sábado, 22 de maio de 2010

PJ x Igreja ??

Essa semana eu estava planejando escrever sobre a metodologia da PJ, mas dois fatos me fizeram mudar o foco. O primeiro deles foi um livro que eu peguei para dar embasamento maior sobre o nosso método: "A Pastoral dá o que pensar" de Agenor Brighenti, sobre Teologia Pastoral. Muito bom mesmo. Os primeiros capítulos falam sobre os modelos eclesiais e modelos de ação que passaram pela história da Igreja. Não terminei de ler este livro ainda, mas ele só confirmou um pensamento que eu já vinha matutando. Existem dentro de nossas comunidades, paróquias e dioceses pessoas que ainda não compreenderam o sentido do Concílio Vaticano II de abertura da Igreja para o diálogo com a realidade do mundo extra eclesial. Ou pior, que o mundo seria perfeito se a sociedade toda fosse católica.



Há um grande absurdo nesta afirmação porque se parte do princípio de que o catolicismo é perfeito ou melhor do que qualquer outra organização religiosa. A Igreja Católica sempre se renova e se modifica. Isto é declarado em documentos do próprio Vaticano II como a Lumen Gentium 8 ou a Gaudium et Spes 21, ou como diziam os Santos Padres dos primeiros séculos "ecclesiam semper refomanda". Se eu estou sempre certo e o outro está errado, não há motivo para diálogo e sim para doutrinação e dominação. E se a Igreja precisa dialogar com o mundo é porque pode aprender formas novas de evangelizar e agir pastoralmente.

E qual a razão desta reflexão? Por causa do segundo fato que aconteceu nesta semana. Participo há mais de 10 anos da lista de e-mails da PJ nacional  e já li diversos relatos bacanas, aprendi muito com outros colegas e companheiros de caminhada sobre as razões, sonhos e motivações da nossa pastoral. Mas também aparece por vezes relatos que nos intrigam e nos entristecem. Foi o caso da jovem Dienifer que soube que seu grupo não poderia mais participar da comunidade por decisão do pároco local. O grupo da Dienifer é um entre tantos da PJ que sofrem por um mau esclarecimento do clero ou mesmo por acomodação destes em relação aos jovens.

O relacionamento da PJ com o clero nem sempre é tranquila e produtiva. Há o exemplo da PJ de Santa Maria no RS que foi destituída e de tantas outras coordenações paroquiais, de foranias ou diocesanas que são perseguidas, sabotadas, desmanteladas ou não são apoiadas. A que se deve tudo isso?

Não quero ter todas as respostas e nem ser simplista demais. Abro a discussão e quero deixar os comentários rolarem para acrescentar. Mas aponto, a princípio, três possibilidades (que podem acontecer sozinhas ou em conjunto) para estes casos gerais:
  • A PJ forma jovens que tem uma visão mais aberta de mundo, que aprendem que a ação pastoral da Igreja se dá também fora dos muros da igreja, em diálogo com católicos e não católicos, na busca de uma sociedade mais justa e solidária. Muitos padres não gostam de ver suas ovelhas fora de seu redil (paróquias, comunidades) para encontros e formações fora dela. Querem mão de obra a disposição.
  • O modelo de Igreja que muitos líderes das comunidades (consagrados ou não) não é o do Vaticano II e isso gera um enorme problema, porque tornam a comunidade um destino em si mesma e não um "ponto de abastecimento" da fé para missão fora da Igreja.  O Reino de Deus fica preso dentro das paredes eclesiais.
  • Muitos pejoteiros e pejoteiras vão ao diálogo com os representantes eclesiais "armados" e sem querer negociar. Isto dificulta demais as relações. Existe sim, um limite até onde se pode chegar nessa negociação, que é o limite da nossa identidade pejoteira e ética cristã.
Tudo bem. Mas e agora? Numa situação destas, o que se faz? Eu prezo por duas coisas sempre na minha vida pastoral: nossa identidade pejoteira e o diálogo. A comunidade que não se abre para a PJ, ao meu ver, é uma comunidade carente e capenga. Pobre a história desta comunidade, portanto. Sendo possível permanecer organizado na comunidade, paróquia, forania ou diocese, bem. É uma caminhada difícil? É! E eu não falo por embasamento teórico. Falo porque vivi isso aqui em minha realidade. Quando o diálogo não é mais possível, continuamos pejoteiros em outra realidade. Mas cristãos comprometidos sempre.

Força e coragem!!! Sigamos os passos dAquele que deu sua vida e viveu até as últimas consequências.

