terça-feira, 3 de julho de 2012

Gracias a la vida

Pensei em várias maneiras de agradecer a Deus o dom de me permitir ter vivido estes anos com saúde e cercado de gente tão bacana. Tive a idéia e a pretensão de tomar como inspiração as palavras de Violeta Parra cantadas e imortalizadas nas vozes de Mercedes Sosa e Elis Regina. Sim, é uma homenagem a uma música que tem me inspirado há muitos anos. E uma forma de dizer obrigado a tantos e tantas que fizeram eu ser o que sou hoje. E que Deus me permita declamar estas frases por tanto tempo quanto for necessária a minha vida e a minha presença.


Agradeço à vida que já me deu tanto. Ela me deu dois olhos que quando os abro, consigo perceber perfeitamente a beleza e a miséria, a atitude e a passividade, o dia luminoso e o céu estrelado; e entre tantas e tantas, a pejoteira que eu amo.

Agradeço à vida que já me deu tanto. Ela me deu a capacidade de ouvir muitas e muitas coisas. Por esta capacidade posso perceber a diferença do dia corrido e da noite às vezes serena. Ouço lamentos e dúvidas. Partilham comigo alegrias e encantamentos. Chegam-me aos ouvidos histórias de gente que continua a dar a vida por uma causa. E posso distiguir no silêncio todas as vozes de tantos e tantas que me são queridos.

Agradeço à vida que já me deu tanto. Ela me deu a capacidade de falar e de ser compreendido. Coisa boa demais é tudo isso. Com esse dom posso expor tudo que penso, tudo que sinto e tudo que percebo. Posso nomear como irmãos os companheiros de caminhada, como mães as senhoras que me enchem de carinho e como amigas aquelas que partilham sonhos, esperanças e desafios. E posso declarar abertamente que amo tudo isso.

Agradeço à vida que já me deu tanto. Ela me deu a marcha de meus pés cansados. E como eu já caminhei. Quantas terras eu já passei. Pé na terra, na areia, nas pedras, na lama, no asfalto, no concreto. Em tênis, sandálias, sapatos, chinelos ou descalço. Na rua, na chuva e na fazenda. Nas minhas, nas nossas, nas suas casas, ruas e quintais.

Agradeço à vida que já me deu tanto. Ela me deu o coração que agita minhas emoções e que anseia em querer amar e mudar as coisas. Ela me deu a capacidade de admirar o fruto do trabalho e do pensamento humano, que tanta coisa boa é capaz de fazer e tanta brutalidade anseia em realizar. São tantas indignações e agitações que este meu coração só encontra repouso quando paira o olhar nos imensos olhos do meu filho.

Agradeço à vida que já me deu tanto.
Ela me deu o riso e me deu o pranto.
Assim eu distinguo fortuna de quebranto
Os dois materiais que formam meu canto
E o canto de vocês que é o mesmo canto
E o canto de todos que é meu próprio canto

Graças à vida, graças à vida.

 Amém.

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