “<i>que <b>ainda </b>não existe</i>”. Isto faz toda diferença.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aí entra o tal do horizonte utópico. Caminhe em direção ao horizonte e você nunca o alcançará, já dizia Eduardo Galeano. Mas esta busca faz com que você caminhe, que não fique parado, imóvel. Esta busca vem carregada do “<i>esperançar</i>”. Cremos que as utopias fazem parte de nosso jeito de sermos humanos. Olhar com esperança para o futuro é acreditar num lugar “que ainda não existe”, mas pelo qual temos um gosto de ver acontecer e por isso nos esforçamos já. E enquanto fazemos isso, vemos pequenos relances deste futuro aqui entre nós.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nós nos preparamos para a festa, já fazendo festa, mesmo que todo o cenário não indique chance de mudança. O povo do esperançar, não espera a mudança, a faz. Caminha festejando na construção desta transformação. Povo que acredita na utopia, busca uma realidade para além dos sinais contrários que vive. Está na nossa identidade cristã. Está em nossa própria condição humana.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando digo que o povo que acredita na utopia como um lugar que “ainda não existe”, mas que busca viver como tal, eu me lembro com carinho do retrato das nossas primeiras comunidades. Está lá em Atos 2, 42-46.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
<i>“Eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, no partir do pão e nas orações. Em todos eles havia temor, por causa dos numerosos prodígios e sinais que os apóstolos realizavam. Todos os que abraçaram a fé eram unidos e colocavam em comum todas as coisas; vendiam suas propriedades e seus bens e repartiam o dinheiro entre todos, conforme a necessidade de cada um. Diariamente, todos juntos frequentavam o Templo e nas casas partiam o pão, tomando alimento com alegria e simplicidade de coração”.</i></blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
São valores postos aí no texto que eu enxergo nos seguidores de Jesus, naqueles que acreditam numa utopia que ainda não existe, mas que podemos começar a viver e experimentar aqui, agora. Eu penso nessas pessoas e imagino que elas precisavam cultivar algumas posturas que nos servem de exemplo, de sinais ainda hoje:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<ul>
<li><b>Resiliência</b>: acreditar numa proposta utópica é saber que movimentos contrários virão. Que mesmo que nos tentem “quebrar”, nós precisamos sobreviver a eles e continuarmos resistentes, mas suaves em nossas convicções;</li>
<li><b>Estamos juntos</b>: utopia é um lugar para o qual não se caminha sozinho e nem se faz sozinho. A comunidade é importante.</li>
<li><b>Partilha com alegria</b>. Seja do conhecimento, do esforço, dos bens. Quem vê de fora, fica admirado como estas pessoas vivem de maneira diferente.</li>
<li><b>Atitude</b>. Não é gente que espera. Quem crê numa utopia, dá passos, marca trilhas, indica caminhos, mostra que um mundo novo é possível.</li>
<li><b>Espiritualidade</b>: é quem permite que todas as características anteriores permaneçam possíveis. É quem proporciona que alimentemos diariamente a utopia. É o canal que possibilita que exercitemos a fé em Deus e a transformemos em obras.</li>
</ul>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nossa utopia tem raízes na boa nova de Jesus. É o já e o ainda não. Sabemos pela história que muitos farão todo o esforço para negar nossa esperança, que tentarão tirar nosso ânimo em caminhar e semear. Nosso compromisso é, alimentados por esta experiência evangélica, mostrar pela vida cotidiana, nas pequenas atitudes, nos pequenos gestos, que somos pessoas de esperança e que sabemos onde queremos chegar. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Como disse o Papa Francisco, em carta direcionada à Pastoral da Juventude, reunida em nosso 11º Encontro Nacional, em Manaus, janeiro de 2015: “<i>Nunca percam a esperança e a utopia, vocês são os profetas da esperança, são o presente da sociedade e da nossa amada Igreja e por sobre todo são os que podem construir uma nova Civilização do amor</i>”. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Rogério de Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/05206311881381624007noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8994675472344404784.post-60893714258309728092018-01-24T19:43:00.000-02:002018-01-24T19:43:21.625-02:00Será que eu sou pejoteiro?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjluo5jiUccS4JO0Lis2mYjOl8YGgfa4unuqkjT8Nje4d39GrKJ8mIQY_lCjpdLFkYXOUNVB-aRF_1klIeMwKKChdEbzkLt-0MZ8Vviw0CpU9eZB4XYS_OXrVwwzEJ1bRmMl7pYdFdO5imT/s1600/images.jpeg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;"><img border="0" data-original-height="320" data-original-width="480" height="133" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjluo5jiUccS4JO0Lis2mYjOl8YGgfa4unuqkjT8Nje4d39GrKJ8mIQY_lCjpdLFkYXOUNVB-aRF_1klIeMwKKChdEbzkLt-0MZ8Vviw0CpU9eZB4XYS_OXrVwwzEJ1bRmMl7pYdFdO5imT/s200/images.jpeg" width="200" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
O que te faz pejoteiro? Que marca é essa que você identificou em sua jornada e que lhe fez abraçar com alegria ser aquilo que você é? Eu estava falando outro dia com uma pejoteira sobre as opções que fazemos em nossa vida, sobre aquilo que nos identifica e das quais não abrimos mão.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Também conversei na semana passada com uma outra pessoa sobre as mudanças que fazemos, as concessões que abrimos, para ser deste ou daquele grupo, para podermos ser aceitos ou para que esta ou aquela ideia seja aprovada. Até onde vai nossa negociação, sem que a gente corra o risco de se corromper, de vestir máscaras ou de perder a própria identidade?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Tenho comigo algumas impressões sobre o que nos faz sermos pejoteiros. Fatores e opções que nos marcam, sejamos nós do grupo de base, da coordenação, da assessoria ou de quaisquer outras estruturas e serviços. Partilho com você que lê este texto apenas 12 destas características identitárias. E coloco em link no título alguns dos textos que já escrevi aqui que podem ajudar a aprofundar a ideia.</div>
<br />
<a name='more'></a><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
1. <a href="https://pejotando.blogspot.com.br/2010/04/espiritualidade-cristocentrica-da-pj.html" target="_blank">Seguimento de Jesus</a> </div>
<div style="text-align: justify;">
Sua prática, sua proposta, sua maneira original de ver o mundo. Sua vida, tão humana, “como só Deus pode ser humano’” (Papa Leão Magno). Segui-lo inspirou e transformou a vida de tanta gente que também é incentivo para nossa caminhada. São santos, mártires da caminhada, gente como a gente. É um seguimento que compromete, que guia a própria vida e que sustenta todos os outros itens abaixo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
2 . <a href="https://pejotando.blogspot.com.br/2010/09/protagonismo-juvenil.html" target="_blank">Protagonismo Juvenil</a> </div>
<div style="text-align: justify;">
O jovem e a jovem são sujeitos da sua história. Criativos e criadores. Agentes libertadores nos meios em que vivem, baseando sua ação a partir do projeto e da Pessoa de Jesus Cristo. São mais que protagonistas da ação. São os atores principais na concepção das ideias.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
3. <a href="https://pejotando.blogspot.com.br/2013/03/uma-igreja-pobre-para-os-pobres.html" target="_blank">Opção preferencial pelos pobres</a> </div>
<div style="text-align: justify;">
Não é só opção da PJ. É opção de toda a Igreja. Foi ação de Jesus Cristo. Os jovens empobrecidos não são somente destinatários de nossa ação. São participantes dela, sinais da Boa Nova e formados como agentes de transformação.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
4 . <a href="https://pejotando.blogspot.com.br/2014/02/dez-papos-sobre-grupos-de-jovens.html" target="_blank">Entende e respeita processos </a></div>
<div style="text-align: justify;">
Nem todas as realidades são iguais como nem todos os jovens o são. Um pejoteiro entende e respeita isso. A cada etapa cabe seu crescimento e suas questões. Não fica patinando num assunto e nem pulando e queimando fases, numa vanguarda que ninguém o segue. Caminha junto.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
5. <a href="https://pejotando.blogspot.com.br/2013/02/a-jovem-lideranca-e-sua-individualidade.html" target="_blank">Valorizar cada pessoa</a> </div>
<div style="text-align: justify;">
No sentido de que é necessário respeitar os processos, é necessário também valorizar e reconhecer cada jovem em todas as suas dimensões, num processo de formação integral para que possa surgir o encanto e a construção da Nova Mulher e do Novo Homem.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
6. <a href="https://pejotando.blogspot.com.br/2010/08/vida-em-comunidade-parte-1.html" target="_blank">Ser gente de comunidades</a> </div>
<div style="text-align: justify;">
É dentro da comunidade que se aprende a celebrar a vida e os ensinamentos de Jesus. É lá que nos reabastecemos para a vida e missão. Na comunidade nos sentimos parte de algo maior: maior que nossas pretensões, maior que nosso grupo. Comunidade é lugar de gente feliz. É lugar de se sentir Igreja.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
7. <a href="https://pejotando.blogspot.com.br/2012/10/que-mau-exemplo.html" target="_blank">Preparar novas lideranças</a> </div>
<div style="text-align: justify;">
Das primeiras coisas que aprendi na pastoral. Um bom líder sempre prepara alguém melhor que possa substituí-lo. Não somos eternos. É desapego. Uma hora a juventude passa e é necessário partir para novos desafios. E é processo educativo também. Para tanto é muito importante preparar uma nova geração de lideranças para que possam crescer.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
8. <a href="https://pejotando.blogspot.com.br/2017/07/a-cultura-nossa-de-cada-dia.html" target="_blank">Somos brasileiros, somos latinos</a> </div>
<div style="text-align: justify;">
Da mesma forma que Jesus Cristo se encarnou e resgatou os valores da cultura de seu povo, a pejoteira e o pejoteiro cultivam sua espiritualidade inculturada nas diversas realidades do jovem latino americano. Faz-se necessário assumir a originalidade de cada cultura nas diferentes realidades e experiências, sem perder o aspecto mais geral de que somos brasileiros e latinos que partilham do mesmo chão. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
9. <a href="https://pejotando.blogspot.com.br/2010/11/militancia-pejoteira.html" target="_blank">Ecumenismo e diálogo inter-religioso</a> </div>
<div style="text-align: justify;">
Somos pejoteiros, mas nem todas as pessoas o são. Da mesma forma, somos católicos, cristãos, religiosos. Mas nem todas as pessoas compartilham de todas as nossas crenças. Mas para cultivar valores universais, como a paz, a justiça, o amor e a vida é preciso que aprofundemos uma espiritualidade ecumênica e aberta ao diálogo inter-religioso de modo a colocarmos na mesma roda pessoas com estes mesmos valores..</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
10. <a href="http://pejotando.blogspot.com/2011/12/pj-nao-reza.html" target="_blank">Somos gente que reza</a> </div>
<div style="text-align: justify;">
A espiritualidade pastoral é simples: a partir da pessoa e do exemplo de Jesus, ela se reflete no cotidiano, num processo que leva sempre a uma transformação pessoal, grupal e social. Ou seja, sua raiz está no Evangelho de Jesus e na experiência da presença diária de Deus. Isso contribui para que a nossa mudança não aconteça somente por dentro, mas também nas nossas relações sociais e no ambiente que nos cerca.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
11. <a href="http://pejotando.blogspot.com/2010/04/nova-mulher-e-novo-homem.html" target="_blank">A gente acredita e luta por uma nova realidade</a> </div>
<div style="text-align: justify;">
E que nessa realidade:</div>
<div style="text-align: justify;">
- A mulher e o homem estejam acima de todo poder ou projeto.</div>
<div style="text-align: justify;">