5 comentários:

  1. Olá a todos os Pjteiros, sou Lucas, integrante da PJ santa cruz; acredito profundamente, que a comunidade católica vem sofrendo um longo processo de deteriorização. Logo agora que todos nós devíamos unir forças para lutar contra o extermínio da Juventude e tantas outras causas importantes, não; a igreja de um modo geral parece querer se afastar da PJ e eliminá-la. Na pastoral da qual eu sou integrante, sofremos o mesmo que muitas outras sofrem o que me chateia muito. Quando será que a igreja irá perceber que todos lutamos por um mesmo ideal?
    Definitivamente, estou triste, e até um tanto zangado, queria que tudo voltasse ao normal.
    Desejo Força, Coragem e determinação a todos os Pjteiros espalhados pelo mundo.
    Obrigado.

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  2. Olá a todos, bem sou Dienefer citada acima, e Lucas pertence ao grupo que eu coordeno, nesse final de semana no sabado tivemos uma conversa com o Pároco de nossa comunidade, me sinto revoltada com tanto desprezo do mesmo, me sinto humilhada em saber que ele acha certo expulsar jovens da Pj que não estejam participando de eventos que ele faz, isso pra mim foi o fim, como diz meu grande amigo Lucas, infelizmente os membros da igreja não entendem que tb lutamos pelo mesmo ideal.
    Hoje me sinto mais fortalecida ainda, não deixarei que esse padre acabe com essa PJ que dentro de nós existe mesmo que venha tribulações não vamos desistir.
    Desculpe pelo breve desabafo mais foi terrivel a conversa, pq entende-se de reunião quando se coloca os problemas para solução, ontem foi colocado apenas os problemas mais resposta naum tivemos, só tivemos respostas desse nivel CALE-TE MENINA.(referindo-se a mim)
    Grande Abraço a vcs ... que estão na luta conosco.
    Obrigado

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  3. Cara...

    A PJ de Sta Maria/RS não morreu. Estou trabalhando o curso de Teatro e Bíblia com eles! Estão bem firmes, tendo inclusive uma salinha exclusiva no Centro Pastoral de lá.

    Por isso, penso que é preciso ter cautela quando nos chegam essas informações, pois estamos ouvindo só um lado das partes envolvidas.

    Bem é verdade que os padres, principalmente diocesanos, têm sabotado sistematicamente os trabalhos apstorais, não somente a PJ. Em nossa Diocese, por exemplo, dizem os seminaristas que não devem lavar sua própria roupa, ou cozinhar para si mesmos, pois suas mãos foram feitas para o altar. Quer arrogância maior?

    Mas não podemos ficar nos lamentando. A Igreja vai além desses senhores que aprendem desde o Seminário a serem servidos, nunca servir.

    Aonde esses grupos são mais necessários? Dentro do Templo, disputando espaço, ou nas ruas, praças, escolas, no campo etc.? Aonde há mais jovens precisando ter uma experiência com o divino? A quem devemos abraçar: o padre ou as e os jovens?

    Jesus não veio para os sãos, mas para os doentes! Deixemos esses padres, que fazem questão de defender os Templos de pedra, que fiquem com suas escadarias, e vamos para as ruas, que é onde o povo está!

    Paz e Bem!!!

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  4. Fala Zé. As notícias que nos chegaram, inclusive pela Lista da PJ, na época, é que a PJ de Santa Maria foi destituída sim. Se hoje ela está ativa, que bom, bom mesmo! Dei o exemplo dela porque foi bem divulgado, mas poderia dar o exemplo da diocese em que vivo, onde até hoje a PJ não consegue se articular. Fomos desmantelados e impedidos de chegar próximos aos grupos. Hoje, no lugar da PJ, tem um Setor Juventude tentando se organizar por aqui... Não sou muito ligado em siglas ou nomes. Se o trabalho seguir uma linha parecida com a que exercíamos, ficarei muito satisfeito. Apóio, animo e ajudo no que puder, mesmo não tendo o nome de PJ.

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  5. E ai Rogerio, cara de fibra. Parabéns !!!
    Bem as coisas pro aqui mudaram, que antes era uma conversa um tanto quanto de desprezo por parte do paroco, hoje em dia fui expulsa da PJ e proibida de participar de qualquer outra pastoral da paroquia.
    Isso aconteceu no dia 03 de Outubro, depois de uma reunião onde sem argumentos ele simplismente me apontou e me disse que eu não servia pra ele, e que não gostava do meu jeito.
    É assim que estamos vivendo aqui, uma ditadura, onde que se você não obedece as leis do "rei" tu é excluido.

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