sábado, 6 de junho de 2015

Por uma PJ sempre fiel

Nosso amigo pejoteiro se casou. Era uma tarde de sábado quando saímos de casa até a cidade dele. Chegamos lá, na boca da noite. Muitos amigos de pastoral também estavam lá. A noiva era também uma figura especial. Passamos a gostar e querer bem a ela, não só pelo envolvimento afetivo com nosso amigo e conosco, mas pelo seu testemunho da presença atuante.

Uma das frases mais impactantes numa cerimônia de casamento católico é o “Eu, te prometo ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-te e respeitando-te, todos os dias de minha vida”. O que isso significa? Podemos fazer uma ligação dela com a nossa Pastoral da Juventude?


Creio que a expressão central da promessa acima seja o “ser fiel”. Fidelidade nos bons tempos e nos tempos ruins também. Fidelidade ligada ao amor e ao respeito e que dure enquanto a vida durar. É uma promessa mútua, na busca comum de animação constante, de uma pessoa para com a outra, com a graça de Deus.

Fidelidade não está contemplada somente na questão sexual. Quando alguém se casa é porque compartilha sonhos, projetos, desafios e realizações a serem feitas em conjunto. É mais do que parceria, porque esta relação está cimentada no respeito e no amor.

Ser fiel no respeito, ser fiel no amor, ser fiel nos sonhos divididos, nos projetos a serem construídos, nos desafios do dia a dia. Claro que a vida é dinâmica e as dificuldades tendem a bater na nossa porta, mas antes de se deixar dominar por elas, talvez um bom exercício fosse relembrar as razões do amor primeiro e do encantamento que levaram cada um dos dois a fazer a promessa de fidelidade.

Os exemplos de fidelidade aparecem constantemente no nosso cotidiano. No entanto, temos o mau hábito de fixarmos somente os exemplos ruins. Quem não conhece um professor vocacionado que, apesar das dificuldades enormes é alguém que consegue motivar os alunos com os parcos recursos oferecidos? Ou a senhorinha da comunidade que leva uma vida puxada, sem apoio da família, mas que está sempre na comunidade, muitas vezes quase vazia, e sempre disponível para dar uma boa palavra?

Ou ainda nossos jovens amigos, recém-casados, que foram desenvolvendo as relações de carinho e afeto durante a vida pastoral; que foram descobrindo os sonhos comuns, engajando-se na militância e não se esquecendo da mística cotidiana que aprenderam dentro da PJ?

Dentre tantas outras posturas e ações, digo que a Pastoral da Juventude não pode abrir mão de duas delas: ser fomentadora da fidelidade à proposta de vida apresentada por Jesus Cristo e ser testemunha desta mesma fidelidade.

A promessa de Deus, desde os primeiros livros da Bíblia, é de uma vida plena. Esta promessa foi reconfirmada por Jesus (por exemplo, quando disse que veio para “que todos tenham vida e a tenham em abundância”). Ela permaneceu acesa pelo testemunho dos primeiros cristãos (“Entre eles, ninguém passava necessidade”) e em tantos santos e santas, conhecidos e anônimos, de antigamente e de hoje em dia.

A vida é ceifada, truncada e impedida de chegar a sua plenitude todos os dias. O testemunho da Pastoral da Juventude, das suas e dos seus militantes precisa apontar uma alternativa. Outro caminho é possível e necessário!

Tantos jovens e tantas jovens têm seus direitos desrespeitados, seus corpos violentados, suas vidas interrompidas muitas vezes pelo simples fato de serem jovens. Como cristãos, é impossível não parar e gritar a denúncia de tanta violência e extermínio juvenil. Mais do que uma campanha, é necessária uma prática constante, a vivência de um testemunho coerente e uma ação articulada entre as várias instâncias pastorais e outros organismos. É preciso fazer o mundo girar.

Fico feliz por ter reencontrado tantos amigos e amigas no casamento dos nossos jovens pejoteiros. E mais feliz ainda por saber que esta união veio germinando na fidelidade à proposta de Jesus de vida plena a todas as pessoas. 

Meus queridos, “Deus é fiel. ‘Ele é "AQUELE QUE É’, desde sempre e para sempre, e é assim que permanece sempre fiel a si mesmo e às suas promessas” (CIC 212). Que assim como vocês e apesar de toda a dificuldade que irá aparecer, a PJ possa sempre permanecer fiel à promessa de vida plena, seja nos tempos bons e ruins, ligada no respeito e no amor e que, da nossa parte, dure enquanto nossa vida durar. 

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