sexta-feira, 24 de abril de 2015

Rever e dar os passos finais

A pastoral da juventude de sua localidade vai preparar uma assembleia. Antes de qualquer coisa, já pensaram como ela vai estar situada na história? É momento de ruptura com o passado recente? É momento de dar continuidade para avançar mais? É momento de parada para uma reflexão mais profunda? E já refletiram sobre a representatividade, a autonomia e a legitimidade da assembleia? Foi sobre isto que falamos no primeiro texto desta série.

Já pararam para pensar no caminho metodológico? É ele quem vai dar o formato e o jeito para que a assembleia possa produzir frutos. Acertar aqui é meio caminho para uma atividade bem sucedida. Podemos rever o texto sobre metodologia aqui.

Com o desenho do caminho traçado, pode-se passar para questões práticas e que tem muito a ver com ele, como a infraestrutura, as questões financeiras, a divisão de tarefas e uma boa escolha das assessorias da assembleia. Se bem preparadas, teremos com isso um ambiente propício para um bom desenvolvimento do protagonismo juvenil. O que mais falta afinal? Temos algumas outras perguntas a serem respondidas para uma assembleia bacana? Deixo aqui, como sugestão, cinco questões para que a equipe possa discutir.


1- E se as inscrições não forem preenchidas?
A melhor estratégia é antecipadamente saber qual o critério de divisão de vagas mais adequado para sua realidade. Num exemplo diocesano, há realidades que uma vaga por paróquia contemplaria. Em outras localidades, 5 vagas por setor pastoral seria mais equilibrado. Já vi também definirem uma vaga por grupo. Não é esse o caso. A melhor estratégia foi definida, mas está chegando a data da assembleia e há vagas em aberto. Há duas saídas: sustenta-se o critério adotado ou parte-se para um plano B.

O risco de manter o critério adotado passa pela questão da representatividade e também pelos custos que uma assembleia carrega. Tem a “vantagem” de que este não comparecimento possa ser avaliado pela própria assembleia como elemento de crescimento pastoral para futuras iniciativas. 

Ao se adotar um “Plano B” há de se levar novamente em conta o critério da representatividade e da legitimidade já faladas anteriormente. No entanto, esta não é uma decisão a ser tomada no fim do processo. Precisam estar claras na cabeça da equipe preparatória todas as possibilidades.

2- E quando há mais demanda do que vagas?
Suponhamos que foi estabelecido um limite de 50 pessoas participantes da assembleia, mas a repercussão desta atividade foi muito boa e há uma demanda de 70 pessoas querendo ir. Duas perguntas se abrem aqui: É possível aumentar o número de vagas? É viável aumenta-las? E a equipe quer saber que teria capacidade de responder ambos os questionamentos. A equipe de infraestrutura pode responder sobre a possibilidade de acolhimento da casa e a equipe de metodologia sobre os impactos no encontro de se ter mais gente participando.

Convenhamos que, se bem pensado anteriormente, a casa escolhida para a assembleia já conta com o aval da equipe toda. Existem casas que são mais amplas do que o necessário (tem quartos extras, por exemplo). Eu já participei de um encontro em que jogaram um colchão a mais por quarto para poder atender a demanda. Jeito para isso até pode se dar. Mas o impacto metodológico também é sério. Se há trabalho em grupo, por exemplo, teremos ou mais grupos ou grupos maiores, o que acaba de uma forma ou de outra demandando mais tempo. A resposta para este questionamento deve ser pensada antecipadamente, portanto.

3- Existe um planejamento para distribuir o material de estudos?
Essa é fácil de responder. Se não pensaram nisso ainda, estão esperando o quê? Um bom material de estudos é ferramenta importantíssima para ajudar os participantes a entrarem no clima da assembleia. E quanto maior ele for (ou quanto mais complexo, ou com materiais indispensáveis para a leitura), mais antecipadamente ele deve ser distribuído. E-mail, carta, download são algumas formas para que ele seja distribuído.

4- Já prepararam a avaliação?
De novo, se não pensaram nisso ainda, estão esperando o quê? Esse foi um aprendizado que eu tive na prática. Dois eventos que eu ajudei a preparar (sendo um deles uma assembleia) acabamos nos esquecendo da avaliação. Isso é uma falha seríssima. A revisão/avaliação faz parte do nosso método pastoral. Olha aí o risco de ficarmos repetindo os erros do passado! Sem a avaliação, como podemos aprender com nossas próprias falhas?

5- Quando os primeiros frutos poderão ser colhidos?
Não sei. Isso é sempre caso a caso e muda conforme os encaminhamentos da assembleia são aprovados ou não. É claro que a gente quando pensa num evento desse porte tem algumas expectativas que podem ficar mais precisas de acordo com a experiência que vamos acumulando. Mas dada a dinamicidade das decisões, tudo pode acontecer seja para nosso alívio, para nossa frustração ou para nossa surpresa. E, se uma lição pode ser tirada tanto de uma assembleia como da vida pastoral no todo, é que precisamos ter a tranquilidade de Paulo ao final de sua jornada ao afirmar que combateu o bom combate, terminou a corrida e conservou a fé (2Tm 4,7).

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E com este texto, encerro a série iniciada já há alguns meses com dicas de preparação de uma assembleia pejoteira. Calhou de ser na data da semana do quinto aniversário deste blog (em 21 de abril). Então acaba por ser um texto comemorativo também. Em 2010 não esperava ter assunto para tanto tempo assim e hoje sei que há muito ainda a ser dito! Sigamos em frente. Numa só força. Num só pensamento. Num só coração.

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