Dentro das reflexões do Dia Nacional da Juventude sobre “Que vida vale a pena ser vivida”, gostaria de trazer alguns pensamentos a respeito do tema “felicidade”. Quero partir de alguns exemplos que eu presenciei para podermos discutir nossas opções pastorais.
Cena 1:
É uma classe do então 3º colegial (que hoje se chama ensino médio). Aula de língua portuguesa. A professora que chegara à sala iria solicitar que os alunos escrevessem uma redação. Antes, porém, ela pediu a eles que desenhassem um círculo na folha do caderno, de modo que coubesse uma ou mais palavras dentro e fora do desenho. Dentro do círculo estava o objetivo principal da sua vida, ao redor do círculo, objetivos secundários e mais distante do círculo estavam as metas para alcançar os objetivos mencionados. A partir do desenho, eles iriam escrever uma redação. Um aluno travou. O que ele iria colocar como objetivo principal da sua vida. Nunca havia pensado nisso em seus dezessete anos de vida. Objetivo principal seria a última linha de chegada. Não, não era sucesso profissional, não era constituir família, não era viajar o mundo, nem aprender a nadar. Todas estas coisas deveriam ser etapas para conseguir alcançar algo maior. E então ele teve uma epifania. Estes objetivos secundários todos serviriam para alcançar sua felicidade. Seu objetivo principal na vida era ser feliz.
Cena 2:
Era um restaurante. Ele tentava aparentar ser um sujeito compenetrado e atencioso, mas estava tenso e com mil pensamentos em sua cabeça. Ela olhava para ele e, entre uma garfada e outra, apenas sorria. Depois de falarem de amenidades e de coisas em comum ele abre o jogo. Diz a ela que não se esqueceu de tudo que viveram e que queria uma nova chance. Ela não muda a expressão e pergunta por que desta vez seria diferente. E, em um dos mil pensamentos que ele tivera durante o jantar, ele já havia antecipado esta pergunta. Ele sorri e diz a ela: “Desta vez eu quero realmente fazê-la feliz. Seu sorriso e seu carinho acalmam minha alma. Fazê-la feliz me deixa feliz também”.
Cena 3:
Num determinado ponto da reunião do grupo de jovens, o coordenador puxa a pergunta: “O que os deixariam felizes?”. E as respostas foram todas variadas: passar no vestibular, arranjar um bom emprego, namorar a fulana, ser elogiado por algo que fez. Um dos jovens disse, entre tantas respostas, que o importante era você ser feliz, não importando como. Ele, no entanto, não foi questionado sobre quais critérios seriam importantes para alcançar tal felicidade.
Será que realmente a felicidade é o fim último das coisas que realizamos como pensou o rapaz na cena um? Ou a felicidade está em compartilhar a felicidade do outro, como passou a acreditar o homem da cena dois? Será que existem critérios para alcançarmos este bom estado de ser feliz, como faltou ser questionado o jovem da cena três? E como a felicidade entra na história de uma vida que realmente valha a pena ser vivida, como nos diz o lema do Dia Nacional da Juventude de 2012?
"Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu. Felizes os aflitos, porque serão consolados. Felizes os mansos, porque possuirão a terra. Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Felizes os que são misericordiosos, porque encontrarão misericórdia. Felizes os puros de coração, porque verão a Deus. Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu. Felizes vocês, se forem insultados e perseguidos, e se disserem todo tipo de calúnia contra vocês, por causa de mim. Fiquem alegres e contentes, porque será grande para vocês a recompensa no céu. Do mesmo modo perseguiram os profetas que vieram antes de vocês." (Mt 5, 3-12).
A verdadeira felicidade não está no fim, como acreditava nosso amigo da cena um e nem está como meta derradeira sem critérios aparentes como imaginou o jovem da cena três. Está bem próximo daquele rapaz enamorado que queria a felicidade da amada, na cena dois. Felicidade está na ação diária.
Felicidade passa pela mudança de postura e pela mudança de atitude em relação ao outro. Ninguém é feliz sozinho e não dá para buscar a felicidade a qualquer custo. Temos valores e estes devem nortear a nossa ação. Ter um espírito sem ostentação, ser misericordioso, ter um coração puro, passa por uma mudança pessoal. É um processo de conversão. Há tantos apelos em nossa sociedade que nos impulsionam para outro lado.
Promover a paz, ter fome e sede de justiça e ser perseguido e insultado por conta disso são motivos de alegria para um discípulo seguidor de Jesus. Significa que temos muito que fazer no mundo ainda. E significa também que felicidade passa pela promoção do outro.
Agora olhe para o seu grupo pastoral. É um lugar de gente feliz ou de gente que só reclama? É um poço de felicidade ou ponto de encontro de troca de amarguras? É um grupo com sentido ou um bando de gente desorientada? Está na hora de colocar as bem-aventuranças na prática do grupo? Está na hora de achar a felicidade no caminho, no fazer bem as coisas, no sorriso, no agradecimento, na busca e na construção da justiça e da paz, de fazer a vida valer a pena ser vivida.
Grupos de PJ são lugares de gente feliz. E que sabem por que são felizes.
Sua reflexão deixa-me mais feliz por ser Pastoral da Juventude (na mais ampla compreensão do que esta venha ser). Esta felicidade está em movimento, todos os dias sendo além de um sentimento, é uma virtude (=esforço) que se (re)descobre e se (re)conquista diariamente...
ResponderExcluirmuito boa reflexão, vou usá-la na preparação do grupo para o DNJ da diocese de miracema. parabéns pela dedicação à PJ!
ResponderExcluirPODEMOS USAR SEU TEXTO REFLEXIVO NO DNJ AQUI DA BAIXADA?!? PERFEITO PARA O PÓS COMUNHAO!! hehe
ResponderExcluirbesitos, Sá