segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O “E” da questão

Tenho o prazer de partilhar com vocês um novo texto escrito pelo companheiro Paulo Flores, mais conhecido como Lobinho, sobre algumas reflexões a respeito da Pastoral da Juventude Estudantil.  Ele é jornalista com especialização em Marketing Político e Propaganda Eleitoral pela ECA/USP e também é membro do Instituto Paulista de Juventude. Foi secretário Nacional da PJE, entre março de 1993 e julho de 1995 e da CNPJ no mesmo período. Atualmente atua na CEB Cristo Rei e escreve para o excelente blog Prioridade Educação.

Obrigado pela partilha, Lobinho. Valeu!

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A Pastoral da Juventude Estudantil (PJE) completa 30 anos em 2012. É um bom momento para refletir sobre a pastoral e sua importância.

Por tudo que a pastoral viveu nestes anos, falar que a PJE é parte da Pastoral da Juventude e deve trabalhar em conjunto com as demais pastorais da juventude (PJ, PJR e PJMP) é “chover no molhado”. Sua ligação com as PJs pode ser sentida em cada experiência, em cada atividade compartilhada. Todas elas são PJ.



Esse “ser PJ”, no entanto, não pode fazer com que cada pastoral de juventude deixe de viver sua própria identidade e especificidade. Tampouco o “viver sua especificidade” significa que elas deixam de ser PJ e de desenvolver atividades que estão, ao mesmo tempo, em campos de atuação que se relacionam. Um exemplo disso é a Semana do Estudante, que, embora possa parecer ser uma atividade muito mais relacionada com a PJE, é desenvolvida e realizada por todas as demais PJs.

Mas, não é apenas nas grandes atividades que se percebe a interrelação entre as PJs (mesmo após a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) deixar de reconhecer a organização entre as PJs). Ao contrário. É justamente no cotidiano da vivência de suas especificidades que ela é mais facilmente percebida. Como ilustração, relembro o texto “PJ e os desafios da educação”, publicado no blog "E por falar de pastoral...", no qual Raimundo Justino fala sobre as “muitas esquinas” em que PJ e Educação se encontram. O mundo da Educação é, por excelência, o mundo da PJE. As reuniões, encontros, partilhas e celebrações da PJE ocorrem “no chão da escola”, na sala de aula, no pátio do colégio. Não são realizadas aos domingos, antes ou depois das missas. Elas ocorrem nos intervalos, antes ou depois das aulas.

Continuando o “dialogo” com o texto do Raimundo, imaginem o militante da PJ que, ao assumir seu projeto de vida e tornar-se educador, consegue viver o ideal da democracia, do estímulo à leitura, da partilha de novas visões do mundo com jovens estudantes da PJE. Os militantes da PJ se sentiriam plenamente realizados quando os da PJE assumissem sua identidade e se tornassem protagonistas de sua própria educação. Fizessem exatamente o que todo grupo da PJE faz (ou, pelo menos, deveria fazer): levar em consideração a realidade concreta da educação, da escola e fazer com que suas reflexões e ações em busca de outro mundo partissem deste ponto de vista.

Enfim, quanto mais a PJE fazer valer esse “E”, mais ela mostrará sua importância. Ela será necessária, não apenas para os jovens da pastoral, mas para todos os demais jovens da escola, para todo o mundo da Educação e para a sociedade. Contribuirá para a educação crítica e de qualidade. Por outro lado, caso não forme grêmios estudantis, não reflita e aponte os problemas da escola e da educação, não leve os estudantes a terem outra visão do mundo, ela não tem sentido de existir. Manter a espiritualidade cristã, fazer opção pelos empobrecidos e estar unida à ação da Igreja é essencial para manter o “P” de sua identidade, mas não pode ficar só nisso. Se não, os grupos de “PJE” serão grupos de “PJ dentro de escolas”, deixando de vivenciar o que lhe é específico, restringindo-se apenas a uma parte de sua identidade.

Um comentário:

  1. Rogério,
    Obrigado pelo espaço para divulgação da PJE, mesmo não sendo esse um texto oficial da pastoral. Tenho certeza que seus leitores que, como disse o Raimundo Justino em seu texto, optaram por ser educadores têm muito a contribuir com a PJE e, numa visão freiriana, com a formação dos estudantes, que se educarão se educando. Obrigado.

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