Quando falamos em “maravilha” pensamos em algo que nos desperta uma grande admiração por causa daquilo que é capaz de fazer ou por sua perfeição, grandeza ou beleza. Há uma lista já bem difundida de sete maravilhas do mundo antigo (As Pirâmides de Gizé, os Jardins suspensos da Babilônia, o Farol de Alexandria, o Colosso de Rodes, o Mausoléu de Halicarnasso, a Estátua de Zeus em Olímpia e o Templo de Ártemis em Éfeso) e de outras sete maravilhas do mundo moderno (Muralha da China, Petra na Jordânia, Cristo Redentor no Rio de Janeiro, Machu Picchu em Cuzco no Peru, Chichén Itzá em Yucatán no México, o Coliseu em Roma e o Taj Mahal na Índia).
As duas listas com as sete maravilhas são de locais importantes seja por sua história, por sua arquitetura ou por serem locais de grande visitação, devoção ou memória. Há algumas outras listas de sete maravilhas espalhadas por aí. Todas elas valorizam o que se julga ser aquilo que há de mais importante, relevante ou notável.
Como listas são coisas totalmente discutíveis e eu não quero abrir mão de uma boa discussão (porque aprendemos sempre com quem pensa diferente), lanço aqui no último artigo da série “Os Sete” as “Sete maravilhas da PJ”. São elas que diferenciam a PJ de outras formas de organização juvenil e, por causa delas, eu estou na PJ até hoje. Vamos a elas.
1- A formação integral
Minha primeira formação na PJ foi sobre a formação integral, então creio que seja justo começar a lista por ela. O primeiro contato foi importante para perceber que havia algo sério e bem interessante ali. O jovem não era tratado por “pedaços” (lado espiritual, lado comunitário, lado individual), mas como um todo onde cinco aspectos interagem: pessoal, grupal, espiritual, social e de capacitação. Há tanto o que se possa falar sobre cada um deles.
Com o tempo, fui aprendendo que todos estes aspectos devem ser tratados com o mesmo e o devido respeito, mas com intensidades diferentes, dependendo do estágio em que o jovem se encontrasse. Por exemplo, no início da caminhada no grupo, há de se privilegiar o aspecto pessoal e de integração com os demais jovens.
Conforme é dito no livro “PJ: um jeito de ser e de fazer”: “Todas essas dimensões são mediadas pela arte, pela beleza, pelo lúdico, com a transversalidade da ecologia, da comunicação e da atuação em rede. O lugar privilegiado para trabalhar as dimensões é o dia-a-dia do grupo de jovens. Um dos segredos, porém, para se viver e trabalhar as dimensões em passos crescentes é a maneira como as reuniões, encontros e assembleias são preparados. A grande ‘sacada’ é saber garantir em cada oração, reflexão e estudo, espaços para que os jovens possam viver cada uma destas etapas, ou seja, que ele/a pense na sua pessoa, nas suas relações, que ele/a se comprometa e tenha esperança, reforce sua fé e, finalmente, que seja capaz de adquirir e trabalhar suas potencialidades e dons”.
2- O método ver julgar agir rever e celebrar
Minha segunda formação pejoteira foi sobre o método ver julgar agir rever e celebrar. Aprendi que método é o melhor caminho para chegar a um determinado fim. E que o “fim” para a PJ era o Reino de Deus. Pude tomar conhecimento também que o caminho deste método era formado por cinco etapas contínuas:
Ver é fazer a análise dos problemas e avanços a partir de uma realidade concreta em que se vive. Ajuda se respondermos a algumas perguntas: Qual é a raiz do problema? Como começou a história? Que fatores a tornaram com o aspecto que tem agora? É possível apontar as consequências que este fato acarretará? Quais seriam? Quem está envolvido direta ou indiretamente a este problema? É importante indicar as causas dos problemas que se discutem, distinguindo as causas aparentes, as imediatas, as secundárias e a causa principal. As ciências sociais têm boas contribuições para podermos entender melhor as causas e consequências dos problemas analisados.
