sábado, 3 de julho de 2010

Pensando as reuniões – Parte 2

Há um elemento que considero fundamental quando pensamos a respeito do planejamento das reuniões: o método. Este é o assunto que quero abordar neste artigo. Claro que há muito o que se falar a respeito dele, tanto que muitos livros já foram publicados sobre este assunto. A ideia aqui, como em todas as quarenta perguntas, é apenas introduzir o tema, levantando algumas questões para ajudá-lo e ajudá-la diante da suas realidades. E volto a dizer, tudo o que digo aqui pode e deve ser adaptado de acordo com a sua prática pastoral. Hoje temos somente uma pergunta. Vamos a ela.


10.    Que método eu uso nas minhas reuniões?

Quando falo em método há três considerações que gosto de fazer e que acredito que ajudam a iluminar o tema: o sentido e as implicações do significado da palavra “método”, o lugar de onde partimos e as pessoas com quem trabalhamos.  Vamos tratar de cada uma delas antes de responder a pergunta principal deste artigo.

Quando olhamos para a palavra “método”, algumas idéias surgem, como “procedimento correto”, “seguimento de um plano”, “algo bem organizado” ou qualquer coisa parecida. Para estas palavras que rotineiramente usamos na PJ, eu tenho por hábito dar uma olhada na origem delas. Neste caso, método vem de duas palavras gregas: meta (atrás, em seguida, através, ao longo) e hodos (caminho). Ou seja, método significa a forma de proceder ao longo de um caminho. E neste caso se caminhar para alcançar um objetivo prévio. Escolher o melhor método, portanto, é fundamental para se escolher o melhor caminho para se chegar a um objetivo. Método e objetivo, então, estão intimamente ligados. No nosso caso, enquanto grupos de Pastoral da Juventude, o objetivo último sempre é o Reino de Deus. Essa é a primeira ideia.

Um método não nasce do vazio ou de uma idéia solta na cabeça de alguém sem olhos para a realidade. E nem parte de uma situação que não existe. Como caminho, o método se inicia sempre de um ponto de partida, de um mundo concreto e com uma perspectiva que aponta o sentido para aonde se vai. Há dois elementos aqui: a realidade concreta que já se tem e a perspectiva da qual se vai partir. A Pastoral da Juventude tem por prática adotar sua ação pastoral a partir do olhar do jovem, em especial do jovem em situação mais crítica, do empobrecido, do excluído. Não é uma postura somente social. É uma opção evangélica, pois foi o próprio Jesus quem escolheu agir assim. O Reino foi anunciado aos pobres e excluídos e estes serão os primeiros a colher os seus frutos. O olhar da ação pastoral deve ser o olhar de quem quer ver transformadas a estruturas de um mundo que está longe do plano original de Deus, de fraternidade, justiça e amor. Essa é a segunda ideia.

O terceiro tema a respeito do método fala das pessoas. Se a forma como procedemos no caminho para chegar a um objetivo chamamos de método, cremos também que há formas diferentes e variadas para se chegar lá. Dizem alguns que não importa como chegamos, mas sim que chegamos. Conheço muita gente que pensa assim e digo que este não é um pensamento pejoteiro e nem cristão. Vale tudo para alcançarmos os objetivos? Claro que não. Sobre a questão ética envolvida quero falar disto num outro artigo. Por ora quero falar sobre as pessoas. Mesmo na Igreja, há quem enxergue os outros como meros tarefeiros ou como instrumentos para se alcançar um fim. Fazer pastoral é “fazer com”, ou seja, todos juntos num mesmo passo e numa mesma direção, mas conscientes do que estão fazendo. Pensemos bem como estamos envolvendo as pessoas em nossas ações pastorais. Os jovens não são objetos da nossa ação, são participantes e protagonistas. Terceira ideia.

Dada as três considerações (melhor caminho, vida concreta e envolvimento das pessoas), podemos falar que o método usado na Pastoral da Juventude é a ação refletida. Como entender isso? Quando falamos em caminho, sabemos que muitas vezes podemos encontrar dificuldades e que estas, dependendo do grau, podem ser muito difíceis para alguns. Quem enfrenta a dificuldade pode superá-la ou não, dependendo de como faz e das circunstâncias. Vamos dar o nome de “prática” a este momento. Superando ou não esta dificuldade, é preciso refletir a respeito dela, buscar na história quem já conseguiu superar desafio semelhante e como o fez. A esta etapa daremos o nome de “teoria”. Dados os conhecimentos adquiridos e comparados com a ação anterior, os grupos fazem uma “ação refletida”, um novo momento de “prática”. É o que chamamos de método “prática-teoria-prática”.

A abordagem mais “clássica” deste método utilizado na PJ, nasceu nos tempos da Ação Católica e perdura até hoje, sendo adotado por vários grupos eclesiais. É o método ver, julgar, agir, rever, celebrar. Qual a forma deste método? Sendo bem conciso, posso dizer que ele parte da análise da realidade, do chão que pisamos, com todas as dificuldades e facilidades que se podem encontrar. É a nossa prática. Compara-se esta realidade com aquilo que o texto bíblico e os documentos da Igreja apresentam. É a teoria. Feita esta comparação, parte-se para uma ação planejada e organizada. É o novo momento de prática. O grande detalhe deste método até aqui é o olhar que se dá para a realidade, para o texto bíblico e para  a ação. O passo zero do método é que este olhar é o olhar do excluído, daquele que quer ver a realidade transformada de acordo com o plano de Deus. Feita a ação é preciso rever os passos dados para que possam ser melhorados e que todo momento seja celebrativo, pois é a espiritualidade um dos mais fortes elementos de união e identidade do grupo da PJ.

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