A avaliação é um dos processos mais ricos dentro da caminhada de um grupo de jovens. Se for bem feita, pode ajudar com que o grupo melhore significativamente a sua ação pastoral e o seu próprio envolvimento enquanto grupo. Este artigo visa apontar três preocupações: quando fazer a avaliação, como trabalhar os momentos de tensão e conflito durante as avaliações e apresentar algumas dicas. Vamos às questões.
16. Quando fazer a avaliação no grupo?
A avaliação, na prática, é um procedimento constante e necessário. O que normalmente se faz é reservar um encontro ou parte dele para fazer a avaliação de uma atividade, encontro em si ou evento que o grupo tenha feito, participado, assistido ou acompanhado.
Mas se reservamos um momento especial para que a avaliação aconteça, porque se diz que ela é um procedimento constante? Não nos enganemos. Da mesma maneira que a coordenação do grupo fica atenta aos detalhes do encontro, prevendo possíveis falhas e analisando as reações dos participantes (e se não faz isso, deveria fazê-lo), os jovens do grupo também (em especial grupos da PJ) analisam o encontro, vendo se um momento encaixa no outro, se eles se ligam de alguma maneira ou se alguma coisa ficou perdida.
Momentos de avaliação possibilitam que a coordenação conheça melhor o seu grupo. Por experiência própria digo que já vi jovens se exporem durante estes momentos de uma maneira que não haviam feito durante encontros a fio. A oportunidade dada ao jovem de falar é um instrumento pedagógico de mudança do ambiente, desde que ele perceba que a sua contribuição, crítica ou sugestão podem ajudar a redirecionar algo na caminhada do grupo. A escola, a família e a sociedade em geral não dão esta oportunidade ao jovem de falar para transformar.
17. Como “limpar a roupa suja” no grupo?
Já vi grupos se desmancharem por intrigas, conversas mal resolvidas e posturas mal interpretas. Uma colega de pastoral me disse uma vez que a vida em grupo é um constante pisar em ovos. Já vi gente sair de si, especialmente quando acontecem momentos avaliativos. É gente descarregando nos outros frustrações; são erros de alguém que incomodam muitos do grupo; é isso, é aquilo e é aquilo outro também. Existe alguma maneira de minimizar estes conflitos ou ainda de revertê-los de forma positiva?
A Pastoral da Juventude aponta como um dos instrumentos para a prática constante da Revisão de Vida (RdV) e a Revisão de Prática (RdP). Em alguns lugares, estes instrumentos são chamados de Revisão de Vida e Prática (RVP). São momentos propícios para os integrantes do grupo olharem para as próprias vidas e para a própria ação pastoral e realizarem o contraponto com a proposta evangélica. Todo grupo entra para a revisão, inclusive a equipe de coordenação. É importante que os grupos possuam uma assessoria madura para ajudar nestes momentos.
Costuma-se dizer que no uso destas técnicas a prática precede a teoria. No início se faz necessário o acompanhamento de alguém mais experiente, que ajude a ver a realidade e julgá-la a partir dos critérios da Palavra de Deus para que se tenha uma mudança de atitude. Estes instrumentos podem ser aplicados em reuniões, sem a necessidade de explicar em profundidade a sua metodologia.
Dedicar-se à RdV é situar-se diante da vida e diante de Deus, na qual a prática é fundamental. Exige uma decisão. Faz-nos, aos poucos, mais sujeitos não só de nossa história pessoal, mas da história da sociedade. Por isto convém cultivar uma espiritualidade encarnada, que assuma a revisão de vida e a centralidade da Palavra de Deus, amadurecendo o discipulado, estimulando a mística do serviço, redescobrindo a importância dos testemunhos da fé, celebrando a vida e motivando o jovem à oração diária.
O objetivo último da Revisão de Vida e Prática é superar a consciência ingênua das coisas, a fim de chegar a uma consciência crítica e objetiva da realidade para, depois, tomar decisões adequadas, reconhecendo a realidade injusta na qual vivemos e transformar a história. Para que isto aconteça, entretanto, é necessário estar disposto a mudar de vida.
Quando se fala na RVP é fundamental levar em conta a dimensão pessoal da própria vida (afetividade, sexualidade, relação com a família, vida profissional, vida de fé), atingindo os jovens em todas as dimensões do crescimento humano. A avaliação desta dimensão pessoal é assegurada quando o grupo garante a Revisão de Vida, não privilegiando apenas a Revisão da Prática. Aliás, a RdP é muitas vezes entendida como avaliação da caminhada do grupo. É muito mais do que isto. É revisão da prática de cada integrante e do grupo em si.
