quinta-feira, 17 de março de 2011

Reflexões pastorais - 1

O povo gosta de dicas. Eu já disse isso por aqui. E o bom delas é que não são orientações rígidas ou fechadas. Dá para qualquer um de nós adaptá-las de acordo com a própria realidade. Eu também gosto de dicas.

Embora muitas delas sejam bem básicas, a gente sempre pode aprender um pouco mais. Eu gosto de fuçar pela internet e, vez ou outra, acabo achando umas páginas básicas com sugestões e ideias que eu ainda não havia pensado. Que surpresas boas se podem encontrar por aí.

E como estamos sempre aprendendo, partilho hoje com vocês algumas reflexões (minhas e de tanta gente que colaborou na minha caminhada) que acho que podemos crescer juntos. Eu dou o primeiro chute e fico esperando as devolutivas de vocês (nos comentários ou nos e-mails)!

1.    Afetos e relações: caminho para o amadurecimento

É fato que nascemos para a convivência. E grupos pastorais são lugares, por excelência, de boas relações. E, se não são, deveriam ser. Há tantos relatos de jovens que só passam a frequentar grupos por conta do interesse individual em outras pessoas que também frequentam aquele espaço. Creio que todos nós teríamos uma história deste tipo para contar. Haverá, certamente, memórias de fatos que deram certo, como outros que foram engraçados e alguns que causaram constrangimento ou dor. Não se deve fugir deles. Todos, se bem acompanhados, ajudam no amadurecimento da pessoa. E creia: quando se faz parte de um grupo, a gente não está sozinho, mesmo quando estamos a dois!

2.    Conflitos são inevitáveis

Há quem fuja dos conflitos como o Cascão da água. Que bobagem imensa. Quando não há conflito, há a paz dos cemitérios. Somos diferentes. Viemos de realidades diferentes. Fazemos coisas diferentes. Nosso DNA é semelhante em muita coisa, mas no fim das contas também é diferente e único. Por que razão, motivo ou circunstância haveríamos de concordar sempre e em tudo, sem nenhum pontinho de vista diferente? É justamente ele que nos faz repensar a caminhada e pegar um caminho melhor na volta para a casa: o diferente. O outro te contradiz, ele te faz meditar e remoer ideias. Por isso ele é importante. Mesmo que no final vocês cheguem a um bom e desejável consenso, bom para todas as partes.

3.    Cuide bem de você e dos seus companheiros de pastoral

Ah! Como é importante que não fiquemos somente na ação, ação e ação. Acabamos muitas vezes nos encobrindo de tantas tarefas, compromissos e necessidades, que esquecemos que o companheiro ou companheira que nos ajuda também é gente e que tem sentimentos. “Ah! Mas a Pastoral é importante!”. Claro que é. E ela não se torna menos importante quando valorizamos quem a ajuda a tocar. Muito pelo contrário! Há quem precise de uma visitinha, há quem está com a mãe doente, há quem perdeu o namorado, há quem passou na faculdade, há quem deseje um ombro amigo para desabafar. Há tantos e tantas que precisam de um carinho, de atenção, de força e de cuidado. Isso dá um gás para a caminhada. Acredite.


4.    É preciso não desviar os olhos da juventude, em especial daquela mais empobrecida.

Se fazemos pastoral e pastoral da juventude é porque é neles que depositamos nossas forças. Não é no status, no turismo pastoral, nos possíveis afetos ou em qualquer outra vantagem que se possa acreditar adquirir. Sim, há gente que eu conheci que tinha outros interesses na ação pastoral. Mas graças a Deus, eles eram bem poucos. A maioria não desviava o olhar da juventude e da sua articulação em grupos. Faz parte da nossa pedagogia. Está no nosso DNA pastoral. E, quando olhamos para a grande intuição evangélica, que foi no contato com os pobres e pequenos que a mensagem de Jesus floresceu, nós nos sentimos mais animados em caminharmos ao lado de quem é deixado de lado pelo sistema de morte. São os jovens que trazem consigo a mensagem de Jesus que não nos deixa acomodar. E são os pobres que nos apontam que há ainda algo errado com grande parte do mundo que se diz cristão, mas que mata, massacra e explora. Os jovens mais pobres são os portadores da grande novidade.
(continua...)

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