- A vida esteja antes de qualquer outro valor ou interesse,</div>
<div style="text-align: justify;">
- O trabalhador(a) tenham mais valor do que o capital.</div>
<div style="text-align: justify;">
- A verdade predomine sobre a mentira e a manipulação,</div>
<div style="text-align: justify;">
- A ética seja mais importante que a técnica,</div>
<div style="text-align: justify;">
- A realidade e o testemunho falem mais alto do que os projetos e discursos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
12. <a href="https://pejotando.blogspot.com.br/2013/09/e-ainda-vem-me-dizer-que-e-pejoteiro.html" target="_blank">Poder é serviço</a> </div>
<div style="text-align: justify;">
Estamos aqui para servir, para nos doar. Quer recursos? Aqui nós investimos nossos finais de semana, nossos feriados, nossas noites em reuniões, encontros, formações. O dinheirinho é suado. Tudo vem de doações, projetos, festas, rifas e principalmente do próprio bolso. E o rendimento todo deste investimento nós encontramos nos frutos bonitos do trabalho pastoral. </div>
Rogério de Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/05206311881381624007noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8994675472344404784.post-23233676763228844252017-11-15T18:47:00.001-02:002017-11-15T18:52:55.026-02:00Conflitos na comunidade<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg73tYMBPbNDg1bpRwSN5_ANK510gmwsRUvUjAlYAxzlqLVyzo5odkqbsJBSU3KwVfmlKg1Dv0YqtLYTxf2ehnSecG38W79DarZS-EO9yzIJqGVOZ0_3oTfLILZeCmEXvCiVcSMyyP2XYJE/s1600/conflito1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="231" data-original-width="340" height="135" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg73tYMBPbNDg1bpRwSN5_ANK510gmwsRUvUjAlYAxzlqLVyzo5odkqbsJBSU3KwVfmlKg1Dv0YqtLYTxf2ehnSecG38W79DarZS-EO9yzIJqGVOZ0_3oTfLILZeCmEXvCiVcSMyyP2XYJE/s200/conflito1.jpg" width="200" /></a></div>
Todo mundo que faz um trabalho pastoral já passou por isso. Um grupo faz comentários sobre o outro. Uma liderança não simpatiza com a outra. Alguém de um grupo faz algo que o outro grupo não concorda. Começam as fofocas, as intrigas, não se chega numa resolução e a coisa fica tensa.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O risco de alguém sair machucado dessa situação é enorme. E isso deveria sempre nos preocupar, sejamos nós pastoralistas, lideranças, coordenadores, participantes do conselho ou responsáveis de qualquer ordem. Isso deveria nos impactar porque somos seguidores de Jesus, porque abraçamos seu projeto e situações extremas assim, embora sejam humanas, não ajudam na construção de um mundo melhor.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Todos nós sabemos que o relacionamento humano gera tensões, que opiniões diversas sobre um mesmo tema são coisas cotidianas e que por isso devem aparecer. A situação exposta acima, porém, é a consequência ruim de uma discussão mal feita, de uma impressão falsa ou de falta de formação e acompanhamento. Nossa tarefa, como cristãos, é estarmos ligados à verdade e, por causa dela, falar o que se deve, de forma clara, compreensível e direto ao coração.<br />
<br /></div>
<a name='more'></a><div style="text-align: justify;">
Jesus deixou um “roteiro” bem simples para quando situações desagradáveis de relacionamento interpessoal acontecessem. Está em Mateus 18,15-17. É uma escalada de possibilidades. Disse Jesus: <i>“Se o seu irmão pecar:<br />1- vá e mostre o erro dele, mas <b>em particular</b>, só entre vocês dois. Se ele der ouvidos, você terá ganho o seu irmão. <br />2- Se ele não lhe der ouvidos, tome com você mais <b>uma ou duas pessoas</b>, para que toda a questão seja decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas. <br />3- Caso ele não dê ouvidos, <b>comunique à Igreja</b>. Se nem mesmo à Igreja ele der ouvidos, seja tratado como se fosse um pagão ou um cobrador de impostos”.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
Esse é o roteiro. Mas e o espírito da conversa, como deve ser? Onde devemos nos avaliar e ajudar para que o outro possa se avaliar também? Se vocês me permitem uma sugestão, lanço mão de três observações que, acredito, precisam ser citadas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>- Estar numa pastoral é estar a serviço.</b><br />
Nada é nosso ali, a não ser nossa disposição de fazer o bem da melhor forma possível. A gente se entrega inteiro porque seguimos o exemplo de Jesus que também se entregou inteiro. Fazer pastoral é ter cuidado com o que faz e, muito mais, com as pessoas, sejam elas do nosso grupo ou não.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>- Estar a frente de um grupo é estar em evidência</b><br />
Não pode, no entanto, ser motivo de vaidade pessoal ou de desdém por outras atividades pastorais. Quem está a frente é recebedor de elogios e críticas (mais estas do que aquelas). É preciso, porém, entender que o elogio é direcionado a uma ação bem feita em nome do bem, e não tomar para si. Além disso, precisa estar claro que, enquanto pessoas, somos muito mais do que os cargos e serviços que desempenhamos. Aí está nosso valor.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>- Nós somos exemplos e damos testemunho da nossa fé com nossas atitudes.</b><br />
Meu filho era bem pequeno e muito mais agitado. Numa missa das 18h00 ele ficou reparando na Coroinha e no serviço que ela fazia. Era um olhar de admiração. Percebi e perguntei para ele se estava gostando do serviço que via. Ele confirmou. Perguntei se um dia ele gostaria de ser coroinha. Ele perguntou como faria isso. Eu indiquei a coordenadora do grupo. Ele já a conhecia e disse que falaria com ela, pois ela gostava dele. E assim começou a caminhada.</div>
<div style="text-align: justify;">
Conto esta história porque creio que as pessoas olham para nós e precisam ver bons exemplos: de serviço, dedicação, amor ao próximo, cuidado com as pessoas, acolhida, caridade, misericórdia fidelidade ao Evangelho. Isso conquista os corações, cria proximidade, nos motiva a melhorarmos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Torço que as pessoas compreendam isso um dia. Torço que consigamos gastar nossas energias em coisas que realmente demandem esforço. E que cada grupo e pessoa saiba onde contribuir sem machucar os outros.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Vida em comunidade é vida bonita. É espaço de descoberta e de amadurecimento. É espaço de conflito e de crescimento. Somos humanos e somos diferentes. A multiplicidade de opiniões é saudável. Partilhamos do mesmo Evangelho, da mesma Boa Nova. É de lá que, em nossa diversidade, buscamos a unidade. Na comunidade há lugar para todo mundo. É preciso boa vontade, acompanhamento e formação para nos colocarmos em nossas realidades como discípulos e discípulas de Jesus. Como Igreja em saída.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
Rogério de Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/05206311881381624007noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8994675472344404784.post-81219332309572000812017-10-26T12:59:00.001-02:002017-10-26T12:59:16.083-02:00De ciclo em ciclo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghueIBe5ARE1nw-5MNr53xwFrk0YzziXwXwnPrhRrxnv9SD_ucb3QrcxWK9OMyScR1xuR4WvtlGtNqoHhFbsdrgZUw8V9jQW_xtQqpTD76FZV_mbXIAQCpwGMdEDGvI7B8QZ803Hq9-o3z/s1600/espiral.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="587" data-original-width="880" height="133" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghueIBe5ARE1nw-5MNr53xwFrk0YzziXwXwnPrhRrxnv9SD_ucb3QrcxWK9OMyScR1xuR4WvtlGtNqoHhFbsdrgZUw8V9jQW_xtQqpTD76FZV_mbXIAQCpwGMdEDGvI7B8QZ803Hq9-o3z/s200/espiral.jpg" width="200" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
“<i>A vida é tão curta, né? Não dá pra viver de ciclo em ciclo, como se eles se terminassem em si</i>”. Num bate papo virtual, saiu essa afirmativa acima. E ela corresponde bem a um entendimento tanto da vida como da nossa ação pastoral.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Muitos de nós levamos nosso trabalho assim, de calendário em calendário, de ano em ano, de atividade em atividade, sem uma perspectiva maior. A cada etapa, um novo ciclo se passa. É como se fosse uma vitória conquistada ou um sofrimento que se vai.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Entender a vida em ciclos tem suas vantagens. A maior delas é entender que há limites de tempo que precisam ser entendidos e respeitados. E que a cada tempo há algo que deve ser realizado e vivido. Por exemplo, todo mundo conhece alguém que faz promessas de ano novo. Fim de ano é o período propício para esta atividade.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<a name='more'></a><br /><br />
<div style="text-align: justify;">
Estações do ano também tem seus ciclos fechados e repetitivos. E servem de alegoria para nossa vida. Na primavera a vida floresce, no verão, há plena forma e atividade. O outono é período de colher os frutos e o inverno o tempo de descanso e recolhimento. Há uma riqueza neste entendimento. Mais do que valorizar esta ou aquela estação. É entender que cada etapa da vida tem seu sentido, mas é preciso ir além.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A vida escolar também é formada por ciclos. A pré alfabetização, as etapas seriadas do ensino fundamental e médio, a escolha de um curso técnico ou de graduação, a batalha por uma pós-graduação, especialização, mestrado, doutorado. De degrau em degrau, as pessoas sobem, param, se estabilizam, cansam ou vão além.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O mal está justamente aí. Esta é a limitação do ciclo. Viver ou simplesmente passar por ele, sem compreender ou carregar o aprendizado. Vive-se a intensidade do momento. Sabe-se que ele vai acabar. Existe a ideia do que virá a seguir e paramos por aí.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Olhando para nossa vida e nosso trabalho pastoral, também não vivemos por vezes assim também? Repare na vida em grupo. A separação em etapas é mais didática do que experiencial. Ou a gente acredita que exista uma chave que troque os períodos da <a href="https://www.youtube.com/watch?v=WQACXL01kRA" target="_blank">convocação</a> para a<a href="https://www.youtube.com/watch?v=MTJ323wrZIY&t=8s" target="_blank"> nucleação</a> ou da <a href="https://www.youtube.com/watch?v=xDvxH0ltLQM&t=7s" target="_blank">iniciação</a> para a <a href="https://www.youtube.com/watch?v=f9RT6IEP4aI&t=1s" target="_blank">militância</a>? O sentido em separarmos as etapas acima está muito mais em entendermos como elas se dão e o que devemos fazer em cada delas do que simplesmente criar “séries”, ciclos ou etapas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No seu grupo, nem todos estão na mesma pegada. Todo mundo tem alguma carência, alguma falta de conteúdo ou de alguma vivência. Inclusive você que agora acompanha a leitura deste texto. Eu também me incluo nessa. Não é porque fulano, que vive um período de militância, tem grande dificuldade de lidar com oposição de ideias e de relacionamentos que ele precisa reviver a período da iniciação ou na nucleação porque não foram bem vividos. Chegou assim, a gente vai tentar consertar enquanto continua vivo. E bola pra frente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Da mesma forma, a vivência em ciclos fechados não nos permite abrir uma perspectiva de continuidade de processos. Repara seu calendário pastoral. É anual, não é? Um ano, embora pareça muito tempo, não é. Representa um curto prazo. Para este pequeno ciclo, qual o objetivo? Como se espera chegar quando estiver concluindo?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E em médio prazo? Qual a visão pastoral que se tem? Onde o grupo deve estar? E para chegar lá, o que deve fazer? E a longo prazo? Que relações deve traçar? Com quais outros grupos deve ter contatos? Que ações são necessárias? Com essa clareza, aí sim, faz sentido rechear um calendário com atividades. Elas tem uma finalidade dentro de um planejamento. E isso ajuda a dar significado aos ciclos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É preciso enxergar além. É preciso saber que se estamos vivendo a primavera, daqui um ano será primavera de novo. Viverei da mesma forma? Há algo a ser superado ou melhorado? A quem devo perdoar, me aproximar, cuidar? Na vida escolar, não é o ano que se está que conta, mas o olhar adiante. A etapa que estamos significa um passo para o objetivo. Deve ser vivida intensamente, claro. Mas não é um fim em si mesma.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Olhemos para Jesus. Cada ato, cada palavra era cheia de significado. Para nós sempre há um aprendizado rico quando olhamos, rezamos ou estudamos os Evangelhos. Mas nenhuma delas foi pronunciada ou vivida em vão. Todas tinham um propósito. Todas serviam como sinais de anúncio e vivência de um saborear do Reino de Deus. Façamos como ele. De cada ato, uma doação, de cada palavra, um presente. A vida é tão curta. Não dá para viver como se nada tivesse sentido e fosse preciso esgotar tudo ao mesmo tempo e agora.</div>
