Pensando as reuniões – Parte 1

Há muitos grupos de jovens em nossas comunidades. Uma carência que percebo em muitos daqueles que conheço é o amadorismo de algumas lideranças e a falta de um planejamento. Quando falo amadorismo, eu me refiro a uma falta de preparação para coordenar um grupo. Normalmente são jovens excelentes e com muita boa vontade, mas sem uma visão de que o seu trabalho de evangelização está ligado a algo maior e que deve ser feito com uma melhor qualidade também. Uma das maneiras de melhorar esta qualidade no serviço da coordenação de um grupo é a elaboração de um planejamento bem feito. É sobre este assunto que iremos conversar neste e nos próximos três artigos.



8. Você dedica tempo para seu Grupo?

Pode parecer bobo perguntar isso e de fato não é uma pergunta que alguém faria para mim. Ao contrário, é uma pergunta que eu faço quando me questionam a respeito da boa relação de um grupo que não progride e vive patinando nos mesmos problemas. Parece até pergunta de auto-ajuda. Mas não é.

Perceber o tempo que se dedica ao grupo mostra qual o grau de prioridade que se dá a ele. Isto inclui o tempo da reunião em si bem como o tempo que se usa nas conversas com os participantes do grupo, pessoalmente ou informalmente. Mas o aspecto que eu considero muito importante é o tempo utilizado nas horas de preparação para a reunião.

Quando alguém da coordenação do grupo vai para um encontro de formação da PJ eu considero este um momento de dedicação ao grupo. Quando se para com a finalidade de ler e estudar um bom livro que vai aprofundar determinado tema no grupo, também considero tempo dedicado aos jovens.

Eu pessoalmente acredito que uma equipe de coordenação que compartilha as responsabilidades na preparação e condução do grupo uma das melhores soluções para que se superem com mais facilidades os problemas que surjam. Mas a equipe precisa ver que datas e horários são melhores para se reunirem, estudarem bem os temas dos encontros e pensar que dinâmicas serão aplicadas.

Dedicar um tempo bom para a preparação dos encontros e momentos dos grupos é um dos segredos para evitar o amadorismo e para que o grupo perceba que a coordenação faz um trabalho bem feito.

9. Tem algum segredo para fazer uma boa programação?

Além de dedicar tempo para a preparação dos encontros, conforme dito na pergunta anterior, há sim alguns “segredos” para que a programação de um grupo seja bem feita.

É preciso ter uma clara noção a respeito da etapa em que o grupo está e qual o perfil dele. Sendo um grupo que iniciou a pouco tempo, é importante valorizar os momentos de integração, de conhecimento, das dinâmicas. Sendo um grupo de algum tempo de caminhada, investir em aprofundamento de temas ligados à missão da Igreja, à importância dos movimentos sociais, da vida e ação de Jesus. Se for um grupo de periferia, usar de temas ligados à sua realidade, se é um grupo da região rural, cabe a mesma observação.

Outra dica diz respeito à ligação entre os temas. Se a coordenação tem clareza sobre a etapa em que o grupo se encontra, os temas daquela etapa devem se complementar. Não tem sentido tratar da importância do trabalho grupo de jovens num domingo e no outro falar da distribuição de terras no Brasil. Embora sejam ambos temas importantes, eles não se ligam.

Mais uma dica: quando se pensa na programação de um grupo de jovens, independente do tema a ser trabalhado é preciso pensar no tripé da PJ: formação, espiritualidade e ação. Este tripé deve estar presente nos encontros, atividades, reuniões do grupo. A formação da PJ contempla a pessoa como um todo, por isso é chamada de formação integral. A espiritualidade é o que dá o elo, une o grupo ao ideal cristão e não deixa os jovens desanimarem. A ação faz com que o grupo perceba que é preciso sair do habitual, do comodismo e que é preciso transformar a “fé em obras”.

A programação do grupo deve ser criativa e sortida para que a caminhada não caia na mesmice. Se a coordenação do grupo não domina todos os temas, é preciso escolher boas pessoas que possam apresenta-las de maneira a envolver os jovens.

E, sendo um grupo ligado à PJ, a programação do grupo deve estar ligado ao calendário da paróquia, diocese, setor e nacional. O grupo não está isolado. É preciso não estar e nem se sentir só. Pastoral se faz em conjunto. Planejamento também.