terça-feira, 2 de novembro de 2010

É preciso saber

Eu me deparei outro dia com um artigo de um blog dizendo que em uma determinada diocese foi realizado o DNJ, evento, que segundo o blog, há 12 anos não era realizado. Retomar uma atividade tão importante como o Dia Nacional da Juventude é algo muito bacana e estaria tudo bem se não fosse um detalhe: tal evento havia deixado de ser feito não há doze, mas há seis anos, quando a PJ deixou de existir naquela diocese.

Como eu tenho algum tempinho de caminhada pastoral, já ouvi dezenas de relatos parecidos com este: que na paróquia X começou um grupo de jovens que quer dar um novo ar às atividades. E se inicia um trabalho, normalmente sem procurar saber o que já houve no passado em relação ao trabalho juvenil.

Isto acontece com grupos, coordenações e com muita gente na Pastoral da Juventude. E eu digo que só há uma solução para que não se cometam injustiças com quem já fez algo no passado ou se evitem erros bobos no futuro. Conhecer a história da PJ e da juventude da sua região.

39.    Por que meu grupo precisa conhecer a história da Pastoral da Juventude?

Eu te dou três motivos:
  1. Porque errar é humano, mas insistir no erro é uma bobagem grande, além de demonstrar falta de cuidado. Quem não conhece a própria história não corre o risco de cometer os mesmos erros que outros já cometeram. E isso é insistir no erro.
  2. Porque história não se faz só lembrando coisas do passado. História é também o resultado da ação de agora. Se não conhecemos e valorizamos o que já foi feito, que garantia haverá que outros saberão e aprenderão com o que fazemos hoje?
  3. Quem não conhece a própria história é muito mais fácil de se deixar enganar, moldar ou conduzir.

Quem conhece um pouco da história da Pastoral da Juventude, sabe por exemplo:
  • Que até a primeira metade do século XX os jovens não coordenavam grupos.
  • Que havia muitos grupos na Igreja com jovens, mas que eram grupos em que adultos participavam.
  • Que discussão de protagonismo juvenil é coisa da década de 1980 para cá.
  • Que a força da juventude só foi de fato percebida pela Igreja a partir da Ação Católica Especializada, no fim da década de 1950.
  • Que o método ver julgar e agir é fruto da reflexão dos jovens da Ação Católica Especializada
  • Que a revisão de vida e revisão de prática também.
  • Que conflitos com a hierarquia da Igreja, durante os primeiros anos da Ditadura Militar no Brasil acabaram por encerrar as atividades da Ação Católica Especializada (ACE) por aqui.
  • Que o vazio no trabalho com a juventude acabou sendo preenchido pelos movimentos de encontro inspirados nos cursilhos de cristandade e nos movimentos internacionais de juventude.
  • Que os grupos da ACE eram grupos pequenos porque isto facilitava o conhecimento entre seus participantes.
  • Que os grupos de movimentos eram grandes, de dezenas a centenas de participantes.
  • Que os grupos da ACE valorizavam os momentos de reflexão e estudo da realidade.
  • Que os grupos dos movimentos valorizavam uma aproximação com a figura de um Cristo amigo e investiam em encontros com um cunho emocional bem forte.
  • Que muitos grupos de movimentos não tinham (e não tem) um trabalho de acompanhamento dos jovens que participavam (e participam) dos encontros
  • Que a Pastoral da Juventude tem quase quarenta anos de caminhada.
  • Que ela nasceu a partir dos pequenos grupos paroquiais na década de 1970, inspirando-se muito nos grupos da Ação Católica Especializada.
  • Que desde 1983 existem quatro pastorais das juventudes articuladas em projetos e ações comuns: PJ, PJ Estudantil, PJ do Meio Popular e e PJ Rural, cada uma com sua organização própria.
  • Que conflitos com relação à métodos utilizados para grupos com um mesmo “público” (no caso daqui, a juventude), existem há muito tempo. Há relatos, por exemplo, de discussões entre as congregações marianas e a ação católica na década de 1940.
  • Que a PJ se reúne a cada três anos para rever e estudar um novo planejamento e discutir quais projetos devem ser trabalhados.
  • Que a PJ está presente em todos os estados brasileiros e na maioria das dioceses.
E, por fim, é preciso entender que pejoteiro de verdade conhece bem a história da PJ, do seu bairro, cidade, paróquia, diocese e país. E que não se deixa levar por qualquer conversa porque tem fundamentação pastoral, religiosa e histórica. E quem quer manipular grupos ou regiões tem “horror” a pessoas bem estruturadas.

Um comentário:

  1. Rogério, mais uma vez parabéns pelo texto. Você tem feito desse blog um grande meio de comunicação, informação e formação. Continue caminhando. Abraços a você, Débora e Toninho.

    Ana

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