O julgar já vem emaranhado nisso tudo. Qual nosso parâmetro diante de uma realidade com tantas portas. Que caminho escolher? Diante da realidade vista e analisada, você se sente incomodado enquanto cristão? Ver o que a Palavra de Deus e os documentos da Igreja têm a nos dizer sobre esse acontecimento é o nosso parâmetro como cristãos católicos. É antes de tudo não se deixar corromper pelo sistema vigente e tentar ver o problema pelos Olhos de Deus, para achar a solução mais adequada.
O agir acontece depois de analisarmos os fatos concretamente e julgá-los a partir da Palavra de Deus. É hora de vermos o que pode ser feito de concreto para solucionar o problema, ou para caminhar melhor em nossa estrada. Dependendo da análise no ver e julgar, nossa ação pode ser assistencialista (só desperta a pessoa para o problema), de solidariedade (atua nas consequências do problema) ou transformadora da realidade (ataca as causas). Não adianta querer atingir este ponto logo de início, sem antes passar pelos outros dois, pois não se teria feito uma análise correta dos fatos para uma resolução coerente. Quanto ao agir, vale lembrar que não se educa ninguém para a liberdade, para o amor e para a responsabilidade, se não acontecer a prática destes três itens. A teoria e a ação têm que caminhar juntas.
O rever é a avaliação da atividade desenvolvida, é poder ver a realidade a partir de um outro ângulo, com o parâmetro de alguém que já vivenciou, que tem experiência. Ele abre novamente o círculo, pois na medida em que chegamos no agir, precisamos rever as atitudes, julgar novamente os procedimentos e voltar a agir. Cada erro corrigido significa um futuro acerto. Neste momento de avaliação é importante valorizar as conquistas, mesmo que pequenas.
A cada ação nossa realizada devemos celebrar, a fim de agradecer a Deus sua presença animadora em nossa caminhada. E celebramos não só os momentos de alegria, mas os de tristeza também. De tudo é possível tirar uma lição. A celebração litúrgica é um elemento catequético significativo enquanto anuncia e alimenta a utopia cristã. Fortalece a fé e coloca o grupo e seus membros em contato com o Mistério central do cristianismo: a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo.
O método ajuda a superar a passividade, a formar lideranças que pensam por si mesmos e que superam o comodismo e a falsa sensação de estar bem consigo mesmo e com Deus. Há um ganho na atividade pastoral, pois não se separa a fé da vida e se evita uma pastoral de ativismo, onde não se reflete sobre o que se faz. É muito utilizado na Igreja da América Latina como método de elaboração de documentos. É muito útil para os grupos de militantes que já alcançaram um processo de amadurecimento, entretanto, tem que se saber utilizá-lo de forma criativa, principalmente com iniciantes.
3- Os pequenos grupos
Estudando a história da PJ aprendi que a Grupos de base são grupos onde se criam relacionamentos de irmãos, confrontando a vida com o evangelho e formando lideranças jovens para o engajamento na comunidade eclesial e na sociedade. Descobri também que a grande inspiração para que eles sejam desta maneira é o grupo de Jesus: os Doze. Um grupo pequeno, onde se pode partilhar vida e cultivar a amizade e prepará-los para a missão.
Grupos grandes tem o atrativo de serem mais chamativos ou atraentes, mas correm alguns riscos: não concentrarem o foco (por conversas paralelas ou falta de interesse), não se conhecer bem todos os participantes, alguns dominarem e outros nada opinarem. Grupos pequenos tem a vantagem de se conhecerem melhor e aprenderem a lidar com as pequenas diferenças que surgem no relacionamento. Além disso, eles tem, normalmente, uma menor rotatividade de integrantes comparados com os grupos grandes.
4- A revisão de vida e prática
Já foi falado aqui no blog sobre a Revisão de Vida e Prática. São instrumentos valiosos para que os jovens dos grupos (sejam de que grupos forem) poderem sentar e analisar suas vidas e suas práticas pastorais à luz da proposta evangélica e assim poderem melhorar ambos.
