Pense na seguinte cena: lá estava eu, feliz da vida com a vitória do meu time e a conquista daquele campeonato. Encontro um colega na rua e vou puxar assunto com ele. Pergunto-lhe se assistiu ao jogo final. Ele, rispidamente, com rancor nos olhos e ressentimento na fala me responde: “Você acha que eu vou perder tempo vendo esse time? Não sou vagabundo ou cachorro”.
Não sei quem ensinou a este meu colega que toda pessoa que torce pelo meu time é vagabundo ou um cão. Pelo que me consta, meu cachorro nem torce pelo meu time. Pelo contrário, foge de qualquer manifestação de fogos de artifício. E eu não sou um animal como meu colega citou e nem um vagabundo.
Sei que você, leitor deste blog, é uma pessoa que busca ponderar as coisas. Claro que nenhum de nós está livre de cair nestas generalizações. Mas é preciso ter muito cuidado. Usei o exemplo do futebol, mas poderia usar a discussão da cor da pele, da origem étnica, da expressão religiosa, do gosto musical, da orientação sexual, do estado natal ou do poder econômico. Todas são passíveis de generalizações (todo negro é isso, todo japonês é aquilo, todo crente é assim, quem gosta de funk é aquilo, se é gay é porque é isso, só podia ser da terrinha ou isso é coisa de pobre). Todas podem gerar preconceitos doídos. Essa é uma primeira ideia.