Tomo a liberdade de nomear este artigo com um dos versos da canção “Alucinação” do Belchior. Escrevo ainda sob a emoção de um encontro de formação que participei recentemente e que por todas as circunstâncias que giraram em torno dele acabaram reafirmando em mim o desejo de continuar a “amar e mudar as coisas”.
Nada, nada supera o encontro pessoal. Mesmo neste momento em que vivemos em que tantas relações se tornam virtuais. Não, não sou um saudosista dos tempos em que a comunicação instantânea era coisa de ficção. Sei que a tecnologia facilitou e muito a possibilidade do conhecimento se alastrar. Se você estiver lendo este texto agora, essa é mais uma prova de que isto é verdade. A questão é encarar este como um instrumento a mais e não exclusivo.
Mas voltando ao assunto, nada, nada supera o encontro pessoal. Sim, a virtualidade aproxima pessoas distantes fisicamente. E claro que isto é bom. Mas esta mesma virtualidade não supera o contato de um abraço pejoteiro. Este abraço é daqueles fortes em que você sente o calor, a respiração e a emoção da outra pessoa.
Quem é pejoteiro de verdade sabe do que estou falando. Um pejoteiro quando vai preparar um encontro de formação pensa não só no conteúdo e nos momentos de espiritualidade. Pensa também na acolhida, no aconchego, no chamego e na alegria de ser feliz.
Quando se trata de um grupo que se reúne com certa periodicidade, então a acolhida vem junto com o ingrediente da saudade. São os olhares que se cruzam, os sorrisos que surgem automática e espontaneamente e a expressão que varia, mas gira em torno do famoso: “Ô rapaz, vem cá e me dá um abraço”.
É verdade. Nada supera o encontro pessoal. As histórias contadas ao pé do ouvido são muito melhores do que aquelas que lemos nas telas frias dos computadores ou mesmo nas videoconferências. Quando a história é triste você pode pegar forte nas mãos da companheira, olhar nos olhos dela e mesmo sem dizer nada, seus olhos dizem “tamo junto”. Quando a história é alegre, você também não precisa dizer nada. Aquele abraço de lado, as cabeças juntas e o sorriso compartilhado já dizem tudo também.
E que encontro virtual poderia contar com momentos de diversão, música e dança? Ah! Que beleza! As pessoas pulam, sorriem, deixam-se embalar pelo ritmo e se abraçam. Olha o danadinho do abraço aí de novo. E mesmo alguém como eu, que não é tão afeito à dança, também se sente feliz quando está num ambiente assim, podendo partilhar da boa energia da alegria genuína.
E nos encontros pejoteiros em que ficamos e comemos e bebemos? Existe coisa melhor do que uma comidinha gostosa, preparada com carinho e disposta sobre a mesa de maneira organizada e com beleza? Quando se encontra algo assim, sabemos que houve uma preocupação com a nossa acolhida também.
Encontros pejoteiros reais sempre têm cores, flores, cartazes, Bíblia, bandeiras, cadeiras em círculo (ou semicírculo), gente com camisetas com frases comprometidas, sandálias nos pés, boinas, bonés ou chapéus, gente que gosta de sentar no chão, velas, aromas, violão. É possível pensar nisso no mundo virtual?
E as celebrações pejoteiras? Que dizer delas? Elas não o afastam do mundo, não o deixam nas nuvens. Elas falam da vida, não o fazem esquecer o chão onde pisam os seus pés. Elas são centradas na mensagem, na vida e na proposta de Jesus Cristo e o impulsionam a seguí-lo e a continuar sua missão. Há tanto por ser transformado.
Não nego o valor do mundo virtual. Há muita riqueza nele. É uma ferramenta importante. Mas a realidade a ser encarada é fora das telas, das nuvens e dos teclados. Você que lê ou ouve este texto agora, vem. Vem delirar com as coisas reais aqui fora. Vem. Vem amar. Vem fazer a experiência pejoteira. Vem transformar.
Verdade... pura verdade!
ResponderExcluirBelas palavras que fizeram nos lembrar da presença, como é importante estarmos juntos e não somente através de um computador e mensagens de celular.
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