Rogério de Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/05206311881381624007noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8994675472344404784.post-8920270307021894762017-09-23T21:12:00.000-03:002017-09-23T21:12:04.943-03:00Você fala por quem?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8aMFfbmiQ7Yn39PA6cnRsmk4ntwHdEbphfM8jnNsHEzXfaQbJMVPqPVIsEnEKHd_2gJ0cSL9GF8eLYRTXEhNaIP5ev1c4MTkl9WzwM6FZGxUATdvnaCT0ux2AauURzN6uPvQsPOEkT3YM/s1600/silenciada.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="219" data-original-width="270" height="162" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8aMFfbmiQ7Yn39PA6cnRsmk4ntwHdEbphfM8jnNsHEzXfaQbJMVPqPVIsEnEKHd_2gJ0cSL9GF8eLYRTXEhNaIP5ev1c4MTkl9WzwM6FZGxUATdvnaCT0ux2AauURzN6uPvQsPOEkT3YM/s200/silenciada.jpg" width="200" /></a></div>
Eu tenho bem clara a lembrança da votação do impeachment da Dilma. Lembro-me de deputados falando ao vivo nos canais abertos de televisão em cenas que poderiam ser cômicas se não fossem grotescas. Lembro-me ainda discursos que eram coerentes em relação a uma característica própria. Muitos repetiram que votavam em nome dos eleitores de seus estados.<br />
<br />
Uma das tarefas de um deputado é justamente essa, falar em nome dos eleitores. Impossível falar em nome de todos, por isso, teoricamente, são eleitos vários deputados. O universo macro de todo o Brasil deveria estar ali, naquele microuniverso que se chama Câmara dos Deputados. Sabemos que esta representatividade está longe, porém.<br />
<br />
Se olharmos sob qualquer parâmetro, a comparação estará desigual. Mulheres são pouco mais da metade da população brasileira e representam menos de 10% do total de toda Câmara. O mesmo vale para os negros. Profissões, religiões, nível de escolaridade, idade, nada disso está nem próximo à realidade. Mas eles falam por nós.<br />
<br />
<a name='more'></a><br /><br />
A Câmara, bem como todos os exemplos das esferas políticas, tem um agravante sério. Como alguém pode falar por mim, se não sabe o que eu penso a respeito de determinado tema? Pouquíssimos deputados tem algum trabalho realmente de base ou um canal aberto para ouvir a população.<br />
<br />
Falamos deste cenário, mas podemos citar outros mais próximos e menos formais. Nossas relações cotidianas são cercadas de falas em nome de alguém, mesmo que não existam mandatos que legitimem estas posições.<br />
<br />
Homens falam sobre como as mulheres deveriam se vestir, brancos sobre como negros devem se comportar, heterossexuais sobre a vida privada dos homossexuais, religiosos sobre ateus, católicos sobre evangélicos, evangélicos sobre umbandistas, tradicionalistas sobre pejoteiros, empregados sobre desempregados, descolados sobre periféricos, regiões brasileiras sobre outras regiões brasileiras, bairros x bairros, estados x estados, pessoas x pessoas.<br />
<br />
A questão maior é supor que se está certo ao falar em nome de alguém. Quer opinar, opine, mas ouça a quem você cita, preferencialmente antes. O risco de soltar preconceitos, mentiras, opiniões datadas é muito grande.<br />
<br />
Eu sou homem. Como posso contribuir com a luta das mulheres contra o machismo? Dizendo o que elas precisam fazer? Não! Desconstruindo alguns mitos machistas entre nós homens. Mesmo exemplo, outro personagem. Eu sou branco. Como posso contribuir com a luta dos negros contra o racismo? Dizendo o que eles precisam fazer? Não! Desconstruindo alguns mitos racistas entre nós brancos. <br />
<br />
Posso usar outros exemplos? Ótimo. Sou heterossexual, cristão católico, paulista, paulistano, pós graduado. Mas sou também da periferia, corinthiano, pejoteiro, acima do peso, depressivo. O recado então é óbvio. Cuidado com tuas falas e tuas posturas. Perceba o preconceito. Sempre há estigmas. Fuja do discurso linear e de batalha. Não há somente duas alternativas. Não é um contra o outro sempre. Além disso, evite falar por alguém se esse alguém pode falar por si só. Se não faz parte do grupo, não fale pelo grupo. Ninguém te elegeu, companheiro.<br />
<br />
Por fim, este blog é conhecido por “Pejotando”, mas o nome dele é “E por falar em pastoral...”. Falo de pastoral da juventude aqui, mesmo que eu não esteja mais contribuindo diretamente na organização. Sei que ajudo a formar opiniões e tomo todo cuidado do mundo com isso. O texto postado voa livre. Não tenho controle de onde vai parar e quem vai chegar a lê-lo.<br />
<br />
Por isso eu digo a você jovem ou assessor/a, cuidado com falas e posturas. Cuidado com discursos evangélicos e práticas preconceituosas. Cuidado com falas de liberdade e posturas de exclusão. Cuidado com postagens, com compartilhamentos. Eu, inclusive, e muito mais vocês que estão na ativa, somos pastoral da juventude onde estivermos. Nosso testemunho é considerado e avaliado o tempo todo.<br />
<br />
Aquilo que falamos ou escrevemos tem peso no nosso círculo de relações e o que fazemos repercute ainda mais. O testemunho tem que ser coerente com aquilo que acreditamos. Claro que cometemos falhas. Eu tenho um histórico enorme nesse quesito. Mas é preciso aprender com elas. Desde as pequenas coisas do cotidiano, passando pelas falas feitas nos espaços de representatividade, chegando até às grandes responsabilidades.<br />
<br />
Atenção então: Nossa fé é libertadora, nossa pastoral é da juventude, nosso trabalho diário é pelo Reino de Deus. Então se falamos e agimos em nome dessa crença ela precisa estar espelhada em nossa prática. Prática inclusiva, sem preconceito, juvenil, libertadora e utópica.<br />
<div>
<br /></div>
Rogério de Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/05206311881381624007noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8994675472344404784.post-66239665486624815172017-08-27T21:41:00.000-03:002017-08-28T10:50:28.963-03:00Que marcas que a PJ deixou?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvqfR73QEVGEG2ErqjWWO-aDy8JnUUfRyCXItPorYaYYDhrgkTqk8HJinaDmo5N3q85vODrx-B89_rHzt_KoAk5303H9Bkcy1ZxP2_K7Bj0-6A17QFMawEG_IrJatfsmQKe6sofZUbIkEF/s1600/m%25C3%25ADstica+PJ.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="800" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvqfR73QEVGEG2ErqjWWO-aDy8JnUUfRyCXItPorYaYYDhrgkTqk8HJinaDmo5N3q85vODrx-B89_rHzt_KoAk5303H9Bkcy1ZxP2_K7Bj0-6A17QFMawEG_IrJatfsmQKe6sofZUbIkEF/s200/m%25C3%25ADstica+PJ.JPG" width="200" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Aqueles dias eram tempos de sonhos. Cinco amigos, ou melhor, quatro amigas e um amigo. Meados dos anos 2000. Grupo de jovens da paróquia. Uma formação bem feita. Um acompanhamento exemplar. O desejo de semear o Reino de Deus era enorme. A articulação conduzida como deveria sempre ser. Vários grupos se conheciam. O DNJ era famoso.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Havia uma promessa particular entre estes jovens amigos. Eles queriam ver e ajudar a fazer do mundo um lugar melhor. Queriam se capacitar. Olhavam o futuro com esperança. Seguir o exemplo de Jesus era condição. Mas passados cerca de 10 anos, o que ficou?</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<a name='more'></a><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Pepeu hoje é assessor parlamentar. Sempre foi voltado às questões sociais. Foi o primeiro a se filiar a um partido político. Gostava de trabalhar junto às comunidades, ouvir suas queixas, agilizar e organizar formas de reinvindicações. Tinha a sensação de que poderia fazer coisas boas com este tipo de atuação.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Passados alguns anos, Pepeu viveu da alegria de conseguir ajudar a eleger um deputado da região, à mediocridade da burocracia de um mandato. Longe das ruas e das periferias, ele mal consegue ouvir o povo novamente. Vive no telefone e nos contatos para garantir a evidência do deputado. Engolido pela máquina política, sua tarefa são projeções financeiras, projetos e articulações. E hoje ele é só apenas uma engrenagem do sistema.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Rute foi a primeira a sair da pequena cidade, ainda nos tempos do grupo de jovens, para se aventurar na capital. Indo para estudar, nunca mais voltou. Graduação, pós-graduação, MBA. Hoje faz mestrado em macroeconomia, para ajudar sua empresa nos quesitos de otimização de carteiras e gerenciamento de risco.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Vive uma vida em função do trabalho. Tudo que conquistou foi através do seu salário. Pôde conhecer países, culinárias, espetáculos, parques infantis nos Estados Unidos, tudo em seus 30 dias de férias anuais. É grata a Deus por trabalhar nesta grande empresa internacional. Não lhe causa incômodo que esta mesma empresa esteja desmatando boa parte das florestas nacionais tendo em vista um novo contrato assinado com o governo brasileiro. Não se imagina que ficasse chateada se soubesse da subcontratação de mão de obra infantil no outro canto do mundo para um trabalho braçal e contínuo, ao custo da miséria local. Literalmente, Rute vive noutro mundo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Situação um tanto quanto distinta vive Carolina. Ela faz parte de uma imensa maioria que só sobrevive. Ela sabe que boa parte das pessoas passa por uma situação difícil e considera até que vive, porque vez ou outra pode curtir, sair, beber, dançar ou visitar pessoas. Mesmo que trabalhe em algo que não goste, Carolina não possui grandes sonhos, só pequenos: a expectativa pelo fim de semana, pelas férias, pelo encontro, pelos momentos de prazer.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas há um grande sonho sim: ganhar mais dinheiro para poder ter mais momentos de folga. Enquanto não ganha na loteria, Carolina trabalha mais, fica mais tempo longe das pessoas que ama, pensando num futuro que custa a chegar. Talvez queira se tornar patroa. Aí sim. Aí talvez as pessoas a valorizassem mais.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Bete não. Ao contrário de Carolina, ela não se deixou enganar pela realidade. Sabe que é e por que é difícil. Talvez por isso possa sofrer mais. Seu desejo não é ser patroa ou ser valorizada. Sabe que custa muito sobreviver. E por isso buscou se capacitar. Sabe que precisa trabalhar e que vive num sistema que a explora. Mas não quer ser mão de obra barata. Sabe que está tudo muito errado e seu sonho é ir mudando aos poucos as relações que vive, conscientizando quem conhece.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por isso procurou trabalhar em algo que gostava de fazer. Suas conquistas e momentos felizes neste ambiente não são espetaculares, nem ganham manchetes nos portais da internet, mas a pessoa se atira com pequenas vitórias. Uma boa palavra aqui, um ato de justiça ali, a verdade bem colocada acolá. Fora do trabalho sim. Lá ela se envolve com outras práticas de justiça. Seu tempo livre e voltado para o próximo. Seu pensamento: trabalho é sobrevivência. Se der para ser bom e justo lá, melhor. E, sim. Com o pouco que ganha, ela consegue guardar economias para o futuro. E não tem crises por não fazer mais.