sábado, 14 de fevereiro de 2015

A assessoria da assembleia

Eu tenho um amigo que brincava ao dizer que a preparação de encontros de formação da PJ era simples. O roteiro era básico: “Café – Oração – Assessoria – Almoço – Animação – Assessoria – Café – Assessoria – Oração – Encerramento”. Quatro coisas eram necessárias para ele: alimentação, espiritualidade, animação e uma boa assessoria. 

O peso maior cairia nas costas de quem fosse conduzir o tema. Pode parecer simplório demais este esquema, mas eu o vejo ser reproduzido com bastante frequência, não só nos encontros de formação, como também em algumas assembleias da PJ.

É claro que a figura do assessor é fundamental numa assembleia (ou formação), mas é preciso que ela caiba dentro de uma proposta metodológica para que a pessoa certa se encaixe na ideia planejada. Há cuidados para isso acontecer? Há riscos nestas escolhas? É sobre isto que falaremos aqui.


Imagino que duas são as preocupações iniciais e ambas partem de um olhar a respeito da metodologia da assembleia: Teremos quantos assessores? Como alinhá-los com a proposta metodológica? Aliada a estas duas preocupações, deixo pendurada ainda mais uma questão: é necessário um assessor contínuo para toda a assembleia?

A esta figura damos o nome de assessor metodológico. E tê-lo por perto é algo aconselhável. Ele ajudaria a dar unidade na proposta da assembleia e teria uma facilidade maior em dialogar com os demais assessores temáticos. Por vezes, a assembleia nem demande tanto tempo e o próprio assessor metodológico seria o único assessor temático. Pendure mais esta ideia.

Além desse aspecto, o assessor metodológico está bem por dentro de tudo que vai acontecer durante a atividade, pois acompanhou os principais passos decisórios de como o evento aconteceria. Ele deu opiniões, fez perguntas e está mergulhado na proposta.

Contudo, dependendo desta proposta, assessores temáticos também são interessantes. Alguém que ajude a iluminar a realidade onde se vive, alguém que resgate a importância da história, alguém que ajude a rezar os passos dados, alguém que reanime a turma com a proposta de Jesus, alguém que explique os caminhos apontados pela Igreja, alguém que provoque as possibilidades todas que possam sair da assembleia.

Claro que não são necessários assessores para todos estes momentos. Estes são alguns indicativos de quando podemos contar com essa valiosa ajuda. Como já foi colocado, o assessor metodológico pode acumular todos os papéis que caberiam aos assessores temáticos.

Há duas vantagens nesta decisão: trazer assessores de fora do grupo demanda, no mínimo, um custo a mais com transporte, estadia, alimentação e um agrado pelos serviços prestados. Ou seja, quanto menos assessores, mais em conta fica a despesa financeira. Além deste aspecto, centralizar numa única pessoa os momentos de assessoria facilita a unidade na proposta metodológica. Tudo tem mais chance de sair conforme combinado anteriormente.

No entanto é aí que reside o maior empecilho da centralização na assessoria: a visão unificada. Sabe aquela história de que ninguém é tão bom quanto todos nós juntos? Há sempre algo a se acrescentar ou contrapor com a contribuição de mais do que uma pessoa. O outro sempre ajuda a dar um olhar diferenciado. 

Há riscos na escolha? É preciso ter uma carta na manga? Sim e sim. Há o risco da pessoa convidada para assessorar ter que faltar e avisar em cima da hora. Há o risco da falta de sintonia entre o assessor e a assembleia. Há o risco de se convidar alguém que não esteja totalmente por dentro da temática. Eu já passei por tudo isso e dos dois lados, seja convidando ou sendo convidado.

Nos casos em que o assessor anuncie a sua ausência, é preciso ter um segundo nome a ser convidado. E como estas coisas não acontecem de forma tão antecipada, a melhor sugestão é ter alguém da própria equipe que esteja preparado (talvez não com tanta qualificação) para assumir a bronca caso haja qualquer contratempo. Se der tempo de chamar outra pessoa de fora tão boa quanto a primeira, ótimo.

Enrosco mesmo é quando a pessoa vem, mas não surge a sintonia entre as partes. Normalmente isto pode se dar por erro na escolha da assessoria (a pessoa é ótima para grupos pequenos, mas não prende a atenção de grupos grandes, por exemplo), falta de cuidado na preparação da fala (não informou os materiais necessários que seriam utilizados) ou falta de informações a respeito dos participantes (conhecimento muito básico a respeito da temática). Por isto, a escolha tem que ser muito bem planejada e as conversas anteriores muito esclarecedoras, com o devido tempo para a pessoa se preparar.

Dito isto, eu me lembro do meu amigo e seu esquema “Café – Oração – Assessoria – Almoço – Animação – Assessoria – Café – Assessoria – Oração – Encerramento”. Não dá para ser tão simplista assim. Há muito trabalho da equipe e muitas responsabilidades envolvidas. Escolher a assessoria de uma assembleia é uma atitude importante e decisiva para os bons resultados. Ele sabia disso. No fundo era uma brincadeira para descontrair as tensões.

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