segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Dez atitudes a serem tomadas antes da próxima JMJ

Com este texto, encerro minhas reflexões sobre a Jornada Mundial da Juventude de 2013, ocorrida em julho no Rio de Janeiro. Os números desta JMJ impressionam, as estatísticas são fabulosas. Há inúmeros relatos positivos de gente de pastoral, comprometida e que se sentiu tocada por estar num evento assim. Talvez, por conta disto, muitos destes, entre tantos outros, já começaram a se preparar para a próxima JMJ, que ocorrerá desta vez em 2016 em Cracóvia, na Polônia.

É legítimo o direito de desejar estar em eventos como estes. Mas é preciso que se tome um cuidado para que nossa ação pastoral não fique esvaziada no período entre jornadas e que a JMJ não se torne um gigantesco EJP (Encontro de Jovens com o Papa), sem o devido pensamento pastoral de engajamento. Como disse Francisco, é preciso que os jovens saiam para as ruas, é preciso evangelizar, é preciso revolucionar.


Pensando nisso, gostaria de partilhar dez sugestões a respeito de atitudes que as lideranças e assessorias pejoteiras podem ter antes de pensarem na próxima Jornada Mundial da Juventude.

1. Acompanhar adequadamente um grupo que esteja em dificuldade
Não seja aquela liderança que veio reprimir o que está errado, mas ajude a incentivar o que está certo. Motive, apoie, dê boas dicas. Veja quem são os bons líderes e os acompanhe mais de perto. Aponte sugestões de cursos de reciclagem. Empreste bons livros. Discuta alguns conteúdos. Apresente dinâmicas. Ajude-os a criar dinâmicas.

2. Ajudar a fundar um grupo de PJ onde ele não exista
Conheça primeiramente a realidade da comunidade. Verifique a abertura das pessoas e líderes locais. Leve as boas lideranças para conhecer os encontros da Pastoral da Juventude. Isso anima bastante. Apresente roteiros de encontros. Ajude na convocação do grupo. Use algumas das dicas do item 1.

3. Conhecer, documentar e discutir a realidade da juventude do local em que se vive
Sabe aquela história de que ninguém é uma ilha? Isso vale para você e seu grupo também. É preciso inteirar-se das coisas que acontecem na sua região. Para tanto é necessário conhecer. E para que o conhecimento seja difundido, a documentação do mesmo é fundamental. Registre-se a história, seja em textos, vídeos ou documentários e use este material nas discussões em grupos. Fatos concretos são ótimos elementos para o interesse e para a ação.

4. Criar campanhas que valorizem a vida e a participação da juventude
Quem disse que jovem é inexperiente ou baderneiro? É preciso mudar esta visão. Além dos grupos eclesiais, busquem parcerias com instituições sérias que trabalhem com a promoção e participação da juventude. Quem disse que jovem é violento? É preciso esclarecer que ele também é vítima da violência. Seminários, fóruns, rodas de conversa, marchas. Isto tudo chama a atenção. Mas a criatividade é o primeiro passo.

5. Discutir a respeito da participação no Conselho Municipal de Juventude
Políticas públicas de juventude surgem a partir das discussões de necessidades dos jovens e também da discussão mais ampliada e coerente com a realidade em que se vive. O local institucional mais próximo de qualquer localidade é a Câmara Municipal. E em várias cidades pelo país, os conselhos municipais de juventude já são uma realidade. Inteirar-se disto é um dever como cidadão e um direito enquanto jovem.

6. Estudar mais sobre metodologia pastoral
Quanta gente perdida sobre o que fazer com os grupos por onde trabalha. Sem entender do básico sobre metodologia, acaba tornando seu grupo num pequeno reinado ditatorial ou num local onde se vai perder tempo. Sim, claro que entre estes extremos há diversas gradações, mas o fato de quem coordena não conhecer sobre metodologia pastoral dificulta a caminhada e a clareza do objetivo seja na ação que o grupo realiza, seja em seu próprio processo pastoral.

7. Fazer parte de círculos bíblicos
É preciso dar razões à nossa fé. Quem crê no projeto libertador de Jesus, precisa fundamentar sua crença e isso se dá de maneira especial na participação, estudo e discussão em círculos bíblicos. A associação entre fé e vida, entre a história bíblica e a nossa história, ajuda a aproximar e a entender porque cremos e como cremos, além de desmistificar muita coisa.

8. Fortalecer a caminhada da PJ diocesana
PJ se dá na integração e na articulação. É novamente a história de que ninguém é uma ilha. Já comentei aqui no blog que PJ se dá quando há grupos articulados. Um grupo sozinho é só um grupo sozinho. Todo mundo é responsável por esta caminhada comum, seja a equipe diocesana, seja o seu grupo ou paróquia. Isto significa que se a movimentação diocesana estiver fraca, é dever de quem já estiver mais bem organizado, puxar articulações mais ampliadas. Se, no entanto, a PJ diocesana já estiver caminhando, o grupo que estiver isolado precisa caminhar junto. Os dois lados são importantes.

9. Participar do conselho pastoral seja na comunidade, paróquia ou diocese
Quer fazer a PJ acontecer? É preciso estar articulado com as outras forças de uma pastoral orgânica. Na comunidade isso se dá nos conselhos pastorais comunitários. Toda paróquia e toda diocese também tem os seus conselhos. Lá é que se dão os encaminhamentos pastorais decididos (ou não) em assembleia. São nos conselhos que se decide sobre a atuação da Igreja fora de seus muros e onde podemos estabelecer parcerias com outras pastorais.

10. Não se esquecer do básico e essencial
Participar das celebrações e da vida comunitária, testemunhar Jesus Cristo, ter uma vida coerente entre o que se prega e o que se faz, entre o que se reza e o que se pratica, entre o que se acredita e o que se constrói. 

Um comentário:

  1. A décima atitude acredito ser a essencial de todas as outras. Vivamos a Pastoral da Juventude!

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