quarta-feira, 4 de setembro de 2013

E ainda vem me dizer que é pejoteiro?

Sujeito estufa o peito e diz que ama a Pastoral da Juventude. Seria bonito. Sim, seria. Mas uma coisa é a frase isolada, perdida e deslocada do seu contexto. E outra coisa bem diferente é perceber esta mesma frase junto de outras frases ou emparelhada com as atitudes. Não. Não bate, não cola, não dá liga.

O que pretende um sujeito cuja coerência e cujo testemunho não ajudam a aliar o que se prega e o que se vive? Há alguns que agem por ignorância, por desconhecimento. Estes tem jeito ainda. Formação e acompanhamento ajudam a dar clareza e apontam um caminho bom para seguir. Outros querem pontuar questões e buscam a provocação e a reação. Estes são os que buscam provocar acabam por abrir espaço para o debate. Eu gosto deles.  Outros, no entanto, agem por má-fé mesmo. São os que agem sem ética. Estes mereceriam ter o nome apagado do livro da História. Mas quero me deter um pouco sobre eles.


Já viu gente assim? Gente que se diz pejoteiro e que queima o filme da pastoral? Gente que diz que está contigo nos processos pastorais, mas que não contribui decididamente nem nas reuniões e nem na execução? Gente que inclusive atrapalha estes mesmos processos? Sim, eu os conheço. Tomara que você não. E se isso for verdade, que Deus conserve a sua vivência e sua realidade.

Se na vida cotidiana, gente falsa e hipócrita é algo de doer, na vida pastoral isso é detestável e digno de repulsa. Se não concordou, fala na cara. Se queria fazer diferente, levanta o caso novamente. Se tem diferença com alguém, seja franco com a pessoa. Mas, de maneira nenhuma, diga que está tudo bem, que concorda ou que vai contribuir, mas pelas costas, pelas ondas telefônicas, pelas redes sociais, pelas mensagens eletrônicas, acaba dizendo que achou tudo muito ruim, levanta calúnias contra este ou aquele. Acaba cuspindo na própria pastoral que instantes antes dizia que amava.

Outro tipo execrável de fulano é aquele que busca o status, o poder, os recursos, os primeiros lugares. Jesus já havia dito que este não era o caminho. Mas o fulano, na busca insaciável pela glória, ainda vem perguntar quem é esse tal Jesus. Tonto, você está no grupo errado! PJ é uma pastoral pobre, identificada com os pobres e que luta na pegada da Civilização do Amor. Não compartilhamos da sua lógica.

Quer poder? Aqui só tem o poder do serviço. Estamos aqui para servir, para nos doar. Quer recursos? Aqui nós investimos nossos finais de semana, nossos feriados, nossas noites em reuniões, encontros, formações. O dinheirinho é suado. Tudo vem de doações, projetos, festas, rifas e principalmente do próprio bolso. E o rendimento todo deste investimento nós encontramos nos frutos bonitos do trabalho pastoral.

Quer saber de status? Quer ser amigo do padre, do bispo, da freira? Amizade não é status, queridão. Gente madura sabe identificar um bajulador. Não procure este caminho. É bem provável que você acabe se cercando de gente fútil ou ficando sozinho no final.

PJ é uma pastoral de luta e que se preocupa com o jovem. Nada mais incoerente, portanto, do que ver um pejoteiro lutando contra a vida e a dignidade juvenil. Ou vê-lo tentando restringir os espaços de participação de outros jovens, seja este um espaço eclesial, estudantil, social, trabalhista, político ou grupal.

PJ é uma pastoral que crê na espiritualidade do cotidiano. Incoerente é a pessoa que não busca por fazer acontecer o Evangelho de Jesus no dia-a-dia. Não mostra um bom testemunho de vida quem não quer fazer a experiência da presença de Deus na própria existência ou, quando faz, imagina que esta só geraria mudanças espirituais, ignorando que um pejoteiro de fato quer ver os sinais de Deus nas relações sociais e em todo ambiente que o cerca. 

PJ é uma pastoral que tem vida comunitária. Pejoteiro largado não vem abastecer sua fé na celebração da vida e na participação com outros irmãos. Numa outra ponta, o pejoteiro meia boca vive num sacramentalismo sem sentido e com um medo de falhar nos preceitos morais. Este corre um sério risco de esquecer as raízes da espiritualidade cristã e ficar só com as aparências.

PJ é uma pastoral de participação. Não cabe um sujeito que se ache dono, senhor e proprietário de toda a verdade do universo, sobrando somente para os demais ouvir e beber de sua maravilhosa sapiência e oratória. Todo mundo sempre pode aprender com o outro.

PJ é uma pastoral de caminhada. Não fica parada. Não fica largada. Não se sujeita ao ostracismo. Ela roda, ela rola. Ela não cria musgo. E se no decorrer da caminhada acabar julgando que entrou num caminho errado ou num beco sem saída, ela não se lamenta, se rasga ou se desespera. Apenas olha para trás e refaz o seu caminho. Pois é. Coerente é a PJ. Coerente devem ser os pejoteiros.

5 comentários:

  1. É Rogerio , mais um texto que tenho certeza muitos Pjoteiros vão entender e visualizar nas suas realidades. Muitos na pastoral por Ingenuidade , ignorância ou má fê mesmo, acabam influenciando muita gente e muitos pjoteiros que estão começando e por afinidade acabam comprando partido no discurso de quem na sua maioria é uma pessoa extremamente sociável e comunicativa porém parece que quer reinventar a roda tendo um discurso retaliativos e desagregadores, mais que gosta de fazer uma "Média" com os grupos de base ...
    Bom tema pra revisões de vida em nossas formações!!!!!!!!!!!!

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  2. É bem por aí... Essa é uma discussão permanente na Pastoral. Muita gente não entende o que é a Civilização do Amor. Eu mesmo já errei, confundi as coisas, mas sempre pude contar com amigos e assessores que me faziam lembrar que o Reino era o mais importante. Bom texto, Rogério! Abraços em Cristo sempre jovem.

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  3. Acrescentemos aí que PJ é dar continuidade ao projeto de Jesus, de "anunciar a Boa Nova aos pobres, proclamar a libertação aos presos, restituir a visão aos cegos, libertar os oprimidos e proclamar um ano de graça do Senhor" (Lc 4,18-20), que foi brutalmente interrompido pelas lideranças políticas e religiosas de seu tempo.

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  4. E eu acrescentaria mais um tipo: O dito PJ que faz da caminhada uma escalada dentro da estrutura da pastoral, perdendo sua identidade e criando um estereótipo de militante, quase caricatura de alguns "lideres", um ser anômalo sem discurso próprio, alienado a posturas e ideários muitas vezes conflitantes com a proposta da construção da Civilização do Amor. Veste com camisetas e bandanas com palavras de ordem e de mudança, mas pouco ordena e muda na sua vida e ao seu redor. E mesmo assim ocupa lugares de destaque e de autoridade, quase tão autoritários quanto as estruturas que diz lutar contra. Lamentável... Paz e Bem "!

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