A RdP pode ser entendida como integrante da RdV. Esta revisão é de toda existência, não apenas externa ao ambiente do grupo, e não apenas interna ao mesmo. É o instrumento de melhor eficácia no sentido da “formação na ação e pela ação” com as dinâmicas que são próprias das duas práticas. A RdV ajuda o jovem a agir social, política e religiosamente, procurando transformar o ambiente onde atua, julgando sua ação e corrigindo-a.
São instrumentos que acabam com os conflitos? Não. Mas, sendo bem vivenciados nas diferentes etapas de vida do grupo, podem ajudar a minimizá-los e a transformá-los.
18. Tem dica para fazer uma avaliação que motive?
Tem sim. A primeira é ter clareza do que se quer avaliar para que se possa optar pela melhor maneira de realizar esta avaliação. Já vi muitas avaliações mal feitas que eram instrumentos de frustração ao invés de mudança. Avaliar coisas demais é um erro. Avaliar eventos, atividades ou situações para coisas que o grupo não tem como gerenciar é outro erro.
Uma segunda dica é preparar bem o momento ou encontro avaliativo. Se vão se fazer perguntas, que elas estejam preparadas de ante-mão. Se vão fazer por escrito, que o material esteja separado. Se vai acontecer divisão em grupos, que o momento seja bem montado.
Que durante a avaliação, todas as contribuições sejam bem aceitas, mesmo que a coordenação não concorde com elas. E que todos sejam incentivados a falar. Que se elogie quando alguém do grupo que normalmente não fala, expresse uma opinião. Mas que isso não aparente uma “forçação de barra”.
Que a coordenação tenha clareza da etapa em que o grupo está para que não se force demais o passo, mas que ele seja incentivado a ir além da mesmice. A avaliação é momento de ir além.
Que as pequenas intrigas entre os participantes sejam trabalhadas antes deste momento, em particular, se for possível. Expor ao grupo conflitos particulares não ajuda na caminhada.
Se aceitamos fazer uma avaliação é porque acreditamos que possa acontecer algum “progresso” no grupo. Mas como medir este “progresso”? O processo avaliatório está dentro do bom uso do método de trabalho pastoral. E, como foi falado anteriormente, o método é o caminho adotado para se alcançar um objetivo. E se avaliamos porque queremos saber o quanto progredimos na busca do objetivo, é preciso que o grupo aponte antecipadamente quais são os indicadores para o objetivo geral e para os objetivos específicos do grupo. E isso vai da característica de cada grupo.
Por fim, é bom se ter clareza de que a avaliação no grupo não deve ser um momento raro, mas constante. E por isso é bom que ela esteja bem documentada, para que a história não se perca.
16. Quando fazer a avaliação no grupo?
A avaliação, na prática, é um procedimento constante e necessário. O que normalmente se faz é reservar um encontro ou parte dele para fazer a avaliação de uma atividade, encontro em si ou evento que o grupo tenha feito, participado, assistido ou acompanhado.
Mas se reservamos um momento especial para que a avaliação aconteça, porque se diz que ela é um procedimento constante? Não nos enganemos. Da mesma maneira que a coordenação do grupo fica atenta aos detalhes do encontro, prevendo possíveis falhas e analisando as reações dos participantes (e se não faz isso, deveria fazê-lo), os jovens do grupo também (em especial grupos da PJ) analisam o encontro, vendo se um momento encaixa no outro, se eles se ligam de alguma maneira ou se alguma coisa ficou perdida.
Momentos de avaliação possibilitam que a coordenação conheça melhor o seu grupo. Por experiência própria digo que já vi jovens se exporem durante estes momentos de uma maneira que não haviam feito durante encontros a fio. A oportunidade dada ao jovem de falar é um instrumento pedagógico de mudança do ambiente, desde que ele perceba que a sua contribuição, crítica ou sugestão podem ajudar a redirecionar algo na caminhada do grupo. A escola, a família e a sociedade em geral não dão esta oportunidade ao jovem de falar para transformar.
17. Como “limpar a roupa suja” no grupo?
Já vi grupos se desmancharem por intrigas, conversas mal resolvidas e posturas mal interpretas. Uma colega de pastoral me disse uma vez que a vida em grupo é um constante pisar em ovos. Já vi gente sair de si, especialmente quando acontecem momentos avaliativos. É gente descarregando nos outros frustrações; são erros de alguém que incomodam muitos do grupo; é isso, é aquilo e é aquilo outro também. Existe alguma maneira de minimizar estes conflitos ou ainda de revertê-los de forma positiva?
