segunda-feira, 6 de setembro de 2010

É possível ser feliz sozinho? – parte 2

Grupos isolados tendem a achar que são autossuficientes. Dependendo da realidade e do tempo de caminhada, esta experiência pode durar até mais que outras, mas tende a morrer mais cedo ou mais tarde. Parte das justificativas para esta afirmação estão dispostas no artigo “É possível ser feliz sozinho – parte 1”. O artigo de hoje vem apresentar uma alternativa aos grupos de jovens que querem buscar uma forma de manterem a identidade da própria caminhada, contando com o auxílio de uma estrutura que deve ser leve e dinâmica para cumprir sua finalidade.
26.    Já ouviu falar em Pastoral da Juventude?

Um jovem coordenador de grupo me indagou numa formação que eu fui dar em sua paróquia sobre formação de líderes: “Rogério, meu grupo está desanimado. O que dá para fazer com ele?”. Eu perguntei ao jovem: “Você já ouviu falar em Pastoral da Juventude?”. Talvez não fosse a melhor pergunta a fazer, mas dela eu colhi informações com as quais eu pude ajudá-lo.

Não. Ele não conhecia a PJ. E quantos grupos hoje não têm o direito ao contato com a Pastoral da Juventude ou não tem a menor noção de como estabelecer este contato? Posso dizer que muitos grupos sequer conhecem e nem ouviram falar nesta sigla.

Por quê? Pelos mais diversos motivos. Pelo isolamento. Por pertencerem a movimentos juvenis paroquiais que encerram o jovem no próprio mundinho. Em razão do padre ou da liderança da comunidade achar que a PJ é libertária demais, ou política demais, ou que vai tirar o jovem da comunidade para uma infinidade de cursos e formações. Por preconceito. Por ignorância. Ou também por desconhecimento mesmo...

Tudo bem. Mas o que a PJ pode oferecer para um grupo isolado que tende ao fracasso de não se desenvolver? Dentro de sua riqueza construída em quase quarenta anos de história e herdeira que é da Ação Católica, posso dizer que a PJ tem dois elementos de que gosto muito quando o assunto é este: sua metodologia e sua formação.

Sobre a metodologia, já falamos sobre ela em outro artigo. Quanto ao modelo de formação adotado pela PJ isto foi o que mais me encantou desde quando eu a conheci. Por isto, hoje aqui eu vou falar brevemente sobre ela, pois acredito que cada um de seus aspectos merece um artigo independente ou mais.

A formação na PJ recebe o nome de formação integral. Ela contempla o jovem como um ser completo e indivisível. Cada uma de suas características formativas interage uma com as outras de forma integrada. A PJ entende o jovem como ser individual, mas que vive em grupos e sociedade, tendo o seu lado de encontro e entendimento do sagrado, buscando sempre ser uma pessoa melhor e mais capaz. Não adianta valorizar demais um ou outros destes aspectos em detrimento dos demais. Todos eles são importantes.

Mas saber sobre a metodologia e a formação integral da PJ ajudará um grupo isolado a ter seu destino remodelado e a entender melhor seus objetivos? O Marco Referencial da Pastoral da Juventude do Brasil diz que a PJ é “ação evangelizadora da Igreja entre os jovens, onde os próprios jovens são protagonistas de sua evangelização, assumindo-se como evangelizadores de outros jovens. A organização não é somente uma coisa útil e necessária, mas é encarada como uma forma evangelizadora. Os jovens se educam na fé e na cidadania através da própria organização”.

O Marco continua dizendo que “A organização permite a partilha e a sistematização das experiências; promove um processo educativo na fé; desperta a consciência crítica e a memória histórica, favorecendo a realização da missão evangelizadora de modo orgânico”. (As citações estão na página 172 do livro, que também pode ser baixado pela internet. Clique aqui).

Articulados na Pastoral da Juventude, seja na paróquia, região, forania, setor, diocese, no estado ou no Brasil, os grupos se sentem mais unidos e com uma caminhada comum. Olham uns para os outros e veem quais problemas já enfrentaram e que soluções foram adotadas.

Seguir o mesmo método, ter o mesmo objetivo e a mesma linha de formação ajudam a firmar a identidade dos grupos ligados à Pastoral da Juventude. E contribuem também para tirar o grupo de jovens do isolamento, da mesmice e da solidão.

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