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por fim, Josefina. Saiu da cidade para estudar, mas voltou. Queria fazer Agronomia, para ajudar as pequenas comunidades rurais a se estabelecerem melhor. Não conseguiu. Fez Gestão Ambiental e foi feliz com isso. Trabalhar com os pequenos agricultores e com a economia familiar lhe traz alegria. Vive numa dificuldade financeira enorme, mas faz o que gosta, luta por outro mundo possível e também vive mediando conflitos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Josefina sabe que mudar a realidade não se faz sem esse tipo de mediação. São interesses diversos, opiniões por vezes distintas e formas de ação que por vezes se anulam. Nessas horas ela se lembra dos tempos no grupo de jovens. Lá, mesmo num grupo com a mesma identidade, nem sempre o consenso era factível. Que dirá hoje em grupos tão distintos com experiências diversas?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Apesar disto, fazer o que faz lhe é prazeroso. Está de volta, próxima às pessoas, a sua cultura, a sua realidade. Sabe que precisa ser criativa para ajudar a superar as dificuldades impostas pelos grandes fazendeiros e a monocultura que se alastra pela região. Busca forças na vida de comunidade, nos círculos bíblicos, na celebração semanal, na oração que une fé e vida.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por isso, ela se guia pela figura de Jesus. A injustiça não o detinha. Não se acomodava. Vivia mostrando a contradição que o sistema que vivia era. E para ela, como era para eles, basta a preocupação diária. Um dia de cada vez. O futuro pessoal não a preocupa. Só o futuro coletivo. Ela continua sonhando grande. Idealista. Coerente. E não tem tempo para mais nada.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Rogério de Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/05206311881381624007noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8994675472344404784.post-59533763121873409182017-08-12T21:30:00.000-03:002017-08-12T21:30:30.199-03:00Você já pensou em seu projeto de vida?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhebR92MlgE7fjkk0ObteCccTy9rfhSOiRB3qjkczo2EwjkXSjDO1FTsbhSXmCA4bTY1q7Il7SyBUUVGW65hj84MTNvcH5vuIshOYxUHz_7WldSPr9Ah5L3rvRNpCfFMZw8mB_W3YTMS8JS/s1600/encruzilhada.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="480" data-original-width="748" height="128" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhebR92MlgE7fjkk0ObteCccTy9rfhSOiRB3qjkczo2EwjkXSjDO1FTsbhSXmCA4bTY1q7Il7SyBUUVGW65hj84MTNvcH5vuIshOYxUHz_7WldSPr9Ah5L3rvRNpCfFMZw8mB_W3YTMS8JS/s200/encruzilhada.jpg" width="200" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Um dos grandes presentes que a Pastoral da Juventude me deu foi apresentar a ideia de desenvolver um projeto de vida. A sensação de ser levado pela maré, de seguir tendências, de não se ter o mínimo controle da própria existência é, no mínimo, preocupante.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A gente aprende desde cedo na PJ que é preciso que o/a jovem seja protagonista de sua própria história. Isto não pode ser tomado de uma maneira desconectada da realidade, sem um fundamento sólido, sem valores éticos e morais e sem entender as perspectivas que se apresentam diante de si.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A ideia de que “<i>o futuro a Deus pertence</i>” nos passa o sentimento de confiança espiritual, mas corre o risco de nos tirar a responsabilidade pelas nossas decisões. Fato é que tudo que fazemos ou deixamos de fazer apresenta, de certa forma, resultados nos passos que ainda serão dados.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<a name='more'></a><br /><br />
<div style="text-align: justify;">
Pensar num projeto de vida é refletir sobre seu passado, analisar seu presente e elaborar planos e condutas para o futuro. É uma tentativa necessária para dar um sentido àquilo que se vive e parte da ideia de que podemos escolher que passos serão dados. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há vários pontos que devem ser considerados. Hoje a nossa realidade nos exige que decidamos logo cedo o que seremos no futuro. No entanto, a expectativa e a vontade de que isso dê certo o quanto antes são muito perigosas. A chance da frustração é enorme porque, o/a jovem não detém todo o conhecimento e a experiência para saber fugir de situações nitidamente pouco ou nada producentes. E ainda há a imprevisibilidade.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Imprevisível é aquilo que não se pode prever. E isto pode acontecer com qualquer projeto, planejamento ou ação. É sempre um risco que pode nos paralisar. Riscos, no entanto, podem ser minimizados se nos anteciparmos a eles. Riscos são sempre possibilidades. E se é possível, é preciso se preparar para eles.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A preparação, contudo, não é sempre tão simples. Boa parte dos jovens e das jovens não são educados para conseguir abrir os horizontes e ver alternativas e caminhos. Lembro muito bem de um crismando que, ao ser questionado sobre o que sonhava para seu futuro, me disse que não sonhava, apenas sobrevivia.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Planejar o projeto de vida tem esse elemento do sonho e do desejo. Sem sonho, sem horizonte, sem o desejo de caminhar não se constrói projeto de vida. Mas não tiro toda a razão daquele crismando. O sonho se constrói dentro das possibilidades que se vive, dentro da história e da cultura, seja da pessoa, seja da sociedade que a cerca e, dependendo da realidade do indivíduo, isto pode ser bem limitado. Por isso é preciso ser cuidadoso ao se apresentar alternativas viáveis.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Outro risco desta tríade passado-presente-futuro está na tentação de achar que o presente é só uma preparação para o futuro. Um projeto de vida bem feito precisa contemplar o agora e o depois. Vivemos num tempo de extremismos em diversos aspectos. Ou só pensamos no futuro ou só vivemos os prazeres do presente. Isto não é equilibrado. É como achar que ser jovem é se preparar para ser adulto, como se não houvesse beleza no viver a juventude. Ou ainda não acreditar no futuro e gastar toda a sua potencialidade, recursos e energia no presente momento.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se o contexto é importante para pensar o projeto de vida, a história pessoal também o é. Pensar na sua raiz, nas pessoas que acompanharam seu crescimento, nos valores que lhe foram passados, nas dificuldades vividas, nas lições aprendidas. Isto é a bagagem que se carrega ao longo da estrada. Destas malas sempre se podem tirar lições, aprendizados, novidades recicladas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sim, os valores. O projeto de vida proposto pela PJ é pautado nos valores do Reino, na maneira de viver do jovem galileu Jesus. Não são frases soltas ou sentimentos emotivos. Ele nos deixou exemplos práticos. A felicidade/salvação está na doação/serviço a quem mais precisa. E, diferente da lógica social, quem mais precisa é quem é desprezado pela sociedade.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E para não desanimar, é necessário o contato com o sagrado. O bom é que ele é muito simples, como uma conversa com o pai. Um amigo escreveu esses dias: “<i>Quando você conversa com alguém, você não pensa nele, você está com ele</i>”. Assim era a oração de Jesus. Assim era sua relação com o Pai. Assim é a espiritualidade vivida pela Pastoral da Juventude que provoca a viver no cotidiano a experiência do sagrado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um último detalhe, não menos importante. É muito difícil um/a jovem tocar seu projeto de vida sem acompanhamento. Ausente a figura de alguém mais experiente, o risco desta postura está no aprendizado feito na base da tentativa e erro. O risco da frustração e abandono do projeto é alto.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ter alguém que acompanhe o/a jovem nesta elaboração, por outro lado, não significa dizer o que ele/a deve fazer. A tentação é enorme. Nós, assessores, já vimos e vivemos situações parecidas e muitas vezes por zelo não queremos que eles/as percam tempo ou se iludam. Essa é uma postura errada.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Digo da minha experiência. O caminhar não é meu. As decisões não são minhas. O que eu posso fazer é ajudar a pensar, a problematizar, a indicar outras possibilidades e a fazer com que quem eu acompanhe tome a decisão convencido/a de que escolheu o que era melhor para si.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O futuro é incerto. Claro que é. Mas ele precisa ser pintado de esperança. Não da espera, mas da ação. Vou sempre me lembrar da figura sertaneja que mesmo diante da seca, ara a terra, trata-a e semeia. É a esperança ativa de quem age antes, de quem confia no sagrado e por isso está preparado para o futuro.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Rogério de Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/05206311881381624007noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8994675472344404784.post-38066685881160784282017-08-05T12:45:00.000-03:002017-08-05T13:41:43.245-03:00Minha amiga pejoteira<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiElB0KYTbRJTlF2LDwNvXrtKjUXcqFzcRfm9nBvVyUWR4L-m4LjDIieg-IKn1HWDC3WbUSPB2Z4AZT95Ns3gu3aT5gvCZTa3pi5V3afyLEF1HdMQiCtxQe11XkwmqlZLhDcVh3UF8O3YHN/s1600/olhar3.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="610" height="130" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiElB0KYTbRJTlF2LDwNvXrtKjUXcqFzcRfm9nBvVyUWR4L-m4LjDIieg-IKn1HWDC3WbUSPB2Z4AZT95Ns3gu3aT5gvCZTa3pi5V3afyLEF1HdMQiCtxQe11XkwmqlZLhDcVh3UF8O3YHN/s200/olhar3.jpg" width="200" /></a></div>
<br />
Minha amiga é pejoteira. Talvez se dissesse só isso bastaria, mas é preciso explicar. Poderia até dizer que ela é um exemplo típico, mas não seria verdade. Embora muitas possam se identificar com sua trajetória, ou ver nessas linhas os traços de muitas caminhadas, eu escrevo pensando nela.<br />
<br />
O que a faz então tão diferente de tantas histórias que aqui e ali são paralelas ou coincidentes? Sabe a história do Pequeno Príncipe e a rosa? O tempo dedicado a ela foi que a tornou especial para o príncipe. Se você não leu essa história, leia.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ela é especial, ao menos para mim (e sei que para mais um tanto de gente), porque eu a conheci, porque eu a vi sorrir, gargalhar, sentir raiva, chorar. Porque lhe ofereci o ombro, sentei ao seu lado, ouvi seus sonhos, aconselhei-a, repreendi-a, tomei chamada dela. Trocamos e corrigimos textos um do outro, trocamos mensagens pela internet, conversamos pelo computador ou pelo celular. Viajamos juntos, fomos aos mesmos locais, na realidade concreta e também nos sonhos por um mundo melhor e pelo melhor da PJ.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<a name='more'></a><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Ah essa PJ. Ajudou a definir minha vida. Ajudou a dar luzes na vida de tanta gente que eu conheço. E é parte fundamental na vida da minha amiga. Não tenho dúvidas que o método, a espiritualidade, a formação integral, os processos de revisão de vida e de prática, a vida de comunidade, as assembleias, seminários, os grupos de base pelos quais passou, as coordenações que conheceu, as assessorias que passaram por sua vida, os enfrentamentos que realizou, as concessões que fez, o diálogo necessário, tudo isso ajudou com que ela fosse hoje a pessoa que é. E creio mais. Creio que tudo isso deu um norte para que ela possa avançar e crescer ainda mais como mulher, como cidadã, como seguidora de Jesus.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há coisas que são dela e disso eu sei por que é notório. Ela é muito organizada. Sempre anota. Tem documentos à mão, ao alcance de um papel ou de um clique. Ela não tem medo de reclamar, mas sabe que tem mais facilidade de fazer isso quanto maior for a intimidade com a pessoa. Ela é teimosa. Discute, argumenta até ver que não tem mais jeito. Às vezes já venceu pelo cansaço. Às vezes foi convencida por argumentos melhores. Às vezes ela estava mesmo com a razão.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu olho para ela e vejo dedicação, esforço por aquilo que esteja fazendo e pelo serviço abraçado. Empenha-se para ter perto de si pessoas importantes na sua história. Hoje, recorrentemente, eu me deparo com fotos suas com amigos de longa data, sorrindo, comemorando e celebrando a vida.