Quando um grupo faz a Revisão de Vida (RdV) ou a Revisão de Prática (RdP) todo os integrantes sentam juntos, inclusive a coordenação. Pede-se que haja nestes momentos uma assessoria madura para ajuda-los. Normalmente as críticas e sugestões de mudança de postura não são coisas tão simples de serem ouvidas. Por vezes há comportamentos que são fruto de mal entendidos. Estes instrumentos são ótimos para resolver este tipo de problema. Contudo, é preciso deixar claro que quem participa de um RdV ou de uma RdP precisa estar disposto a melhorar.
Além da melhora individual estas duas práticas ajudam o jovem a se situar diante da história não só pessoal, mas da história da sociedade. Por isto o grupo que usa destes instrumentos precisa viver também uma espiritualidade encarnada, do cotidiano e que supere a consciência ingênua das coisas, a fim de se chegar a uma consciência crítica e objetiva da realidade.
5- A espiritualidade do cotidiano
O jovem pejoteiro cultiva a própria espiritualidade no cotidiano, nas relações diárias. São nestes campos de atuação que ele procura viver e fazer a experiência de Deus. É esta experiência que o anima a caminhar. Cursos e formações só dão os mapas e possibilidades de destinos. A vontade de prosseguir nos caminhos é uma vontade espiritual. E o caminhar pejoteiro é a vivência do projeto de Jesus neste dia a dia. Essa é a raiz de sustenta a nossa espiritualidade.
Quem vive a espiritualidade nesta busca por fazer acontecer o Evangelho de Jesus no cotidiano e e na experiência da presença de Deus na própria vida não faz com que a nossa mudança aconteça somente por dentro, mas também nas nossas relações sociais e no ambiente que nos cerca. Se percebemos a presença de Deus no dia a dia das pessoas, notamos que em muitos lugares não há os sinais de vida que estava em Seu plano original. É essa mesma espiritualidade que motiva e movimenta o ser humano à luta pela justiça, pelos direitos dos pobres, para tornar a sociedade mais fraterna e solidária.
O jovem que vive a Espiritualidade da Pastoral da Juventude tem prazer em celebrar esta fé. Fé que é enriquecida por muitas culturas, visualizada em muitas cores, cheiros e particularidades. Uma espiritualidade que acolhe e dá carinho às pessoas. Que nos move a estar a serviço, em comunhão, com profetismo em defesa da vida até as últimas consequências.
6- O protagonismo juvenil
Já nos primeiros cursos que fiz, a expressão “protagonismo juvenil” já era utilizada. Explicavam os nossos assessores que esta era uma prática utilizada na PJ e incentivada pela Igreja. Era o “jovem evangelizando jovem”. Foi um despertar para mim, uma novidade. E com o mesmo grau de surpresa veio também a responsabilidade. Afinal eu era jovem também. Deveria ser protagonista, deveria ser evangelizador e deveria transmitir na minha vida o mesmo exemplo de Jesus.
Com o tempo fui entendendo que além de ser testemunho e prática pessoal, o protagonismo juvenil ia além. Para a PJ, protagonismo é algo além de ter o jovem a frente de uma iniciativa ou prática bacana, não é protagonista o mero executor de atividades. Se não é a juventude quem cria formulações a respeito de si própria, mas apenas adota, participa da formulação (a partir de algo prévio), implementa (algo também que não foi estabelecido por ela), então esta juventude não é protagonista.
Como foi dito no artigo sobre protagonismo juvenil, “Na PJ dizemos que o grupo de jovens é semente do Reino de Deus. As relações que se querem criar a partir do grupo precisam ser sinal deste Reino, apontando para onde as injustiças acontecem e para onde a vida floresce. E no entender da PJ o protagonismo juvenil remete a uma ação além dos interesses particulares. Ele é o momento preciso e precioso em que os próprios jovens podam criar, interferir na essência e elaborar políticas para defesa de seus direitos. É preciso, portanto, ressignificar a expressão protagonismo juvenil para que as juventudes não sejam portadoras de um discurso que os controla e domina”.
