sábado, 6 de novembro de 2010

Militância pejoteira

Chegamos enfim à última questão. E, para não fugir da regra das últimas perguntas, tal questão tem uma perspectiva de grandes dimensões, com um olhar para além do nosso cotidiano. É mais que um lembrete, um alerta e uma frase que precisa ficar martelando em nossa mente para não esquecermos jamais de que nossa ação pastoral tem um peso e uma importância bem grandes, por isso não deve ser feita de qualquer maneira.

40.    Um grupo de jovens pode mudar o mundo?

Um cara cético diria que não. Eu sou cético e crítico em relação a muitas coisas. Mas digo que um grupo pode sim mudar o mundo, depende do tamanho deste mundo e de como o grupo se preparou para este fim.

Na Pastoral da Juventude é preciso ter a percepção de que os jovens são o foco e o Reino é a meta! Quem se mantém firme nesta perspectiva consegue pequenas e grandes transformações na realidade em que vive. Grandes e efetivas mudanças acontecem lentamente e com pequenas ações. As vitórias que vamos alcançando, mesmo que pequenininhas, precisam ser valorizadas. E trabalhando em rede, articulados com vários grupos que sonham juntos, as vitórias, além de maiores, são mais saborosas.

Há um processo de crescimento dentro dos grupos ligados à PJ. A última etapa é chamada de militância. É nela que o jovem e a jovem despertam para um compromisso sério. É momento de conversão. Não dá para continuar com velhas práticas que não ajudam na antecipação do Reino. Não dá para se sustentar com uma fé puramente intimista ou infantilizada. Não dá para pensar em relações de dominação. Ser militante da Pastoral da Juventude abrange três critérios, portanto:
  1. Fé amadurecida: A fé sem obras é morta (Cf. Tg 2,26). A fé em Jesus Cristo é mais forte que o seguimento de qualquer ideologia. E através dessa fé que o jovem vai perseverar.
  2. Compromisso: Pode-se contar com o jovem, ele não está brincando de fazer PJ, não está brincando de fazer o Reino de Deus acontecer entre nós.
  3. Dimensão Libertadora e transformadora: É líder, não se deixa manipular, tem consciência crítica.

O documento 85 da CNBB, sobre a Evangelização da Juventude, diz, em seu número 240 que é preciso “proporcionar ao jovem um adequado conhecimento da Doutrina Social, com estudos sistemáticos e elaboração de projetos por ele inspirados para fomentar a militância dos jovens na sociedade, impulsionados por uma nova consciência social e política à luz da fé e dos valores do Evangelho de Jesus Cristo, seduzindo a todos para um comprometimento profundo com a promoção da vida”.

A vivência espiritual do jovem militante é uma contínua e exercitada identificação e redescoberta da pessoa de Jesus e de sua prática. Não há como amadurecer o próprio “projeto de vida” sem esta percepção. Este ato contínuo fortalece a própria consciência do seu compromisso com Reino dentro da Igreja e da sociedade. Aqueles que exercem sua ação militante precisam de uma comunidade de reflexão para alimentar e celebrar sua fé.

Já foi dito aqui que a Igreja não é ponto final na caminhada do Povo de Deus, mas sim ponto de reabastecimento da fé. Contudo, nem por isto deixa de ter sua importância. Existem muitos jovens que ajudam no crescimento e propagação do Reino atuando dentro das comunidades, seja animando a catequese ou a liturgia, preparando outros jovens para o sacramento da confirmação, animando a ação missionária, participando ativamente da Campanha da Fraternidade, Novenas de Natal, refletindo a Palavra nos Círculos Bíblicos, realizando o ecumenismo, entre outras tantas ações importantes.

Há ainda quem realize o trabalho importante, dentro da própria PJ, dando continuidade de manter viva a chama de sua proposta para tantos outros jovens e grupos, no trabalho incansável de reuniões, assembleias, cursos e formações, além do acompanhamento de grupos e lideranças.

Por isso, podemos entender que a militância pode se dar em três ambientes: na comunidade, na Pastoral da Juventude, ou no ambiente extra-eclesial. A prática cristã e a antecipação do Reino de Deus, entretanto, terá sua ação principal fora dos muros da Igreja. A ação evangelizadora só acontece se for missionária.

Os jovens militantes sabem disso e vão onde a necessidade exige, seja nas escolas, nas fábricas, na roça, na periferia, nas igrejas, nas casas, nas quadras ou nas praças. Animando outras pessoas a abraçarem a proposta de mudar o próprio mundo, por menor que ele seja. Afinal, eles sabem que mesmo que a semente seja bem pequenina, ela pode se tornar uma árvore frondosa, onde os pássaros do céu vem fazer o seu ninho.

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