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sim, o sorriso. Claro que cativa, abre portas, inicia conversas, favorece o diálogo e a escuta. É bonito de se ver e harmoniza com todo o conjunto da obra. E, graças a Deus, você não é só sorriso. Se com ele você consegue se aproximar e iniciar um primeiro contato, depois dele você tem a chance de mostrar seu conteúdo, sua argumentação, seus pontos de vista, com propriedade, firmeza e ternura.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu me dei conta agora. Comecei este texto falando de você e estou agora falando com você. Poderia ser um erro de estilo, e até pode sê-lo, mas é totalmente justificável. Enquanto escrevo e me lembro de você, sua imagem vem a minha frente e sua voz é nítida. Não é só memória boa, como você poderia pensar, mas as situações pastorais que passamos juntos fazem com que eu guarde tudo na cabeça e no coração.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Num tempo em que muito se fala em feminismo, empoderamento, gênero, racismo, xenofobia, drogadição, corrupção, por exemplo, teu discurso é coerente com a tua prática. Você discursa pela igualdade de direitos e age por esta causa. Você discursa por um mundo onde existam mais pontes do que muros e demonstra isso. Você fala de vida plena e se esforça para torna-la concreta para outras tantas pessoas. Você não admite jeitinhos e se enfurece com quem cai ou conduz situações antiéticas. Seu testemunho é cristão.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Você tem lado, admite e demonstra. Lado todo mundo tem, mas nem sempre admitem perante outros. Pior, dão chamadas, ofendem e acusam quem admite. Você sofreu com isso. Mas se manteve firme, tal qual a casa construída na rocha. Aprendeu com Jesus.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sua fama chegou primeiro que nosso primeiro contato. Ouvi falar bem de você. As redes sociais foram nosso primeiro contato. O curioso foi que na primeira vez que nós estivemos próximos num evento pastoral, mal trocamos duas palavras, dada a correria do momento, você com uma tarefa e eu com outra. Depois é que pudemos sentar e conversar bem. Você se lembra, não é?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Volto a falar com os outros leitores sobre você. Disseram uma vez que amigo é aquele que mesmo quando você fica longe, sem se ver ou conversar por algum tempo, quando se reencontram a conversa volta a fluir naturalmente, como se tempo e espaço não fizessem diferença. É assim que eu me sinto em relação a ela. E creio que seja assim que ela se sinta em relação a mim.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Seja você pejoteiro, pejoteira ou não, torço que tenha amizades assim. De gente que você admire, que aceite ajuda, que seja exemplo, que troque ideias, que te respeite, que te incentive a sonhar mais, que você possa abraçar forte e sorrindo. Que seja companhia na caminhada rumo à utopia, ao sonho maior. Que seja colo e ouvidos. Que sejam falas sinceras. Nem que sejam apenas pelos olhares.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Rogério de Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/05206311881381624007noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8994675472344404784.post-19426494932924998092017-07-29T22:54:00.001-03:002017-07-29T22:54:18.732-03:00A cultura nossa de cada dia<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvyxx0vZXKw699-aThMMfqFdouTKElch749ZX9fSGJvnmOkkky_VPMTW4DKL-05Jq2WjKe2ChlkSoTrBjiOM5Fl3sCLM2bP-lqeyhgrUs696TbA3JEtRoBJfY5H9_OaVTvDeW0UisUrm4V/s1600/pj+norte1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="652" data-original-width="663" height="196" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvyxx0vZXKw699-aThMMfqFdouTKElch749ZX9fSGJvnmOkkky_VPMTW4DKL-05Jq2WjKe2ChlkSoTrBjiOM5Fl3sCLM2bP-lqeyhgrUs696TbA3JEtRoBJfY5H9_OaVTvDeW0UisUrm4V/s200/pj+norte1.jpg" width="200" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Corria o mês de abril do ano de 2010. No dia 21 daquele mês este blog nascia. E vinha ao mundo com uma inquietude que ainda persiste. Por que a Pastoral da Juventude é do jeito que é? E, se tem um jeito, que jeito é esse?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não eram inquietações aleatórias e soltas no vento. Eu aprendi com muita gente, e ainda aprendo, o que é fazer Pastoral da Juventude. Neste sentido, eu já havia rascunhado alguns textos. Cheguei a pensar em publicá-los um dia. Mas a morosidade para concluir este projeto e uma demanda crescente por indicativos que respondessem a pergunta acima me fizeram tomar outro rumo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por onde começar um blog sobre a PJ? Parti da ideia de que a espiritualidade é um dos alicerces da nossa identidade. Os primeiros artigos foram quase todos nessa linha. O texto inaugural questionava: “<i><a href="http://pejotando.blogspot.com.br/2010/04/o-que-e-mesmo-espiritualidade-pejoteira.html" target="_blank">O que é mesmo Espiritualidade Pejoteira?</a></i>”. E partiu, como parte a nossa metodologia, a partir da vida. Dizia assim:</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<a name='more'></a><br /><br />
<div style="text-align: justify;">
“<i>Procure um jovem e pergunte para ele o que ele entende por espiritualidade. Muitos não darão nenhuma resposta cheia de discursos teológicos. Outros dirão que tem a ver com “as coisas de Deus” ou que seria fazer a experiência de Deus. (...) Houve jovens que me disseram que espiritualidade é ver, julgar, agir segundo o Evangelho, seguindo aquilo que o Espírito Santo nos inspira, vivendo como filhos de Deus, sentindo a Deus presente em nossa vida por meio de Jesus Cristo</i>”.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Partir da vida, das experiências concretas é a melhor forma de anunciar e testemunhar o Evangelho. Partilhar conhecimento, vivências, o contato, o afeto é o grande ganho pastoral. A proposta de Jesus pode ser reconhecida a partir do nosso cotidiano e é confrontada através dos sinais de vida e morte que passamos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ambos os sinais estão presentes por todos os cantos. Ignorar um em razão do outro é um erro, pois estamos imersos nos dois e isso faz com que a sociedade em que vivemos seja do jeito que é. Esse é um aspecto cultural. Se ignorar é um erro, o ato de valorizar alguns sinais, aspectos e vivências pode ser uma saída interessante. Vejamos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Voamos no tempo, agora para meados do mês de julho de 2017. A jovem Lidiane deixava o serviço da coordenação nacional da PJ durante a Assembleia Regional do Norte 1. Aqui de São Paulo, eu cheguei a acompanhar remotamente a Assembleia que ocorrera em Roraima. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A PJ é a mesma em todo país, mas em cada canto há particularidades que são próprias de cada região. Havia uma coisa presente naquela assembleia e que acontece muitas outras pelo Brasil afora, como também em nossos seminários, encontros, formações. Em cada localidade em que está organizada, a PJ procura abraçar a cultura local como forma de fortalecimento de nossas raízes e identificação evangélica.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O que isso significa? Que a turma daquela assembleia falava com os e as jovens de lá a partir da realidade em que eles e elas vivem. Assim acontece com a PJ no Nordeste, no Centro Oeste, no Sul e no Sudeste. Parte da riqueza da cultura do Norte estava presente naquela assembleia, pelo que vi nas fotos, pelo que li nos relatos e pelas falas da própria Lidiane.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O primeiro texto do blog dizia que “<i>Se percebemos a presença de Deus no dia a dia das pessoas, notamos que em muitos lugares não há os sinais de vida que estava em Seu plano original. É essa mesma espiritualidade que motiva e movimenta o ser humano à luta pela justiça, pelos direitos dos pobres, para tornar a sociedade mais fraterna e solidária</i>”.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E continuava: “<i>O jovem que vive a Espiritualidade da Pastoral da Juventude tem prazer em celebrar esta fé. Fé que é enriquecida por muitas culturas, visualizada em muitas cores, cheiros e particularidades. Uma espiritualidade que acolhe e dá carinho às pessoas. Que nos move a estar a serviço, em comunhão, com profetismo em defesa da vida até as últimas consequências</i>”.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A PJ, portanto, não faz dualismo e separação entre as coisas de Deus e as coisas do mundo. Vivemos no mundo. Sofremos as injustiças e, por vezes, somos até causadores de algumas. Mas é preciso que sejamos testemunhas dos sinais de vida que o Evangelho aponta.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E, particularmente, não vejo como sermos portadores destes sinais sem partir do chão que pisamos, das relações que fazemos, da cultura que vivemos, fortalecidos pela fé que professamos. Creio que não estou sozinho neste ponto de vista. De ponta a ponta deste país há muitos jovens como a Lidiane e a turma do Norte 1 que professam sua fé e são testemunhas do Reino a partir da realidade em que vivem. Graças a Deus.</div>
Rogério de Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/05206311881381624007noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8994675472344404784.post-11619705711432463562017-07-07T18:31:00.000-03:002017-07-07T18:31:08.628-03:00Sobre identidade e identificação<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMB7h2JFsQ3Q28Xd3Yrgn7VTlhNQFZr7ph3laIeIqxNGWvfvctjd_fjPDjleKzDvMNuq521AnP8SIPGMKSGvGuQZ8aezXqY-OY0SToUefgRHRYxOwjnPP6fRh0_8Rk6AH7mWghLnA887C0/s1600/reuni%25C3%25A3o.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="321" data-original-width="595" height="107" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMB7h2JFsQ3Q28Xd3Yrgn7VTlhNQFZr7ph3laIeIqxNGWvfvctjd_fjPDjleKzDvMNuq521AnP8SIPGMKSGvGuQZ8aezXqY-OY0SToUefgRHRYxOwjnPP6fRh0_8Rk6AH7mWghLnA887C0/s200/reuni%25C3%25A3o.jpg" width="200" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Colega me perguntou o que é “pejotando”. Ele chegou no blog por conta do meu perfil em rede social. Eu respondi que tem a ver com a PJ, com a Pastoral da Juventude e que são publicações feitas para este público. Ele é participante comum das missas então o que eu falei para ele não era de todo estranho. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
De uma maneira geral, para a maioria das pessoas, quando se fala em pastoral se fala de um grupo de pessoas que faz um determinado serviço na igreja, e no nosso caso específico, com a Juventude. E o “pejotar” no gerúndio daria a impressão de um processo contínuo dentro desse serviço.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há um pouco de verdade nesta explicação, por isso é preciso iluminar alguns conceitos. Quem dera pudéssemos fazer esse exercício para outros tantos casos que geram controvérsia. Mas enfim, é preciso jogar um pouco de luz sobre o que seja Pastoral da Juventude, para poder entender o que é este blog.</div>
<br />