7- O Dia Nacional da Juventude
O ano de 1985 foi decretado pela ONU como o Ano Internacional da Juventude. Como gesto concreto, a Pastoral da Juventude assumiu a celebração do Dia Nacional da Juventude (DNJ). O DNJ é o evento mais marcante da Pastoral da Juventude. e acontece em todo o país, em todos os estados. Foi pensado como um dia em mutirão, planejado antecipadamente, com a divisão de tarefas bem definida e uma boa avaliação ao final.
O DNJ é uma atividade que normalmente reúne a massa da juventude. Em algumas localidades, porém, as coordenações de PJ procuram tratar esta festividade com trabalhos em oficinas e grupos menores. É uma ação de evangelização e consciência crítica. O DNJ procura refletir sobre a situação da juventude na sociedade, sob diferentes aspectos, sempre buscando promover a paz e a dignidade humana.
Em 1996, o Projeto “Rumo ao Novo Milênio” da CNBB reconheceu oficialmente o Dia Nacional da Juventude, as Missões Jovens e a Semana da Cidadania. Atualmente, no Brasil, celebramos o DNJ no último domingo de outubro.
Nestes 25 anos de existência do DNJ muitos temas relevantes foram discutidos. Educação, saúde, paz, cultura, terra, participação, políticas públicas para a juventude, ecologia, vida foram alguns deles. A preparação que muitos grupos fazem para este dia traz discussões importantíssimas e ajuda muitos jovens a refletirem sobre a sua realidade e a sua condição.
O DNJ, portanto, é mais do que um evento ou atividade. É um marco histórico da caminhada da PJ e uma de suas contribuições para a Igreja no Brasil. Ele quer despertar um processo de formação de “discípulos-missionários jovens” que possam ir ao encontro de todos os outros jovens ainda não atingidos pela mensagem cristã de esperança, dignidade humana, solidariedade e paz.
Veja o restante da série "Os Sete" clicando aqui. As duas listas com as sete maravilhas são de locais importantes seja por sua história, por sua arquitetura ou por serem locais de grande visitação, devoção ou memória. Há algumas outras listas de sete maravilhas espalhadas por aí. Todas elas valorizam o que se julga ser aquilo que há de mais importante, relevante ou notável.
Como listas são coisas totalmente discutíveis e eu não quero abrir mão de uma boa discussão (porque aprendemos sempre com quem pensa diferente), lanço aqui no último artigo da série “Os Sete” as “Sete maravilhas da PJ”. São elas que diferenciam a PJ de outras formas de organização juvenil e, por causa delas, eu estou na PJ até hoje. Vamos a elas.
1- A formação integral
Minha primeira formação na PJ foi sobre a formação integral, então creio que seja justo começar a lista por ela. O primeiro contato foi importante para perceber que havia algo sério e bem interessante ali. O jovem não era tratado por “pedaços” (lado espiritual, lado comunitário, lado individual), mas como um todo onde cinco aspectos interagem: pessoal, grupal, espiritual, social e de capacitação. Há tanto o que se possa falar sobre cada um deles.
Com o tempo, fui aprendendo que todos estes aspectos devem ser tratados com o mesmo e o devido respeito, mas com intensidades diferentes, dependendo do estágio em que o jovem se encontrasse. Por exemplo, no início da caminhada no grupo, há de se privilegiar o aspecto pessoal e de integração com os demais jovens.
Conforme é dito no livro “PJ: um jeito de ser e de fazer”: “Todas essas dimensões são mediadas pela arte, pela beleza, pelo lúdico, com a transversalidade da ecologia, da comunicação e da atuação em rede. O lugar privilegiado para trabalhar as dimensões é o dia-a-dia do grupo de jovens. Um dos segredos, porém, para se viver e trabalhar as dimensões em passos crescentes é a maneira como as reuniões, encontros e assembleias são preparados. A grande ‘sacada’ é saber garantir em cada oração, reflexão e estudo, espaços para que os jovens possam viver cada uma destas etapas, ou seja, que ele/a pense na sua pessoa, nas suas relações, que ele/a se comprometa e tenha esperança, reforce sua fé e, finalmente, que seja capaz de adquirir e trabalhar suas potencialidades e dons”.
