segunda-feira, 1 de abril de 2013

Por uma PJ mais conservadora


Sujeito se assustou com o título. “Conservadores são pessoas paradas no tempo”. Foi assim que a maioria de nós aprendeu. Como poderia então alguém querer desejar uma pastoral da juventude fora do seu tempo?

Não se assuste, o título é esse mesmo. Suas premissas é que estão erradas. O fato de ser conservador não é um pré-requisito para que seja congelado o tempo. Mas para que valores e características não se percam. De quais valores e características estou falando? Daquelas nossas características que nos dão identidade e que muitas vezes assumimos sem saber o porquê. E daquelas que são tão importantes que quando deixamos de lado, também deixamos de ser nós mesmos.


Quando digo que desejo uma PJ mais conservadora é porque quero que ela conserve aquilo que não abrimos mão. Coisas que fomos construindo e adquirindo no caminhar histórico. Coisas que resgatamos dos inícios do caminhar do cristianismo. Coisas que aprendemos com outros grupos e que adaptamos ao nosso jeito de ser e que hoje fazem todo o sentido dentro de uma coerência histórica.

Faça você uma revisão da caminhada da pastoral aí na sua região e no seu pedaço. Se você tem mais tempo de caminhada, poderá perceber que algumas influências recentes estão meio fora do lugar. Por isso é preciso que apontemos o que nos é essencial.

Se ser conservador é carregar dentro de si valores que não mudam, o primeiro deles é dizer que a PJ tem como base o anúncio de Jesus Cristo e o testemunho de vida coerente com aquilo que Ele viveu. Cremos na coerência da vida de Jesus e que por anunciar a verdade e por estar ao lado daqueles que mais sofriam, acabou sendo condenado injustamente à morte, mas ressurgiu. Ele veio para que todos tivessem vida e vida em abundância. É nossa tarefa também.

Uma pastoral que conserva esta proposta sabe que, de acordo com a afirmativa acima, a nossa prática diária tem como horizonte o Reino de Deus e o amor privilegiado dEle pelos mais empobrecidos. Olhando o exemplo das primeiras comunidades ("não haviam necessitados entre eles" – Atos 4,34) aprendemos que a eficácia do testemunho é maior quando feita em grupo.

Olhando para nossa prática pastoral é preciso que não deixemos perder algumas características que são marcantes e que fomos aprendendo ao longo da história. Valorizemos os pequenos grupos. Neles a criatividade é maior, o entrosamento é melhor e há mais chances das pessoas serem tratadas como gente.

Olhemos também para as lideranças e para as assessorias dos grupos. Na PJ é preciso conservar algo essencial. É o jovem que deve ser incentivado sempre a opinar e ter condições de poder conduzir os processos. Quem tem o papel de acompanhar e assessorar deve evitar ter o papel de conduzir.

Quando falamos dos métodos pastorais, nossa prática aponta que aquele que quer mudar a realidade precisa primeiro conhecê-la, estando livre dos preconceitos. E esta mesma realidade precisa ser confrontada com a prática de Jesus e o exemplo das comunidades cristãs sob o olhar da opção preferencial pelos pobres.

As pessoas não são objetos para alcançarmos nossos fins. São parceiros de caminhada com quem aprendemos a administrar nossos erros e acertos. Nossos processos formativos contemplam o ser humano como um ser inteiro. Assim fazia Jesus. Assim precisamos fazer nós também. Este é outro valor que não podemos perder.

Não são iniciativas esparsas que dão melhores resultado, mas trabalhos articulados. Por isso um valor que precisamos conservar é que nossa estrutura pastoral não pode perder os olhos da missão de Jesus e que nós, enquanto Igreja, damos continuidade. E que não esqueçamos que vida pastoral se dá de maneira mais intensa fora dos muros eclesiais.

Tenho certeza de que alguns acharão que de conservador estas propostas não tem nada. Podem parecer revolucionárias sim. Mas conservar a essência da missão de Jesus e das primeiras comunidades e atualizá-las para nossos dias é uma atividade revolucionária.

Um comentário:

  1. Querido Rogério que artigo bacana!!!

    Nossa história é nosso chão, acolhemos o presente, a realidade das juventudes nos norteiam, mas o caminho percorrido construiu a prática pastoral que temos!

    É ressurreição, aleluia!

    Andrea Estevam

    ResponderExcluir