<a name='more'></a><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Estas páginas têm recebido visitas várias, de pessoas de fora do âmbito cotidiano da pastoral inclusive. Há pessoas hoje que acham que PJ é uma coisa genérica quando, na verdade, é outra, bem definida, completamente diferente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há uma lição que vem do bê-á-bá da Pastoral da Juventude e que eu imagino que deva ainda ser tratado aqui e ali nas formações iniciais para novos integrantes. É a análise e o debate detalhado do nome da PJ. O nome é sempre um cartão de visitas. E quando o nome tem uma história e um significado conhecidos, metade da conversa pode ser adiantada.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Então, se o “pejotando” vem da PJ, o que significa Pastoral da Juventude? A lição introdutória a qual eu me referi, dizia respeito a analisar, palavra por palavra, o significado do nome. A começar por “Pastoral”.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A ideia genérica posta acima não está de todo errada. Pastoral é o serviço, não o grupo de pessoas que o realiza. Ou seja, se você faz parte de uma pastoral, significa que faz parte de um grupo organizado e articulado que tem por missão realizar um determinado serviço em nome da Igreja. Por que esse nome, pastoral? De onde vem? Vem do termo pastorear, vem da tarefa do pastor.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Jesus é e apresentou a ideia do Bom Pastor. É aquele que dá a vida por suas ovelhas. É quem cuida, quem conhece cada uma pelo nome, que é reconhecido por elas e que corre atrás daquela que se perdeu. É diferente do ladrão que vem para roubar, matar e destruir. O bom pastor quer vida e vida em abundância. (Jo 10,10)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A princípio, chamamos de pastoral estas ações eclesiais que atuam junto às realidades que necessitam da presença da Igreja servidora, testemunha de Jesus Bom Pastor. São várias: Pastoral da Moradia, Pastoral da Criança, Pastoral Carcerária, Pastoral da Mulher Marginalizada, Pastoral da Juventude.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando falamos de “Juventude” fazemos referência a pessoas concretas, substantivas e que vivem as mais diversas realidades. Realidades de gênero, educacionais, geográficas, habitacionais, raciais, físicas, financeiras, de locomoção, históricas, de saúde ou de informação. São muitas juventudes. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas se são tão diversas, como é possível coloca-las num mesmo grupo? Adotam-se os critérios etário, biológicos, sociais e psicológicos. Jovens normalmente estão dentro de uma faixa de idade, num período da vida em que transformações acontecem em seus próprios corpos, quando decisões fundamentais são encaminhadas e posições sociais são debatidas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Uma ação articulada, um serviço da Igreja junto a este grupo tão heterogêneo precisa ser feita com cuidado, planejamento, estudo e levando em conta algo fundamental. Precisa ter a sua frente outros e outras jovens. É a tal da palavra protagonismo. A juventude cria, organiza, articula, decide e encaminha. Essa é a raiz da ideia que o Papa Paulo VI disse certa vez, “<i>Um Jovem evangelizando torna-se um apóstolo da juventude</i>”.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por isso que a PJ é Pastoral DA Juventude e não Pastoral de Juventude, Pastoral Juvenil, Pastoral dos Jovens. O nome diz muita coisa daquilo que se é e daquilo que se quer ser. Em algumas culturas e tradições (até mesmo no catolicismo), as pessoas assumem outro nome quando abraçam uma missão ou uma nova identidade social. E isso ajuda a pessoa ser quem é.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ser Pastoral da Juventude significa que é a juventude, portadora da missão da Igreja, a protagonista na evangelização de outros jovens, ou seja, ser a presença de Jesus onde existam juventudes, em quaisquer Galiléias onde a vida da juventude esteja ameaçada, onde se possa promover vida, esperança, carinho e cuidado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E foi para partilhar um pouco do que aprendi e vivi na PJ, seja do período em que fui jovem ou desse tempo em que me coloco a disposição da assessoria, que este blog foi criado há pouco mais de sete anos. É para divulgar a PJ, para ajudar nas formações, para dar dicas, para provocar outras ideias, para apresentar nossa espiritualidade, ação, organização, para criar a identificação e para fortalecer a identidade. Por isso que é uma ação contínua este pejotar. É por isso que mesmo em marcha lenta eu continuo pejotando.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Rogério de Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/05206311881381624007noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8994675472344404784.post-30190209550899990282017-06-30T18:26:00.000-03:002017-06-30T18:26:42.390-03:00Sobre privilégios<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg53gAqs3norrp8cY4nQeKFxB6spNtyXPkFfroR_eZ1Fe-DVH18_AhOxYq5OByoBD-Mlj4UAuh8Zg2bWZ5esFbe7EkjjGzoKw2umUna7RxfO6mNS7VTpNqRYAH-Kbruxp_qRfSNIAeOCm8f/s1600/privilegio.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="504" data-original-width="700" height="143" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg53gAqs3norrp8cY4nQeKFxB6spNtyXPkFfroR_eZ1Fe-DVH18_AhOxYq5OByoBD-Mlj4UAuh8Zg2bWZ5esFbe7EkjjGzoKw2umUna7RxfO6mNS7VTpNqRYAH-Kbruxp_qRfSNIAeOCm8f/s200/privilegio.jpg" width="200" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Voltava outro dia para casa, vindo de transporte público. Na passarela eu me dei conta que eu era mais alto do que a maioria das pessoas que ali estavam na multidão. Isso era bom para mim, pois me permitia ver mais longe e saber, antecipadamente onde estavam as aglomerações ou algum problema adiante e poder desviar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu voltava para casa, vindo do meu serviço. Vinha bem vestido. Roupa limpa, alinhada, confortável. Houve quem já me dissesse que aquela era "roupa de patrão". (Patrão andando de transporte público, enfim... Mas continuemos). O que significaria essa expressão? Que, assim como a altura, eu estivesse acima da média no padrão de vestimenta. Talvez fosse isso. Ou, provavelmente, mais do que isso.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<a name='more'></a><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Quem são os patrões? Comecemos pelos estereótipos. Homem. Branco. Mais de 40 anos. Bem estudado. Casa própria. Carro próprio. Casado. Filhos em colégio particular. Viaja nas férias. Já conhece o exterior. Manda nos outros.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Tem algo de mim nesses estereótipos. Embora isso não me defina, fala um pouco dos tantos privilégios que reinam em nossa sociedade e nos quais eu posso me encaixar. E fala, principalmente, de tantos preconceitos que precisam ser escancarados para serem combatidos no aspecto econômico e, principalmente, no social.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sim, escancarar os fatos socialmente. Homens são mais valorizados do que mulheres. A pele branca sofre menos preconceito que a pele negra (ou nenhum, nesta comparação). Adultos são mais respeitados do que jovens. O tempo de estudo é critério para você ser mais inteligente do que outra pessoa. Possuir bens, viajar ou falar outras línguas são sinais de status. Ser casado é sinal de estabilidade. Ser heterossexual é símbolo de normalidade.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não é novidade para ninguém dizer que o ser humano é um ser múltiplo. Várias culturas, várias crenças, vários símbolos. Porém, muitos de nós temos a necessidade de classificar as pessoas em categorias para poder entendê-las ou rotulá-las. Pior. Muitos temos o raso conceito de achar que há um binômio que classifica todas as coisas: nós e eles, certo e errado, uma coisa ou outra, o bem e o mal.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por isso que, na mente de muitas pessoas, ser “patrão” é um elogio, é uma coisa boa. Porque é um acúmulo de pontos positivos neste quadro de critérios que as pessoas têm para classificar o mundo. É um modo muito simples de entender o mundo. Mais do que simples, é um modo infantil. Eu percebo isso vendo meus filhos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No entanto, esse modo de classificar as pessoas além de errado é perverso. É errado porque não há esse binômio entre o bom e o mau ser humano. Nenhum dos que hoje aqui vivem podem se dizer complemente perfeitos ou imperfeitos. Há muitas graduações e há diferentes fases na vida de todo mundo. Os cenários em que vivemos e as circunstâncias e decisões que tomamos ou que nos fazem tomar contribuem muito mais para estas definições. E, dadas outras circunstâncias, podemos mudar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E é perverso achar que a cor distingue o caráter, que o gênero reflete nossas capacidades, que idade é o mesmo que maturidade, que estudo é o mesmo que inteligência, que é necessário ter para poder ser, que aparências valem mais do que a identidade e que ser o normal é ser normal, quando a normalidade é no fundo uma convenção. Tudo são ideias abraçadas, preconceitos que permitem a estas pessoas com entendimento infantil poder se sentir mais seguros no mundo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Minhas crenças não me permitem acreditar neste sistema de coisas. Fui aprendendo a ver o mundo de outro jeito tentando conciliar minha fé e minha vida e no diálogo entre as duas aprofundei minha visão das relações humanas participando da Pastoral da Juventude.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Deus nos fez para o bem, para a justiça e para o amor. Ele não faria pessoas melhores e piores, seres humanos de primeiro, segundo e terceiro escalão. Ele não faz distinção entre as pessoas. Como é dito em Atos dos apóstolos, “<i>Ele aceita quem o teme e pratica a justiça, seja qual for a nação a que pertença</i>”. (At 10, 34-35).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Achar que se deve privilegiar o poderoso (patrão) em detrimento do pequeno (ou empregado) também contraria aquilo que acredito. “<i>Não façam acepção de pessoas no julgamento: escutem de maneira igual o pequeno e o grande. Não tenham medo de ninguém, porque a sentença vem de Deus</i>”. (Dt 1,17). E Tiago em sua carta ainda lembra: “<i>Se cumprirem a lei mais importante da Escritura: «<b>Ame o seu próximo como a si mesmo</b>», vocês estarão agindo bem. Mas, se vocês fazem diferença entre as pessoas, estão cometendo pecado</i>”. (Tg 2, 8-9).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um sistema que segrega as pessoas pelos que elas são e, pior, pelo que elas aparentam ser, não é digno de se dizer humano e muito menos defendido por valores cristãos. Jesus não agia assim com as pessoas e seus seguidores devem seguir seu exemplo. Não é a condição em que estamos que vai nos dizer se somos melhores ou piores e sim o bem que fazemos ou deixamos de fazer, a justiça que exercemos ou deixamos de praticar, o amor que negamos ou oferecemos a quem precisa.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E nesta reflexão, cheguei em casa.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Rogério de Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/05206311881381624007noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8994675472344404784.post-32595216061097670752017-05-06T13:58:00.000-03:002017-05-06T13:58:38.820-03:00Sobre estar atento aos sinais<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgvdHINT109ZnrgHLCECxevltep42Msir6Bp5_fY3PzyjknoiAk2KPHpewBOyX2G6hTaMImDS3i-2twLZhM6Kxo_FYKW_gsgcarxIL3I5Q9f3MNnXmUGB1z2e_osL0zK-ojn8NWt4nnUCd/s1600/so_multidao.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgvdHINT109ZnrgHLCECxevltep42Msir6Bp5_fY3PzyjknoiAk2KPHpewBOyX2G6hTaMImDS3i-2twLZhM6Kxo_FYKW_gsgcarxIL3I5Q9f3MNnXmUGB1z2e_osL0zK-ojn8NWt4nnUCd/s200/so_multidao.jpg" width="200" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Há pessoas por todos os lados. Na sala de aula, no transporte público, do lado de lá do vidro, do trilho, do biombo do escritório, no banco da igreja, da praça, nas filas, nas vilas, nas famílias e nas calçadas cheias de caminhantes. A gente tropeça em pessoas. A gente ouve seus gritos e conversas em boa parte do dia. Há mesmo muita gente. Estamos cercados por eles e elas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há tantas pessoas sozinhas. </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<a name='more'></a><br /><br />
<div style="text-align: justify;">
