sábado, 12 de junho de 2010

Grupos de jovens - parte 1

Passando por alguns grupos, paróquias, dioceses, movimentos e encontros juvenis, há alguns questionamentos que sempre aparecem. Em listas pela internet ou comunidades de PJ em sites como orkut há sempre problemas comuns. Penso que falar sobre eles e lançar algumas alternativas seja uma boa proposta para tratarmos aqui. Digo novamente, não quero dar fórmulas prontas, porque elas não existem. Cada um conhece a sua realidade e pode aplicá-las ou não de acordo com a criatividade que se tem e como a necessidade pedir.

Você que está lendo agora, pode até achar que algumas destas perguntas não tem propósito nenhum. Mas não se engane. Muitos jovens já se questionaram a respeito de alguns destes temas. E creio que hoje alguns ainda estão se questionando. É uma contribuição minha e sua, na medida em que você que está lendo também pode comentar. Fique a vontade.



Ao todo, são quarenta perguntas. Por que este número? Primeiro porque dá para falar de um bocado de coisas. Segundo porque o número em si tem uma série de referências na Bíblia: 40 anos que o povo de Deus peregrinou no deserto, 40 dias que Jesus jejuou no deserto e 40 dias que ele permaneceu com os discípulos depois da ressurreição, o dilúvio que durou 40 dias e 40 noites. É um número que para o povo hebreu revela completude, fim de um ciclo e início de outro. E hoje, para os católicos, o que é a quaresma? São quarenta dias após o carnaval em preparação à Semana Santa, quando meditamos e tentamos fazer da nossa vida algo melhor em preparação à esta grande festa cristã. Quarenta está bom para você?

A minha idéia é colocar uma, duas ou três perguntas por artigo e tentar fazer um ou dois artigos por semana, de modo que a leitura não fique cansativa e que dê um tempo razoável para uma boa leitura àqueles que acompanham este blog. No fim de tudo, a idéia é fazer um índice para referência geral.
Isto posto, vamos às primeiras perguntas! Boa leitura!

1.    Um grupo de jovens é importante?
A resposta mais óbvia em nossas comunidade é dizer que sim. Mas não sejamos óbvios. Antes de sermos tão diretos, é bom que se pensem duas coisas: importante para quê e para quem. Cansei de ver grupos de jovens por aí que eram simplesmente mão de obra barata, juventude organizada para fazer eventos. Certamente que esta é uma etapa importante para qualquer grupo de jovens, mas não pode ser um fim para si próprio. A proposta de um grupo de jovens da Pastoral da Juventude é ir além disso.

O documento de Aparecida nos pede que sejamos Discípulos e Missionários de Jesus, ou seja, seguidores de Seus passos e mensageiros de Seu projeto. Nada disso se faz sem um bom preparo, sem método ou sem acompanhamento. Grupo de jovens é importante sim, se for um espaço de reflexão da vida, iluminada pelas opções evangélicas vividas, testemunhadas e anunciadas por Jesus e espaço também para que se possa planejar uma ação dentro e fora dos muros da comunidade eclesial. Jesus disse que não veio para as pessoas sadias, mas para as doentes. Há muito o que se fazer por e junto com tanto jovens que só tem uma idéia remota do que quer dizer cristianismo. Fazer sozinho é difícil. Fazer em grupo é a solução mais clara.

Um grupo de jovens não é só um espaço para discussões teóricas. Fala-se e partilha-se vida. E com isso as pessoas crescem. Muito se aprende na convivência sadia de um grupo assim. Quanto mais a teoria dialogar com o cotidiano melhor. Quanto mais as pessoas se formarem criticamente diante da realidade, melhor. As opções e projetos de vida são partilhados e amadurecidos no grupo. E não há quem diga que isto não seja importante.

2.    Por onde devo começar?
Começar o quê? Um grupo novo? A reerguer seu grupo que estava desanimado, cabisbaixo, jururu? Acho que é mais interessante falarmos de um grupo novo por ora. Se o seu caso é o outro (o do grupo jururu), veja se algo do que vem abaixo lhe serve também. Certamente haverá nas outras perguntas, inclusive, algo que lhe será útil.

Onde a maioria dos grupos de jovens hoje começam? Com remanescentes da catequese de crisma. Há um erro, um acerto e um alerta nesta opção. Qual o erro? A catequese crismal é (mas não deveria ser) um fim em si mesma, ou seja, o objetivo último de muitos jovens que estão ali é receber um sacramento e não a continuidade de uma vida cristã amadurecida. Na minha cabeça, um grupo de jovens sempre deveria acontecer antes de um grupo de crisma. Só receberia o sacramento da confirmação o jovem que já estivesse comprometido com a sua comunidade de fé.

Qual o acerto desta escolha? É o de dizer à estes jovens que há um espaço na comunidade para que eles possam por em prática tudo o que vivenciaram durante o seu período de catequese e experimentar novas formar de se viver em grupo.

Por fim, qual o alerta? Gente, não vamos dar remédios para os sadios! Há muitos outros jovens fora dos muros das igrejas. Eles estão nas praças, nas escolas, nos clubes, nas faculdades, nas esquinas. São amigos dos amigos dos amigos dos jovens que vocês conhecem. Sempre há um canal para se entrar em contato com eles. Os jovens que vieram do crisma não são a “salvação da lavoura” ou a única alternativa!! Como dizia Milton Nascimento, “todo artista tem de ir aonde o povo está”.

Na PJ, chamamos esta etapa de “convocação”, é quando o grupo está se formando. O contato pessoal é importantíssimo.  Conhecer cada pessoa, saber seu nome, fazer o convite, tal qual fez Jesus: “vem e segue-me”. Não há, porém, “receita de bolo” para fazer isto. Quem convida, precisa saber o que motiva ou pode despertar no jovem o interesse em participar e se o seu grupo tem este ambiente que ele espera. Isto tem que ser bem organizado, preparado e feito de forma criativa e atrativa.

Se estes jovens puderem olhar para a vida daqueles que os convidam e ver algo novo, bonito e atrativo é um grande passo. O testemunho daquilo que vivemos diz muito mais do que belos discursos.

Escrevi demais para duas perguntas. Ainda há outras trinta e oito. Aguardem mais alguns dias!!! Até lá!

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