2- O método ver julgar agir rever e celebrar
Minha segunda formação pejoteira foi sobre o método ver julgar agir rever e celebrar. Aprendi que método é o melhor caminho para chegar a um determinado fim. E que o “fim” para a PJ era o Reino de Deus. Pude tomar conhecimento também que o caminho deste método era formado por cinco etapas contínuas:
Ver é fazer a análise dos problemas e avanços a partir de uma realidade concreta em que se vive. Ajuda se respondermos a algumas perguntas: Qual é a raiz do problema? Como começou a história? Que fatores a tornaram com o aspecto que tem agora? É possível apontar as consequências que este fato acarretará? Quais seriam? Quem está envolvido direta ou indiretamente a este problema? É importante indicar as causas dos problemas que se discutem, distinguindo as causas aparentes, as imediatas, as secundárias e a causa principal. As ciências sociais têm boas contribuições para podermos entender melhor as causas e consequências dos problemas analisados.
O julgar já vem emaranhado nisso tudo. Qual nosso parâmetro diante de uma realidade com tantas portas. Que caminho escolher? Diante da realidade vista e analisada, você se sente incomodado enquanto cristão? Ver o que a Palavra de Deus e os documentos da Igreja têm a nos dizer sobre esse acontecimento é o nosso parâmetro como cristãos católicos. É antes de tudo não se deixar corromper pelo sistema vigente e tentar ver o problema pelos Olhos de Deus, para achar a solução mais adequada.
O agir acontece depois de analisarmos os fatos concretamente e julgá-los a partir da Palavra de Deus. É hora de vermos o que pode ser feito de concreto para solucionar o problema, ou para caminhar melhor em nossa estrada. Dependendo da análise no ver e julgar, nossa ação pode ser assistencialista (só desperta a pessoa para o problema), de solidariedade (atua nas consequências do problema) ou transformadora da realidade (ataca as causas). Não adianta querer atingir este ponto logo de início, sem antes passar pelos outros dois, pois não se teria feito uma análise correta dos fatos para uma resolução coerente. Quanto ao agir, vale lembrar que não se educa ninguém para a liberdade, para o amor e para a responsabilidade, se não acontecer a prática destes três itens. A teoria e a ação têm que caminhar juntas.
O rever é a avaliação da atividade desenvolvida, é poder ver a realidade a partir de um outro ângulo, com o parâmetro de alguém que já vivenciou, que tem experiência. Ele abre novamente o círculo, pois na medida em que chegamos no agir, precisamos rever as atitudes, julgar novamente os procedimentos e voltar a agir. Cada erro corrigido significa um futuro acerto. Neste momento de avaliação é importante valorizar as conquistas, mesmo que pequenas.
A cada ação nossa realizada devemos celebrar, a fim de agradecer a Deus sua presença animadora em nossa caminhada. E celebramos não só os momentos de alegria, mas os de tristeza também. De tudo é possível tirar uma lição. A celebração litúrgica é um elemento catequético significativo enquanto anuncia e alimenta a utopia cristã. Fortalece a fé e coloca o grupo e seus membros em contato com o Mistério central do cristianismo: a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo.
O método ajuda a superar a passividade, a formar lideranças que pensam por si mesmos e que superam o comodismo e a falsa sensação de estar bem consigo mesmo e com Deus. Há um ganho na atividade pastoral, pois não se separa a fé da vida e se evita uma pastoral de ativismo, onde não se reflete sobre o que se faz. É muito utilizado na Igreja da América Latina como método de elaboração de documentos. É muito útil para os grupos de militantes que já alcançaram um processo de amadurecimento, entretanto, tem que se saber utilizá-lo de forma criativa, principalmente com iniciantes.
