terça-feira, 16 de abril de 2013

Quem te representa?


Eu havia tomado uma decisão de não mais tocar neste assunto. Quando alguém vinha perguntar minha opinião, eu sempre dizia para deixar de lado porque isso não nos fazia bem. Mas os acontecimentos das últimas semanas nas redes sociais acabaram por forçar um posicionamento. É preciso dizer algumas linhas sobre este assunto que está constantemente na pauta: o conflito entre outros grupos católicos e a Pastoral da Juventude. 

Na verdade, este tipo de conflito é tão antigo quanto a Igreja, se formos manter a discussão somente no âmbito eclesial. Mesmo porque, desde que mundo é mundo, o ser humano bate boca por conta de opinião e divergência de opinião. 

Há algumas discussões extremamente produtivas, pois nos fazem ter um novo olhar sobre determinado fato. Há outras em que vale a pena entrar, porque há vidas ou outros interesses importantes em jogo. É preciso convencer a outra parte, ou a maioria dela, portanto. Há ainda mais algumas em que o grande valor está na qualidade da argumentação. É prazeroso debater em alto nível.


Todavia, há outras discussões que mais parecem confrontos. São de uma apelação terrível, usando de medos medievais, de uma intolerância sem cabimento e de uma falta de amor e senso cristão muito tristes. A todos pejoteiros que ainda sofrem com este tipo de perseguição eu continuo a dizer: não entrem neste jogo. Não há ganhadores nele.

Mas, se não há ganhadores, porque os pejoteiros entram neste tipo de discussão? Pelo estilo apelativo na argumentação. É bom que se diga que a maioria dos acusadores da Pastoral da Juventude não vem das comunidades carismáticas, mas dos grupos tradicionalistas. Estes associam qualquer outro grupo articulado à CNBB ou com jeitos ou métodos próximos a Teologia da Libertação como grupos hereges e que merecem queimar no fogo do inferno porque estão distantes da “real igreja de Jesus”.

Não venho aqui para rebater este tipo de argumentação ou para falar destes grupos ou da história deles. Não são eles que me interessam, mas sim a PJ (deixo claque que também não vou publicar os possíveis comentários raivosos deste grupo no blog, porque aqui os comentários são moderados). É preciso entender a nova estratégia de ataque à Pastoral da Juventude e aos grupos cristãos com maior compromisso social.

Aliados a um humor rasteiro, cercado de estereótipos (que de fato a gente ri não pela graça e originalidade, mas por piedade cristã), também repercutiu bastante nas redes sociais a foto de uma moça que segurava um cartaz dizendo, entre outras coisas, que a PJ não a representava. Pronto. Bastou isso para que parecesse um estopim de uma nova guerra santa virtual. O que isso me aponta e o que isso quer me dizer?

Para mim, uma manifestação destas é bastante clara. A PJ não tem todas as respostas para todas as juventudes. Isso eu já disse aqui mais de uma vez (textos que podem ser lidos aqui ou aqui). Aponta também por isso que nem todos os jovens podem ser pejoteiros. Isso também eu já disse isso uma vez (é só clicar aqui). Isso não nos deve deixar tristes. Para fazer o bem, nem todos precisam fazer o mesmo que nós. O mais importante é que nosso testemunho seja coerente com aquilo que acreditamos.

Eu disse o que a tal manifestação me apontava, mas o que ela quer me dizer? Entendo que a tal garota (e tantos outros que entraram na onda da “PJ não me representa”) tem um sentido de representatividade diferente do nosso. Lembremos que esta história dos cartazes com dizeres “não me representa” ganhou grande força nas redes sociais por causa de um deputado que ascendeu a presidência da comissão de direitos humanos da câmara federal mesmo tendo proferido frases de cunho racista e homofóbicas.

Na cabeça da garota do cartaz, o nível de representatividade do deputado ou da PJ é o mesmo. São seres ou organizações alheios a ela e que se manifestam sobre determinados assuntos sobre os quais ela pode ou não concordar. E mais, foram eleitos ou indicados com o apoio de alguns, mas que emitem opinião ou governam a todos. Se a PJ fosse isso, ela também não me representaria.

Mas eu sei que não é isso. Uma coisa é um deputado que tem o dever de legislar para todos e de representar parte da sociedade que o elegeu. A PJ, no entanto, não funciona assim. Ela não é alheia às pessoas, não está fora dela. Quem se identifica com a proposta pastoral e se articula em grupos sabe que representa a PJ e não o contrário. As instâncias são representativas, não a pastoral como um todo.  

Não caiamos no discurso de alguns de que a PJ é aquele grupo específico, seja ele da diocese, da coordenação paroquial, do regional, do nacional (“aquela turma da PJ”). Pastoral da Juventude é muito mais do que instâncias. É a missão. É ação e articulação. Onde quer que esteja um grupo de PJ, ali está toda a PJ. E onde quer que você esteja, que represente bem a PJ. Onde quer que esteja que as pessoas possam ver a mensagem de Jesus através da sua atitude.

6 comentários:

  1. Acredito que no caso dessas ações, eles esqueceram o principal.
    Sou católica, sou pjoteira, sou carismática e somente Cristo me representa.
    Simples assim!!!

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  2. Não sou da Pastoral da Juventude, mas acho que nenhum ser "merece queimar no fogo do inferno". Todos somos filhos de Deus, e participamos da igreja de seu filho, assim, devemos nos unir em oração antes de qualquer coisa! Rezemos por todos aqueles que tem uma formação na fé, principalmente nós jovens, e jovens que proclamam o amor de Deus:

    "Pater Noster quio est in ceali,
    santificetur nomen tuum
    Adveniat regnun tuum
    Fiat volunctas tua sicut in celo e in terra

    Pane nostrae quotidianum danobis hodie
    e dimite debita nostrae
    sicut noi debitamus pecatoribus nostrae
    e ne nos inducas in tentazionen
    Sed liberta nos a malo."
    Amem!

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  3. Infelizmente o cristianismo ainda sofre da síndrome do preconceito, acredito plenamente na força da PJ e se não fosse por ela não seria católico... mais ainda sim, seria cristão!

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  4. Achei um máximo seu texto. Pq qdo vi esses negócios de a PJ não me representa, ou a PJ me representa não me encaixei, mas agora posso dizer claramente: Eu represento a PJ!
    Parabéns mais uma vez pela clareza de suas ideias.
    Grande abraço!
    Paz, Bem e muito Axé!!!

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  5. A Igreja precisa parar de brigar entre si e começar a buscar a unidade... De que forma? Respeitando os dogmas, pois as merdas que andam acontecendo por aí afora (dancinha na Liturgia, deixando que os "fieis" peguem a Santa Comunhão e entre outros sacrilégios...) são por falta disto... Já fui a encontros da PJ onde foram encontrados preservativos usados e latas de cervejas... Temos que ter mais respeito com Nossa fé, parar podermos dizer que representamos bem a Igreja de Cristo!

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  6. Sei que não irão aprovar o comentário feito antes deste (e nem este), entendo, rezarei para que vivemos um dia em perfeita alegria. Paz e Bem!

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