A Pastoral da Juventude aponta como um dos instrumentos para a prática constante da Revisão de Vida (RdV) e a Revisão de Prática (RdP). Em alguns lugares, estes instrumentos são chamados de Revisão de Vida e Prática (RVP). São momentos propícios para os integrantes do grupo olharem para as próprias vidas e para a própria ação pastoral e realizarem o contraponto com a proposta evangélica. Todo grupo entra para a revisão, inclusive a equipe de coordenação. É importante que os grupos possuam uma assessoria madura para ajudar nestes momentos.
Costuma-se dizer que no uso destas técnicas a prática precede a teoria. No início se faz necessário o acompanhamento de alguém mais experiente, que ajude a ver a realidade e julgá-la a partir dos critérios da Palavra de Deus para que se tenha uma mudança de atitude. Estes instrumentos podem ser aplicados em reuniões, sem a necessidade de explicar em profundidade a sua metodologia.
Dedicar-se à RdV é situar-se diante da vida e diante de Deus, na qual a prática é fundamental. Exige uma decisão. Faz-nos, aos poucos, mais sujeitos não só de nossa história pessoal, mas da história da sociedade. Por isto convém cultivar uma espiritualidade encarnada, que assuma a revisão de vida e a centralidade da Palavra de Deus, amadurecendo o discipulado, estimulando a mística do serviço, redescobrindo a importância dos testemunhos da fé, celebrando a vida e motivando o jovem à oração diária.
O objetivo último da Revisão de Vida e Prática é superar a consciência ingênua das coisas, a fim de chegar a uma consciência crítica e objetiva da realidade para, depois, tomar decisões adequadas, reconhecendo a realidade injusta na qual vivemos e transformar a história. Para que isto aconteça, entretanto, é necessário estar disposto a mudar de vida.
Quando se fala na RVP é fundamental levar em conta a dimensão pessoal da própria vida (afetividade, sexualidade, relação com a família, vida profissional, vida de fé), atingindo os jovens em todas as dimensões do crescimento humano. A avaliação desta dimensão pessoal é assegurada quando o grupo garante a Revisão de Vida, não privilegiando apenas a Revisão da Prática. Aliás, a RdP é muitas vezes entendida como avaliação da caminhada do grupo. É muito mais do que isto. É revisão da prática de cada integrante e do grupo em si.
A RdP pode ser entendida como integrante da RdV. Esta revisão é de toda existência, não apenas externa ao ambiente do grupo, e não apenas interna ao mesmo. É o instrumento de melhor eficácia no sentido da “formação na ação e pela ação” com as dinâmicas que são próprias das duas práticas. A RdV ajuda o jovem a agir social, política e religiosamente, procurando transformar o ambiente onde atua, julgando sua ação e corrigindo-a.
São instrumentos que acabam com os conflitos? Não. Mas, sendo bem vivenciados nas diferentes etapas de vida do grupo, podem ajudar a minimizá-los e a transformá-los.
18. Tem dica para fazer uma avaliação que motive?
Tem sim. A primeira é ter clareza do que se quer avaliar para que se possa optar pela melhor maneira de realizar esta avaliação. Já vi muitas avaliações mal feitas que eram instrumentos de frustração ao invés de mudança. Avaliar coisas demais é um erro. Avaliar eventos, atividades ou situações para coisas que o grupo não tem como gerenciar é outro erro.
Uma segunda dica é preparar bem o momento ou encontro avaliativo. Se vão se fazer perguntas, que elas estejam preparadas de ante-mão. Se vão fazer por escrito, que o material esteja separado. Se vai acontecer divisão em grupos, que o momento seja bem montado.
Que durante a avaliação, todas as contribuições sejam bem aceitas, mesmo que a coordenação não concorde com elas. E que todos sejam incentivados a falar. Que se elogie quando alguém do grupo que normalmente não fala, expresse uma opinião. Mas que isso não aparente uma “forçação de barra”.
Que a coordenação tenha clareza da etapa em que o grupo está para que não se force demais o passo, mas que ele seja incentivado a ir além da mesmice. A avaliação é momento de ir além.
Que as pequenas intrigas entre os participantes sejam trabalhadas antes deste momento, em particular, se for possível. Expor ao grupo conflitos particulares não ajuda na caminhada.
Se aceitamos fazer uma avaliação é porque acreditamos que possa acontecer algum “progresso” no grupo. Mas como medir este “progresso”? O processo avaliatório está dentro do bom uso do método de trabalho pastoral. E, como foi falado anteriormente, o método é o caminho adotado para se alcançar um objetivo. E se avaliamos porque queremos saber o quanto progredimos na busca do objetivo, é preciso que o grupo aponte antecipadamente quais são os indicadores para o objetivo geral e para os objetivos específicos do grupo. E isso vai da característica de cada grupo.
Por fim, é bom se ter clareza de que a avaliação no grupo não deve ser um momento raro, mas constante. E por isso é bom que ela esteja bem documentada, para que a história não se perca.