3- Os pequenos grupos
Estudando a história da PJ aprendi que a Grupos de base são grupos onde se criam relacionamentos de irmãos, confrontando a vida com o evangelho e formando lideranças jovens para o engajamento na comunidade eclesial e na sociedade. Descobri também que a grande inspiração para que eles sejam desta maneira é o grupo de Jesus: os Doze. Um grupo pequeno, onde se pode partilhar vida e cultivar a amizade e prepará-los para a missão.
Grupos grandes tem o atrativo de serem mais chamativos ou atraentes, mas correm alguns riscos: não concentrarem o foco (por conversas paralelas ou falta de interesse), não se conhecer bem todos os participantes, alguns dominarem e outros nada opinarem. Grupos pequenos tem a vantagem de se conhecerem melhor e aprenderem a lidar com as pequenas diferenças que surgem no relacionamento. Além disso, eles tem, normalmente, uma menor rotatividade de integrantes comparados com os grupos grandes.
4- A revisão de vida e prática
Já foi falado aqui no blog sobre a Revisão de Vida e Prática. São instrumentos valiosos para que os jovens dos grupos (sejam de que grupos forem) poderem sentar e analisar suas vidas e suas práticas pastorais à luz da proposta evangélica e assim poderem melhorar ambos.
Quando um grupo faz a Revisão de Vida (RdV) ou a Revisão de Prática (RdP) todo os integrantes sentam juntos, inclusive a coordenação. Pede-se que haja nestes momentos uma assessoria madura para ajuda-los. Normalmente as críticas e sugestões de mudança de postura não são coisas tão simples de serem ouvidas. Por vezes há comportamentos que são fruto de mal entendidos. Estes instrumentos são ótimos para resolver este tipo de problema. Contudo, é preciso deixar claro que quem participa de um RdV ou de uma RdP precisa estar disposto a melhorar.
Além da melhora individual estas duas práticas ajudam o jovem a se situar diante da história não só pessoal, mas da história da sociedade. Por isto o grupo que usa destes instrumentos precisa viver também uma espiritualidade encarnada, do cotidiano e que supere a consciência ingênua das coisas, a fim de se chegar a uma consciência crítica e objetiva da realidade.
5- A espiritualidade do cotidiano
O jovem pejoteiro cultiva a própria espiritualidade no cotidiano, nas relações diárias. São nestes campos de atuação que ele procura viver e fazer a experiência de Deus. É esta experiência que o anima a caminhar. Cursos e formações só dão os mapas e possibilidades de destinos. A vontade de prosseguir nos caminhos é uma vontade espiritual. E o caminhar pejoteiro é a vivência do projeto de Jesus neste dia a dia. Essa é a raiz de sustenta a nossa espiritualidade.
Quem vive a espiritualidade nesta busca por fazer acontecer o Evangelho de Jesus no cotidiano e e na experiência da presença de Deus na própria vida não faz com que a nossa mudança aconteça somente por dentro, mas também nas nossas relações sociais e no ambiente que nos cerca. Se percebemos a presença de Deus no dia a dia das pessoas, notamos que em muitos lugares não há os sinais de vida que estava em Seu plano original. É essa mesma espiritualidade que motiva e movimenta o ser humano à luta pela justiça, pelos direitos dos pobres, para tornar a sociedade mais fraterna e solidária.
O jovem que vive a Espiritualidade da Pastoral da Juventude tem prazer em celebrar esta fé. Fé que é enriquecida por muitas culturas, visualizada em muitas cores, cheiros e particularidades. Uma espiritualidade que acolhe e dá carinho às pessoas. Que nos move a estar a serviço, em comunhão, com profetismo em defesa da vida até as últimas consequências.