Solidão não é falta de pessoas ao redor. É falta de gente na vida. Não de gente que dê pitaco, aponte o dedo ou relembre dos erros. Não. Não de gente só com boca, mas de gente com ouvidos, com ombros, com colos disponíveis.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dias atrás, muita gente falou da tal da Baleia Azul. O assunto meio que sumiu (eu ia escrever "meio que morreu"). O problema da falta de acompanhamento das crianças, da solidão e frustração adolescente, do suicídio juvenil continuam aí. Não é mais pauta do dia, porém.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu sou adulto e sei que tenho alguns mecanismos pra poder espantar a solidão e para lidar com minhas frustrações. Quando estas situações parecem que vão virar um problema, porém, eu preciso sempre de alguém para me ajudar, seja o aconchego da família, uma seção de psicoterapia, um aconselhamento espiritual ou só de um par de ouvidos atentos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há muita gente sozinha, sofrendo e sem ter um mínimo de esperança de achar uma luz. Pode ser até que tenha alguém aqui, no meu círculo de amizades, entre os amigos dos meus amigos, na roda familiar. Certamente tropeço em algumas delas todos os dias nas ruas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quantas dessas pessoas acham que a vida perdeu o sentido ou que não aguenta a pressão dos compromissos, ou se acha inútil, indiferente aos demais, ou que se frustra por não conseguir render, aprender, realizar tarefas como antes? Muitas. Quantas não conseguem lidar com essa situação? Várias. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Já dizia Renato Russo que "O mal do século é a solidão. Cada um de nós imerso em sua própria arrogância esperando por um pouco de afeição". A gente desenvolve pouco a empatia. “Já temos tantos problemas, para que se envolver com os dos outros?”. Porque a gente se enriquece com a vida do outro. E é preciso que esses sentimentos sejam conhecidos para que possam ser compreendidos e trabalhados.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Muitos de nós convivemos em grupos, sejam os pastorais, escolares, profissionais, de amizade, familiares, da rua, do clube, de onde for... Nem sempre a gente sabe como a pessoa está ou pelo que ela passou, mesmo nos momentos anteriores a um possível contato ou encontro. Sei que é pouco, mas um sorriso, um bom dia, dirigir-se a ela pelo seu nome, perguntar sobre o seu dia, distribuir sinceros elogios já ajuda. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando alguém nos procura para conversar, sei que a correria do cotidiano e dos tantos compromissos nos atrapalha, mas é muito importante estar disponível para ouvir, sem preconceitos ou pré julgamentos. Isso ajuda ainda mais. Sair de si e entrar no mundo do outro. Deixarmos de estar imersos em nossa própria arrogância. E há outras coisas que podemos fazer.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se estivermos à frente de um grupo, uma atitude bacana é ajudar estas pessoas a desenvolverem empatia, a olhar o mundo pelos olhos dos outros, a serem confrontados em situações “e se fosse você”, mas com profundidade e caridade.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se convivermos com crianças, adolescentes, jovens ou idosos, é saudável termos disponibilidade para acompanha-los em suas rotinas, ouvir suas histórias, ser e fazer-se presente em suas vidas. E procurar distinguir até onde se pode entrar ou estar sem que isso se torne “invasão”. É muito difícil, mas é essencial compreender este limite.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não digo, porém, que nossas relações todas precisam deste caráter terapêutico. Sei que não é possível. E não é necessário que seja. Mas é preciso que saibamos cuidar das pessoas dentro do nosso convívio e a sermos bem educados com todos e todas. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Cuidado e educação ajudam. Sei também que não sou especialista em depressão, suicídio ou solidão, nem estudei sobre isso... Mas ao menos para mim, quando a tristeza bate, isto tudo me ajuda. E acho que pode ajudar os outros também.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Rogério de Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/05206311881381624007noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8994675472344404784.post-32933103179260227982017-04-21T00:46:00.000-03:002017-04-21T00:46:16.439-03:00Sobre riscos, fundamentalismos e resgate histórico<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6AZuAdTYS7SGuMP3GPqmokUJN-TN1m1SxAHc5m0OYxWAen7mx9lHdEJnOWQDeuZkWgiqzKzBh1g7XUJ6lqJ8_FKXmWmlI9v1hQ8qzY2GfHnkB5rA9PUnZ0sG3yr073Rv2uJvU3VpH1ySZ/s1600/olharpratras.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="149" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6AZuAdTYS7SGuMP3GPqmokUJN-TN1m1SxAHc5m0OYxWAen7mx9lHdEJnOWQDeuZkWgiqzKzBh1g7XUJ6lqJ8_FKXmWmlI9v1hQ8qzY2GfHnkB5rA9PUnZ0sG3yr073Rv2uJvU3VpH1ySZ/s200/olharpratras.jpg" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">Conhecer
alguém é sempre um risco (ou vários). Risco de gostar dessa pessoa, risco de
querer saber mais de sua vida, seus gostos e sua história. Claro que há quem já
tenha vivenciado o tal do amor à primeira vista, mas isso, nem sempre isso é
imediato. Na via das paixões, a grande tendência é que, convivendo, a gente perceba
aqui e ali algumas características que vão criando os tais encantamentos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Sim,
isso acontece de pessoas com pessoas. Mas também acontece de pessoas com ideias
e de pessoas com propostas. Claro. Da imensa multidão de pessoas que você
conhece, não é por todas que você se apaixona. Da mesma forma, há uma
quantidade imensa de proposições, ideologias, linhas de pensamentos, religiões,
filosofias, modos de vida que você também não abraça.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<a name='more'></a><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Quero
crer, no entanto, que, da mesma maneira que há aquela pessoa que mexeu, mexe ou
um dia mexerá com seu coração de uma maneira diferente, também há no mundo das
ideias e propostas aquelas as quais você dará maior atenção e que guiarão seu
modo de vida ou moldarão sua maneira de ser.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Amor
e paixão são assuntos empolgantes, mas delicados. A gente corre o risco (olha
aqui ele de novo) de perder a racionalidade. Falar mal do time do coração, da
religião que se professa, da pessoa amada, do partido ao qual se é filiado, do
modus operandi dessa ou daquela instituição que se admira, é um campo fértil
para a discussão e a intolerância. Diariamente eu vejo isso nas redes sociais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Mas
não há escapatória. O método dialético, descrito de forma simples, aponta que
nenhuma síntese, nenhum novo modelo, pode aparecer se não for confrontada a
tese (ou a situação atual), com sua antítese. Pelo modo racional e rasteiro de
dizer, deixar de discutir com alguém (antítese) porque ela não vai mudar de
opinião (tese) é acreditar que não vale a pena achar alternativas (síntese).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Num
mundo onde o fanatismo tem crescido, de fato, esta tarefa dialética tem se
mostrado cada vez mais difícil. Pessoalmente acho o confronto pouco produtivo.
As pessoas estão armadas, cercadas, bloqueadas contra o confronto. Os tais
muros estão cada vez mais sólidos e fortificados. Bater de frente não é uma boa
alternativa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Se
confrontar não é uma boa, talvez uma alternativa mais favorável fosse resgatar.
Resgatar a história. Entender porque se chegou àquele momento, daquela maneira.
Compreender em que ponto ou em que curva não se pôde mais voltar atrás ou achar
um novo caminho. Pessoalmente creio que a contraposição histórica e
fundamentada tem dado melhores resultados que a pura argumentação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Eu
tenho para mim que na PJ procuramos fazer isso e que talvez por essa razão
nosso povo não seja tão fanático como alguns por aí nos pintam. Claro que às
vezes a gente erra, esquece-se de olhar o passado e fica fascinado pelo futuro
que se pode construir. Claro que frequentemente a gente bate de frente com
pessoas carregadas de argumentos pouco sólidos, mas que construíram para si um
muro resistente a este tipo de argumentação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Desde
a Ampliada de Crato eu venho pensando nisso. Na necessidade de olharmos,
entendermos e refletirmos nossa história, nossas opções e de por que aqui ou
ali houve uma curva, um recuo. Pensar nisso também é um risco, porque a
interpretação histórica é sempre um ponto de vista a partir do lugar de quem a
escreveu ou a defende. E, nos tempos em que vivemos, apresentar um ponto de
vista é abrir o processo, não para o debate, mas para o enfrentamento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Resolvi
então resgatar alguns livros que tenho em casa. Quis tentar juntar o meu olhar
ao de tantos outros que escreveram a história antes de nós. Quis também ampliar
o meu horizonte. Já falo de história pastoral há algum tempo. Mas quis entender
de onde estas outras pessoas escreviam, para quem e por que deixaram seus
pontos de vista.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">A
PJ, tal qual a pessoa pela qual a gente se apaixona, vai nos conquistando pelo
processo, pela aproximação, pelo cotidiano, pelas opções. Quem se abre para a
experiência, encara o risco de encontrar um propósito pelo qual valha a pena
dedicar a vida. E o melhor: ela nos faz enamoradas/dos não de si, porque ela
não anuncia a si própria, mas de um jeito de viver a proposta de Jesus.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Foi
buscando porque somos o que somos e temos o jeito que temos que, como coloquei
acima, vasculhei alguns dos livros de casa. Um deles me deu a chave. O livro “O
Caminho se faz”, do padre Hilário Dick diz logo pela metade do seu primeiro
capítulo que a Pastoral da Juventude do Brasil herdou 10 características de um
modelo de organização chamado Ação Católica. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Ação
Católica. A gente sempre fala dela quando o assunto é a História da PJ. Mas creio
que vasculhar um pouco as suas motivações, história, apogeu, método e processo
deve nos ajudar a entender também e a realizar um pouco do nosso próprio
resgate, para que não caiamos nas armadilhas históricas e que saibamos nos
resguardar dos fundamentalismos. Compreender melhor tudo isso é assumir o risco
de reinterpretar ou reassumir o que somos, mas também de nos apaixonarmos mais
pela proposta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">Mas isso fica para um
próximo texto.</span><br />
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><br /></span>
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">--------------------------------------</span><br />
<span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 115%;"><span style="font-size: xx-small;">Porque nesse texto há uma comemoração implícita pelos 7 anos do blog.</span></span>Rogério de Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/05206311881381624007noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8994675472344404784.post-68806329621711641442017-02-07T17:03:00.000-02:002017-02-07T17:03:18.435-02:00Ampliada da PJ em Crato. Minha visão<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj16hCd1t7ZeKIkTSh2nTD83Y-lgHQ5BSauFs3MYUsV9PglTIAD0juQyerpG8OPbTi-NTuo3msWHMIVSKDrSuvszqUGnzRPjA-vcytgFrWWaukTPRmyXvU06aAtkieEjY1HMp5snPqxuCev/s1600/IMG_20170126_230047439.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="112" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj16hCd1t7ZeKIkTSh2nTD83Y-lgHQ5BSauFs3MYUsV9PglTIAD0juQyerpG8OPbTi-NTuo3msWHMIVSKDrSuvszqUGnzRPjA-vcytgFrWWaukTPRmyXvU06aAtkieEjY1HMp5snPqxuCev/s200/IMG_20170126_230047439.jpg" width="200" /></a>Quem leu o texto anterior (<a href="http://pejotando.blogspot.com.br/2017/02/algumas-historias-anteriores-ampliada.html" target="_blank">clique aqui se quiser ver do que se trata</a>) teve uma rápida passada de olhos sobre alguns aspectos que eu considerei relevantes para entender onde a Ampliada de Crato estava fundamentada. Foi baseado em nesta visão histórica e na perspectiva de que a Ampliada trabalhasse algumas linhas prioritárias para a ação que a proposta metodológica foi desenvolvida. Pensou-se em organizar o tempo da semana que estaríamos reunidos de acordo com os cinco olhares do nosso método pastoral, não como "caixas separadas", mas com uma interação entre cada parte: Ver a realidade, Julgar a partir dos critérios da nossa fé, Agir de acordo com os elementos já fornecidos, Rever o caminho feito e Celebrar a cada dia os passos firmes que foram dados.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<a name='more'></a><br /><br />
