domingo, 15 de maio de 2011

Roteiro de santidade

Quando se participa de uma comunidade católica, normalmente se tem uma devoção ou carinho especial pelo santo padroeiro que o povo daquela localidade homenageia. Há mais santos e santas catalogados do que dias no ano. Histórias belíssimas de alguns. Histórias estranhas para nossa cultura se olharmos a vida de outros. Há santos com vários títulos e dias distintos voltados a sua lembrança, como é o caso de Maria, mãe de Jesus, ou mesmo de são José (19 de março e 1° de maio), por exemplo.

Mas há uma observação que faço na Pastoral da Juventude, que não sei ainda se é puramente uma falsa impressão ou uma realidade estranha. Com exceção à figura de Nossa Senhora, não percebo uma devoção explícita aos santos e santas apontados pela Igreja. Será isso mesmo?

Não sei se você concorda ou não comigo. E creio realmente que uma pessoa não precisa ser devota de santo algum para ser considerada participante ativa de uma comunidade. Contudo, independente desta crença, eu sou devoto das figuras de Nossa Senhora e de São João Bosco, admiro São Francisco e São João Batista e torço muito que um dia Oscar Romero, Luciano Mendes de Almeida, Zilda Arns e Helder Câmara cheguem aos altares.

E, sem precisar dar detalhes da vida destas pessoas (porque não é o motivo deste texto), digo que creio em suas santidades porque elas viveram aquilo que acreditavam. E pessoas assim nos servem de exemplo.

O contato primeiro que muitas pessoas têm com a “Palavra de Deus” não é quando elas lêem a Bíblia, mas sim quando encontram alguém com coerência entre fé e vida. Deus fala através da vida das pessoas, não de maneira impositiva, mas com a nossa permissão. E este primeiro contato com a “palavra viva” certamente faz com muitos queiram entender mais porque estas pessoas são como são.

Se a moça ou o rapaz que participa da PJ tem algum santo de devoção, creio que certamente admire a maneira como esta pessoa viveu a sua fé. Porém, o mais importante nesta questão devocional, não é a admiração em si, mas como olhamos para ela e dela nos servimos para espelhar nossa própria vida.

Não me engano em afirmar que existem muitos santos e santas andando hoje por aí. Santos adultos, santas velhas e uma juventude muito santa também. Gente que serve de exemplo para outros, gente que motiva, que levanta a galera, que aponta erros que podem ser corrigidos, gente que aconselha, gente que batalha, luta, se esforça, gente que reclama para que as coisas sejam melhores e gente que não reclama quando percebe que há horas em que é melhor parar, rezar e meditar.

E tenho a convicção claríssima ao dizer que muitos destes santos e santas jovens estão vivendo sua santidade dentro da Pastoral da Juventude. Trabalhar bem as cinco dimensões da formação integral, ter claro qual é o próprio projeto de vida e viver bem aquilo em que se acredita são pontos que eu vejo na vida de muito pejoteiro e muita pejoteira por aí. Aprendo demais com essa turma. Muitos são exemplo e motivação para mim. Há tanto testemunho de santidade florescendo dentro da PJ.

Eu entendo devoção como amizade. Tenho alguns amigos e amigas santas no céu e um bocado deles aqui na terra. Gente que vive e que me cutuca com o próprio testemunho de vida. Creio que praticamente todos estes santos e santas pejoteiros e pejoteiras não tenham dimensão da santidade de suas vidas e até achem que é alguma brincadeira se alguém os chamar de santos.

Porém, mesmo que eles creiam nisto, acredito que o propósito de vida apresentado na Pastoral da Juventude é sim um roteiro de vida voltado para a santidade. Aliar este processo de educação na fé à compreensão da vida de tantos santos santas, canonizados ou não, vivos na eternidade ou esbarrando conosco no dia a dia, é como um límpido espelho na construção da própria vocação do jovem e da jovem pejoteira. Pensemos mais nisto.

3 comentários:

  1. Ro, concordo com você em partes.
    Acho esse assunto santidade meio complexo, pois existem muitos pejoteiros ADMIRAM e outros que IDOLATRAM santos e santas de diversos lugares.
    O fato de ser devoto a um santo, para muitos as vezes faz com que a pessoa seja muito mais devoto a esse santo que a Jesus Cristo. E isso é como podemos dizer meio que errado.
    Mas isso vai daa cabeça de cada um neh!!!
    Amei o post!!!

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  2. E creio que devemos seguir um exemplo d vida d alguma pessoa que tentou chegar a perfeição de Nosso Pai.
    Agora não vejo diferença entre devoção e idolatria??? a nossa igreja mãe que criou essa expressão p ter uma desculpa p tal ato de adoração a um determinado santo!!!
    A Nossa Igreja peca quando canoniza alguma pessoa penso no seguinte:
    Uma determinada pessoa seguia os passos de Jesus tentando buscar e viver o que Ele viveu e com certeza não queria ser vangloriado e/ou posto em um pedestal e sim APENAS SERVIR O PRÓXIMO!!!
    Ao mesmo tempo q a Igreja fala p não adorarmos em contrapartida ela canoniza os santos INFLUENCIANDO IMPLICITAMENTE a adoração(meu ponto d vista).
    Gostaria d ouvir vc Rogerio...
    grande abraço

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  3. Kika e Daciows, obrigado por comentarem. Como vocês devem ter percebido, o tema dos santos e santas foi só um gancho para a necessidade de olharmos para nossas vidas de pejoteiros e o testemunho que damos. Acredito, como disse, que quem vive o ideal da PJ está bem encaminhado. Quanto a devoção aos santos, creio que Adoração é exclusiva a Deus. A figura dos santos (incluindo aqueles de quem sou devoto), para mim, é um modelo de quem conseguiu seguir o projeto e a proposta de Jesus. Claro que há quem exagere e claro que há quem ganhe com esse exagero. Mas cabe a gente, que consegue perceber estes desvios, apontar novamente para o caminho original. Vocês não acham?

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