6- O protagonismo juvenil
Já nos primeiros cursos que fiz, a expressão “protagonismo juvenil” já era utilizada. Explicavam os nossos assessores que esta era uma prática utilizada na PJ e incentivada pela Igreja. Era o “jovem evangelizando jovem”. Foi um despertar para mim, uma novidade. E com o mesmo grau de surpresa veio também a responsabilidade. Afinal eu era jovem também. Deveria ser protagonista, deveria ser evangelizador e deveria transmitir na minha vida o mesmo exemplo de Jesus.
Com o tempo fui entendendo que além de ser testemunho e prática pessoal, o protagonismo juvenil ia além. Para a PJ, protagonismo é algo além de ter o jovem a frente de uma iniciativa ou prática bacana, não é protagonista o mero executor de atividades. Se não é a juventude quem cria formulações a respeito de si própria, mas apenas adota, participa da formulação (a partir de algo prévio), implementa (algo também que não foi estabelecido por ela), então esta juventude não é protagonista.
Como foi dito no artigo sobre protagonismo juvenil, “Na PJ dizemos que o grupo de jovens é semente do Reino de Deus. As relações que se querem criar a partir do grupo precisam ser sinal deste Reino, apontando para onde as injustiças acontecem e para onde a vida floresce. E no entender da PJ o protagonismo juvenil remete a uma ação além dos interesses particulares. Ele é o momento preciso e precioso em que os próprios jovens podam criar, interferir na essência e elaborar políticas para defesa de seus direitos. É preciso, portanto, ressignificar a expressão protagonismo juvenil para que as juventudes não sejam portadoras de um discurso que os controla e domina”.
7- O Dia Nacional da Juventude
O ano de 1985 foi decretado pela ONU como o Ano Internacional da Juventude. Como gesto concreto, a Pastoral da Juventude assumiu a celebração do Dia Nacional da Juventude (DNJ). O DNJ é o evento mais marcante da Pastoral da Juventude. e acontece em todo o país, em todos os estados. Foi pensado como um dia em mutirão, planejado antecipadamente, com a divisão de tarefas bem definida e uma boa avaliação ao final.
O DNJ é uma atividade que normalmente reúne a massa da juventude. Em algumas localidades, porém, as coordenações de PJ procuram tratar esta festividade com trabalhos em oficinas e grupos menores. É uma ação de evangelização e consciência crítica. O DNJ procura refletir sobre a situação da juventude na sociedade, sob diferentes aspectos, sempre buscando promover a paz e a dignidade humana.
Em 1996, o Projeto “Rumo ao Novo Milênio” da CNBB reconheceu oficialmente o Dia Nacional da Juventude, as Missões Jovens e a Semana da Cidadania. Atualmente, no Brasil, celebramos o DNJ no último domingo de outubro.
Nestes 25 anos de existência do DNJ muitos temas relevantes foram discutidos. Educação, saúde, paz, cultura, terra, participação, políticas públicas para a juventude, ecologia, vida foram alguns deles. A preparação que muitos grupos fazem para este dia traz discussões importantíssimas e ajuda muitos jovens a refletirem sobre a sua realidade e a sua condição.
O DNJ, portanto, é mais do que um evento ou atividade. É um marco histórico da caminhada da PJ e uma de suas contribuições para a Igreja no Brasil. Ele quer despertar um processo de formação de “discípulos-missionários jovens” que possam ir ao encontro de todos os outros jovens ainda não atingidos pela mensagem cristã de esperança, dignidade humana, solidariedade e paz.
Nossa Rogerio vc tem toda razão, em citar como sete maravilhas eu dei uma viajado no tempo e na minha caminhada na PJ muito bom este artigo.
ResponderExcluirAbraços..
Eder. PJREBEL
Rogério
ResponderExcluirGostei muito do blog, temos de divulgá-lo no meio pejoteir. Li seu livro sobre a PJ publicado nas Paulinas quando era coordenador paroquial da PJ em 2007. Foi com o seu livro e do Pe. Gerônimo Gasques que pude compreender melhor e apaixonar-me definitivamente pela Pastoral da Juventude.
Abraços
Nelson - Cuiabá - MT
Vc é o cara meu, parabéns!
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