<div style="text-align: justify;">
Sabíamos e queríamos que, ao utilizar este método, todo momento deveria ser provocativo, poderia nos incomodar e dizer que algo estava fora do lugar. E nesta Ampliada isto começou logo cedo. Dirigimos o olhar para nossa realidade, para nossas Galileias, para nossa organização. Quando se tem sentimentos de indignação e de empatia, colocar-se nestes lugares revela a necessidade de que algo precisa ser feito.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas não pode ser feito de qualquer maneira, existem critérios. A fé católica é centrada na pessoa de Jesus e na sua missão. Isto foi rezado, meditado, refletido através da Leitura Orante da Bíblia e durante a subida e caminhada ao Horto do Padre Cícero. Uniram-se aí dois elementos tradicionais que vem sendo resgatados pela PJ há alguns anos: a Lectio Divina e o valor das devoções populares.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E foi olhando para esta proposta que o momento do Julgar procurou tratar os temas. Partiu-se da proposta libertadora de Jesus, olhou-se para a proposta da Igreja e da Pastoral da Juventude. Ainda nesta perspectiva foi refletida a eclesiologia apresentada pelo Papa Francisco: uma Igreja em saída. “Saída para onde?”, questiona a Ampliada. “Ide para a Galiléia. Lá eles me verão”, é a resposta mais clara e objetiva. Tem-se um olhar histórico e pedagógico da caminhada até então e uma reflexão a partir do ponto de vista feminino, como resgate do histórico apresentado no texto anterior.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sabendo qual chão que estamos pisando e para qual horizonte precisamos ir, é preciso avaliar como estamos e se estamos preparados para isso. Foi realizada previamente uma consulta junto aos regionais, dioceses e grupos. O resultado destes instrumentais daria um texto a parte. Um primeiro olhar bem superficial a respeito das respostas que foram enviadas apontaria que somos muito severos em nossas avaliações. Mas este não é o caso exatamente. Do Nacional aos Grupos de Jovens, nenhuma instância está livre de problemas, seja de ordem pessoal, econômica, de relacionamento pastoral ou mesmo estratégico.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A organização por instâncias (tal qual toda a Igreja no Brasil) é vista por muitos como um peso. A questão da representatividade que pouco contribui também é outro peso. O excesso de responsabilidades e o acúmulo de funções e tarefas se tornam mais desgastantes conforme o nível de representação também aumenta. É preciso ter mais clareza quando alguém é escolhido para um serviço pastoral. É responsabilidade de quem indica que a pessoa seja realmente capacitada para o serviço e é responsabilidade de toda equipe que acolhe que ninguém esteja sobrecarregado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dado esse panorama fez-se necessário dar foco na missão. Organizados nos quatro eixos pastorais (Articulação, Ação, Formação, Espiritualidade), delegados e delegadas foram discutir como responder às demandas das Galileias juvenis dentro de cada eixo. Por fim, todas as respostas que foram sistematizadas acabaram sendo escritas em grandes pétalas de papel em apresentadas num formato de flor.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Durante a noite, fez-se a escolha/votação mais simbólica e mística que eu já pude presenciar. As flores estavam postas num gramado, os presentes ao redor delas rezando, cantando e dançando uma ciranda. Todas e todos puderam ler as propostas sistematizadas e com adesivos coloridos indicar quais delas seriam escolhidas como ações prioritárias para os próximos três anos e também qual, dentre elas seria uma prioridade transversal, ou seja, que passaria por todos os eixos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Foram indicadas as seguintes prioridades:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>ESPIRITUALIDADE</b></div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
Reafirmar a espiritualidade libertadora (ofício, Leitura Orante da Bíblia, escolas populares de liturgia, Bíblia, etc.) visando despertar a espiritualidade do cuidado.</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>AÇÃO</b></div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
Promover uma campanha para enfrentamento dos ciclos de violência (simbólica, psicológica, financeira, doméstica, sexual e midiática) contra as mulheres.</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>FORMAÇÃO</b></div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
Repensar a forma como trabalhamos a formação integral, considerando a importância e necessidade de aproximar, conhecer as diversas Galileias Juvenis, dinamizando as ações, adotando os direitos humanos como um tema transversal/gerador que perpasse as dimensões.</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>ARTICULAÇÃO</b></div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
Aproximar e estabelecer parcerias com as pastorais e organismos sociais que possibilite uma ação transformadora nas várias realidades juvenis e ao mesmo tempo garantir viabilidade e fortalecimento de nossa organização e formação ampla.</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>TRANSVERSAL</b></div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
Formação bíblico-teológica para redescobrir o ser humano a partir da sua integridade, com um olhar especial para o feminino.</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Desenvolver cada uma delas é um trabalho riquíssimo. Há dezenas de possibilidades para cada uma e outras tantas para trabalhos inter-relacionados. Foi esse o trabalho do dia seguinte: detalhar cada uma dessas prioridades para que pudessem ser mais bem trabalhadas pelas instâncias pastorais.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Fazia-se necessário ainda discutir como a PJ Nacional se organizaria para dar conta destas demandas. A estrutura atual daria conta? Seria preciso repensar os serviços, tarefas, representatividade, acompanhamento para que a missão pudesse dar resultados.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um ponto importante decidido é que a PJ não se organizaria mais pelos projetos nacionais, que deixaram de ter este nome e foram transformados em linhas de ação. Por quê? Porque é assim que boa parte das dioceses e grupos vem trabalhando. Porque desta forma desburocratiza as instâncias. E também porque assim se amplia mais o horizonte de ação e se contempla mais efetivamente as prioridades elencadas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dentro do aspecto organizacional, a secretaria nacional era uma grande preocupação. Chegamos à Ampliada com um cenário posto: dos indicados para este serviço, todos declinaram do convite, ou seja, não havia quem escolher naquele momento. Duas medidas foram tomadas: o serviço seria remodelado, priorizando o aspecto missionário e redistribuindo o serviço burocrático e documental entre os membros da coordenação nacional, e o processo de escolha seria reaberto. Foi a melhor decisão ao meu ver. E é nisto que a coordenação nacional da PJ está trabalhando.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando foi analisado o serviço da assessoria nacional, houve a primeira e única grande divergência. Diante dos quatro cenários possíveis e propostos previamente pelos grupos de trabalho não houve consenso ou escolha por uma ideia que gerasse coesão. Neste sentido todas elas foram levadas pela equipe de sistematização para discussão em plenária. Uma quinta possibilidade foi criada na hora.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O processo então se tornou um tanto confuso. Abertas defesas, contestações e esclarecimentos, partiu-se para a votação. Foi aprovada por um voto de diferença que a nova CNA deveria ter cinco assessores, um por região geográfica. A proposta que estava nesta disputa era manter o formato atual de seis assessores sem a obrigatoriedade de região. Nenhuma outra teve votos. Não houve abstenções.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dois dos cinco indicados presentes compreenderam que houve uma alteração no processo prévio de indicações e retiraram seus nomes. Os delegados ficaram divididos novamente. Havia quem apoiasse essa decisão, quem a contestasse e quem não estava entendendo nada. Isto culminou num mal estar geral. Por ser a última deliberação antes das eleições, ficou a impressão de fracasso e alguns diziam ser este o fim da PJ. Mas crer nisso é um erro, erro enorme. Não foi um fracasso. Foi uma crise na organização, não na missão. Dizer isto não é colocar panos quentes. O mal estar foi real e não havia como encaminhar o restante das discussões. A plenária foi suspensa até o dia seguinte.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A Comissão Nacional de Assessores se reuniu a parte e depois com todos os indicados para o serviço a fim de pensar numa melhor proposta de encaminhamento. Fez-se posteriormente a conversa com a Coordenação Nacional da PJ e chegou-se a deliberação a ser proposta à plenária de que o processo de indicação para a assessoria nacional também seria reaberto, juntamente com a Secretaria Nacional, para novas indicações de nomes dentro da proposta aprovada. Com exceção dos indicados que retiraram seus nomes, os demais se mantiveram neste novo processo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não houve votações no domingo, último dia; utilizamos a manhã para que as conversas de corredor pudessem ser expostas e as pessoas pudessem expressar seus sentimentos. Partimos em seguida para a missa de envio. Foi um momento necessário e marcante também, ao menos para mim. Muita emoção e ressignificação dos processos vividos. Muitas lágrimas e abraços sinceros. Homenagens a toda turma que trabalhou, mas destaco aqui uma atenção especial à turma do Ceará, gente bonita e dedicada que garantiu todo o suporte para que a atividade pudesse correr adequadamente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Hoje, olhando o que vivemos e após muitas e muitas conversas, tenho um olhar de esperança. A ideia de fracasso não se sustentou. As pessoas voltaram para suas realidades com o impulso de que muita coisa tem que ocorrer ali, no chão concreto onde pisam. Por quê? Porque quando se olha para as prioridades definidas, percebe-se que são possibilidades reais, processualmente bem discutidas, surgidas de anseios postos e perfeitamente aplicáveis.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aí você volta sua atenção para a história da PJ, para estes mais de 40 anos, e percebe que divergências fazem parte do processo e que discordâncias muito maiores já aconteceram. Percebe também que após cada crise a PJ sai mais fortalecida e com soluções criativas. E ainda mais. Olhando pra história de uma forma geral a gente sabe que quem se dividiu perdeu espaço e foi minguando. Jesus já disse isso. Portanto, é fato que o momento pede união em torno das propostas aprovadas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É preciso que se diga que muita coisa precisa ser redescoberta, outras revigoradas e outras ainda ganharem um novo formato (Feliz de quem entende que é preciso mudar muito pra ser sempre o mesmo. - Dom Hélder Câmara). Creio que, olhando para as prioridades, há várias possibilidades para que sejam colocadas em prática. Mas falar disso é pra outro momento.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Olhem para suas realidades. Já tem muita coisa acontecendo e creio que a partir de agora teremos muito mais. Relatem. Divulguem. Daí, basta caminharmos unidos, tendo em vista o horizonte lá na frente e semeando as flores ao longo dessa jornada. Há muitas chances de deixarmos este legado florido para quem vem depois de nós. E então eles e elas poderão realizar um belo trajeto.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Rogério de Oliveirahttp://www.blogger.com/profile/05206311881381624007noreply@blogger.com0