Toda a semana, religiosamente por dez vezes eu faço a mesma experiência. De segunda a sexta-feira, duas vezes por dia. Normalmente por volta das oito da manhã e das cinco e meia da tarde. Não posso considerar uma experiência científica porque os resultados não se repetem. Normalmente inicio imaginando algumas possibilidades, mas vira e mexe sou surpreendido. Confesso não é algo muito agradável de ser feito na maioria das vezes, mas geralmente é algo inspirador. Tanto isto é verdade que esta experiência me motivou a iniciar o texto de hoje.
Todos os dias de segunda a sexta feira eu utilizo o transporte público de São Paulo para ir trabalhar e para voltar para casa. Eu e milhares de pessoas. Todos estes dias eu faço a experiência de ser um na multidão. E sei que encontrarei pessoas que nunca mais verei na vida. Somos uma multidão de iguais, mesmo sendo muito diferentes.
Você já fez uma experiência semelhante? Já andou numa rua cheia de gente desconhecida, apressada? Já pegou ônibus ou avião em véspera de feriado? E, caso tenha feito algo semelhante a isto, já reparou que pouca gente repara nos outros? Eu reparo.
E tem algo fascinante nisto tudo. A maioria das pessoas não quer chamar a atenção, mas gosta de (ou opta por) se apresentar bem. E se apresentar bem é seguir o senso comum daquilo que é socialmente bem aceito. Mas o fascinante ao qual me referi não é o senso comum, mas a ruptura. Não há quem não repare em um penteado, um vestido, um piercing, uma camiseta ou qualquer peça ou postura que pareça fora do padrão. Não digo que estas pessoas (maioria jovens) se utilizem destes recursos para chocar. Alguns até se chocam. Mas creio que eles queiram marcar sua presença numa sociedade de “iguais”.
E, por falar em pastoral, o que uma coisa tem a ver com a outra? Ah sim. Dá para começar uma conversa boa com isto. E a continuidade desta conversa vai depender da reação que você vai ter com este texto.