segunda-feira, 27 de maio de 2013

Ah, essas pejoteiras!

Como a maioria daqui já sabe, eu sou homem. Alguns de nós temos dificuldades de falar dos problemas femininos diante da nossa condição social masculina ou em razão da criação a que fomos sujeitos. Há ainda quem diga que só uma mulher pode falar da condição feminina, pois só ela sabe como é a dor social de ser mulher.

O fato de que eu seja homem não me impede de falar do ser feminino. Talvez eu não fale com tanta propriedade, pois não vivo “na pele” as dores e as delícias de ser mulher. E certamente seria difícil escrever um texto que contemplasse toda a sua dinâmica e todas as facetas de suas expressões. 


Estou cercado de um grupo muito especial delas. Tenho proximidade com algumas meninas, moças, mulheres com características bem próprias e que me fazem admirá-las com carinho, respeito e uma dose de espanto. Este grupo tem um jeitão bem distinto e deixa marca por onde passa. Tenho um grupo de mulheres bem próximo de mim. São as pejoteiras.

Várias pejoteiras passaram pela minha vida. Como não admirá-las? Como não exaltar suas características? E elas não são um grupo pequeno. São tantas Déboras, Anas, Nilzas, Patrícias, Camilas, Kelis, Julietas, Micheles, Brunas, Magalis, Sylenes, Robertas, Elises, Mônicas, Fernandas, Terezas, Samiras, Andreas, Amandas, Vanessas, Biancas, Sabrinas, Francines, Marias, Paulas, Cinthias, Denises, Carolinas, Eduardas, Cristinas, Cristianes, Flávias, Livias, Adrianas, Carmens, Alessandras, Raquéis, Graças, Rafaelas, Elaines, Julias, Jéssicas, Endyras, Lainas, Carinas, Gabrielas, Selmas, Sheilas, Cláudias, Fabianas, Simones, Danielas, Thais, Luizas, Silvanas, Sônias, Marildas, Reginas, Lucianas, Magalis, Vivianes, Vivis, Suelis, Maris, Karens, Catias, Alines, Demílias, Natalices, Luzienes, Katieles, Beatrizes, Dienifers, Telmas, Solanges, Deyses, Marilias, Lorenas, Francieles, Estelas, Ronildas, Dayanes, Danielas, Roses, Julianas, Letícias, Rogérias, Joelmas, Isabeis, Priscilas, Brendas, Martas, Verônicas, Hildetes, Maristelas, Valdilenas, Francieles, Rosanas, Tábatas, Valérias, Dauras, Heloísas, Renatas, Cleonices, Marcias, Ivanis, Betes, Mirians, Natálias, Estéfanis, Celinas, Jenis, Sandras, Reginas, Vanildes, Amélias, Lilianes, Silvias, Larissas, Arletes, Grazis, Luanas, Maiaras, Taynas, Naiaras, Manuelas, Irenitas, Monicis, Clecias, Marcias, Nazaires, Andrezas, Giseles, Célias, Gisleis, Suzanas, Fabiolas, Rosas, Lindas,  Angelicas, Bellas, Divas.

Sim, pode ser que seu nome não esteja na lista. Pode ser que a grafia não seja aquela mais próxima. Mas a questão mais importante é que a mulher pejoteira faz a diferença, é portadora da novidade, tem a emoção a seu favor e joga com uma lógica profundamente peculiar. 

Como não se encantar com a voz melodiosa, a garra ao abraçar uma causa, a dor sincera da perda, o abraço de entrega total, o gosto pela organização, a memória precisa (seja ela afetiva, casual ou específica), o gingado do bailar, o cuidado pelo detalhe, a raiva que explode e o aconchego instintivo? Alguns dirão que mulheres são assim. E eu digo que isso tudo nas pejoteiras é mais intenso.

Elas são maioria nos nossos grupos. Muitas delas comandam o dia a dia das nossas comunidades eclesiais. Outras tantas abraçaram a militância social. Elas se entregam a causa juvenil e mostram para nós homens o valor e a dor do ser feminino. Na contramão dos discursos midiáticos, elas nos apresentam um novo padrão de beleza, muito mais amplo, muito mais humano. Um padrão que abarca muito mais do que exclui, que descobre o belo na atitude e não só no estereótipo.

Mulheres pejoteiras tem sua raiz firmada na Palavra de Deus posta em prática. São gente de reflexão e de atitude. São cheias de dons. Umas nos fascinam pela palavra, outras pelo canto, outras pelo olhar, mas todas são mulheres de ação, prontas, disponíveis, solícitas, atentas, tal qual Maria ao visitar Isabel ou na festa de Caná.

Mesmo que a TPM atrapalhe ou que as cólicas incomodem, elas nos mostram que não existe esta história de sexo frágil. Poucos de nós, homens, aguentamos a dupla ou tripla jornada que as mulheres (no geral, agora) encaram. Muitas trabalham fora, em casa, cuidam dos filhos e/ou aguentam o mau humor dos companheiros. E há pejoteiras que fazem tudo isso e ainda acham tempo e disposição para o trabalho pastoral. Pense bem, não é de se admirar?

Os salários e os direitos são menores do que os dos homens, os preconceitos vários e os deveres imensos.  Há quem as considere menos inteligentes, menos precisas, com uma sensibilidade mais aflorada, como objetos de desejo, de exposição e de uso. Pois é, minhas caras. Há muito ainda por se fazer. Há novas gerações que podemos formar juntos, pejoteiras e pejoteiros, cristãs e cristãos, mulheres e homens. Nas reflexões em grupo, podemos fazer o contraponto à sociedade que marginaliza o feminino. Nos trabalhos e lutas podemos semear um novo amanhã. Porque, afinal de contas, mulher pejoteira é aquela a quem o livro dos Provérbios se referiu dizendo: “Ela se veste de força e dignidade, e sorri para o futuro”. (Pv 31,25)

PS. Obrigado pela foto, Bianca.

4 comentários:

  1. Caro,

    Texto muito bom, como os demais que você escreve.
    De tudo que você afirma, posso garantir que não discordo de uma linha, pois sou casado com um ex-pejoteira e agora integrante do conselho nacional do Centro de Estudos Biblicos (CEBI).

    Zezito de Oliveira

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  2. Fora a parte romântica que vê as qualidades das mulheres, que são muitas mesmo e a consciência de que as mulheres são mesmo discriminadas socialmente, eu acredito que a grande questão quando se fala da mulher na igreja (a pj é parte da igreja) é que desde épocas bíblicas se sabe do poder que as mulheres tem de guiar e participar das comunidades, o grande problema é que a igreja nega a mulher o acesso direto ao sagrado.

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  3. Lindo, lindo, lindo!!!
    É o que tenho a dizer. Obrigada pela homenagem, pela coragem e ousadia em escrever sobre as mulheres, e melhor pjoteiras!
    rsrs...
    E muitíssimo obrigada por colocar meu nome, tão incomum, mas presente nessa grande lista que vc citou. Fiquei muito feliz!
    :D
    Que Deus continue a abençoa-lo e ilumina-lo para nos dar sempre uma cutucada, uma luz e até mesmo uma homenagem tão linda como esta.
    Valeu!

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  4. Parabéns Ro.

    Mais uma vez você nos toca, nos cutuca e nos faz refletir com seus belos textos.

    E vamos pra luta!!!

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