segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Sete aprendizados em um ano

Além de compor a comissão regional de assessores do Sul 1 (estado de São Paulo), eu contribuo na assessoria do Instituto Paulista de Juventude, em especial num projeto de formação de lideranças chamado “Eu sou + 7x7”. No feriado prolongado de 7 de setembro de 2012 encerramos a sexta turma deste projeto.
 
O formato deste projeto é composto por sete encontros, cada um com uma temática. O objetivo é capacitar as lideranças num processo mais de visão mais ampla da realidade intra e extra eclesial, é ajuda-los a desenvolver mais a sua consciência crítica e a perceber a importância do trabalho em rede.
Cada um dos grupos recebeu um nome diferente. Este nome guia os roteiros dos encontros e os momentos de espiritualidade. Talvez você possa achar que é comum, mas cada grupo possuiu sua própria identidade. Nenhum grupo foi igual ao outro seja no formato, na metodologia ou na interligação entre seus participantes.
 
Estes sexto grupo fugiu da lógica dos cinco anteriores. Até então, os nomes destes grupos tinham uma origem e uma identificação com nosso mundo judaico-cristão: Jubileu, Pentecostes, Kairós, Ruah e Êxodos. Com o sexto grupo, abrimos nosso olhar para o chão latino-americano. O grupo foi batizado como Pachamama. E ao planejarmos e executarmos o projeto (que dura um ano), particularmente pude aprender algumas coisas, duas delas já partilhadas aqui no blog.

1- Identidade é opção política
Você escolhe o que quer ser. Não há fatalismo que diga que fulano é isso ou aquilo e está determinado, da mesma forma que não se pode decretar que todos os jovens devem ser pejoteiros. Você escolhe ser ou não.
 
2- Há um caminho longo para a equivalência de direitos entre homens e mulheres na própria pastoral
Perceba. Nos nossos encontros que papéis estão reservados aos homens e às mulheres? Quando realizamos formações fora, quem é que cozinha? Quem normalmente secretaria as discussões? Quem tem maiores dificuldades de liberação por parte dos pais para retiros fora da comunidade? Quando há crianças nos encontros, quem normalmente é “escalado” para ficar com elas? Nas coordenações há mais homens ou mulheres? E nas assessorias?
 
3- Se não for por amor, não há sentido abraçar os sacrifícios da vida.
Não há como se iludir, a vida é difícil e os desafios são grandes. A tendência natural da maioria das pessoas é procurar uma saída mais simples por puro instinto de sobrevivência. Um olhar mais amplo para poder incluir mais pessoas na busca de saídas não acontece sem sacrifícios. E não se realiza se não for por amor.
 
4- Temos que deixar de lado a tentação de pensar pelos outros
Que se pode fazer pelos pobres? Que devemos planejar para que seja feito pelos jovens? Xô tentação! Enquanto não incluí-los nos processos de decisão e planejamento não saberemos como sair de tantos problemas e não teremos todo o apoio para realizar as mudanças necessárias.
 
5- É preciso fazer a experiência para saber de que lado estamos
O poder da mídia é inegável. O que muitos de nós não percebemos é que mesmo inconscientemente acabamos por reproduzir em nossas falas e comportamentos os valores que recebemos da mídia. É muito fácil ser um reprodutor da opinião alheia sentado no sofá da sala. Valoroso, porém é sair portão a fora e ir de encontro às realidades que nos chegam pelos filtros televisivos, pelas páginas impressas ou pelos autofalantes radiofônicos. Quem não sai e percebe a real realidade pelos sentimentos que ela aflora, corre o risco de reproduzir aqui ou ali o discurso dominante.
 
6- Sem sinais concretos, é muito difícil alimentar a utopia
Sim, a fé é um salto no escuro, uma aposta para aqueles que não creem. Como mantê-la sem os sinais visíveis? Por isso que nossa fé é comunitária. Quando nossa utopia está apagando em nosso peito, podemos vê-la brilhar nas ações de outro irmão ou companheira. Quando nossa fé se abala, nós a fortalecemos na celebração eucarística. Quando nosso peito pede carinho, nós nos aconchegamos na casa que acolhe, no pão sobre a mesa e no café quentinho. Que o brilho da estrela que você carrega no peito não se apague!

7- Somos um com o mundo e a natureza.
Não. Não somos nós e o meio ambiente. Somos tudo uma coisa só. Vida gera vida. E estamos todos interligados. Tudo é interdependência. Que a sua vida gere vida para o mundo. Que suas relações sejam marcadas pela causa da inclusão num mundo onde caibam todos. Num outro mundo possível.

Um comentário:

  1. Valeu completamente a pena cada segundo dessa experiência... passar por essa transformação que é ser +7X7, Valeu cada energia trocada, cada amor emanando...
    As partilhas,as trocas de carilhos,cada minuto que passamos juntos, as risadas,cada lagrima de emoção que foi derramada,saber que não estamos sozinhos nessa luta pela nova Civilização do Amor... a saudade fica mas temos a certeza de que logo logo nos encontramos por ai na luta
    valeu apena ê ê ...valeu apena ê ê... :D
    grande beijo é muito obrigado !

    ResponderExcluir