quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Será que eu sou pejoteiro?

O que te faz pejoteiro? Que marca é essa que você identificou em sua jornada e que lhe fez abraçar com alegria ser aquilo que você é? Eu estava falando outro dia com uma pejoteira sobre as opções que fazemos em nossa vida, sobre aquilo que nos identifica e das quais não abrimos mão.

Também conversei na semana passada com uma outra pessoa sobre as mudanças que fazemos, as concessões que abrimos, para ser deste ou daquele grupo, para podermos ser aceitos ou para que esta ou aquela ideia seja aprovada. Até onde vai nossa negociação, sem que a gente corra o risco de se corromper, de vestir máscaras ou de perder a própria identidade?

Tenho comigo algumas impressões sobre o que nos faz sermos pejoteiros. Fatores e opções que nos marcam, sejamos nós do grupo de base, da coordenação, da assessoria ou de quaisquer outras estruturas e serviços. Partilho com você que lê este texto apenas 12 destas características identitárias. E coloco em link no título alguns dos textos que já escrevi aqui que podem ajudar a aprofundar a ideia.



Sua prática, sua proposta, sua maneira original de ver o mundo. Sua vida, tão humana, “como só Deus pode ser humano’” (Papa Leão Magno). Segui-lo inspirou e transformou a vida de tanta gente que também é incentivo para nossa caminhada. São santos, mártires da caminhada, gente como a gente. É um seguimento que compromete, que guia a própria vida e que sustenta todos os outros itens abaixo.

O jovem e a jovem são sujeitos da sua história. Criativos e criadores. Agentes libertadores nos meios em que vivem, baseando sua ação a partir do projeto e da Pessoa de Jesus Cristo. São mais que protagonistas da ação. São os atores principais na concepção das ideias.

Não é só opção da PJ. É opção de toda a Igreja. Foi ação de Jesus Cristo. Os jovens empobrecidos não são somente destinatários de nossa ação. São participantes dela, sinais da Boa Nova e formados como agentes de transformação.

Nem todas as realidades são iguais como nem todos os jovens o são. Um pejoteiro entende e respeita isso. A cada etapa cabe seu crescimento e suas questões. Não fica patinando num assunto e nem pulando e queimando fases, numa vanguarda que ninguém o segue. Caminha junto.

No sentido de que é necessário respeitar os processos, é necessário também valorizar e reconhecer cada jovem em todas as suas dimensões, num processo de formação integral para que possa surgir o encanto e a construção da Nova Mulher e do Novo Homem.

É dentro da comunidade que se aprende a celebrar a vida e os ensinamentos de Jesus. É lá que nos reabastecemos para a vida e missão. Na comunidade nos sentimos parte de algo maior: maior que nossas pretensões, maior que nosso grupo. Comunidade é lugar de gente feliz. É lugar de se sentir Igreja.

Das primeiras coisas que aprendi na pastoral. Um bom líder sempre prepara alguém melhor que possa substituí-lo. Não somos eternos. É desapego. Uma hora a juventude passa e é necessário partir para novos desafios. E é processo educativo também. Para tanto é muito importante preparar uma nova geração de lideranças para que possam crescer.

Da mesma forma que Jesus Cristo se encarnou e resgatou os valores da cultura de seu povo, a pejoteira e o pejoteiro cultivam sua espiritualidade inculturada nas diversas realidades do jovem latino americano.  Faz-se necessário assumir a originalidade de cada cultura nas diferentes realidades e experiências, sem perder o aspecto mais geral de que somos brasileiros e latinos que partilham do mesmo chão. 

Somos pejoteiros, mas nem todas as pessoas o são. Da mesma forma, somos católicos, cristãos, religiosos. Mas nem todas as pessoas compartilham de todas as nossas crenças. Mas para cultivar valores universais, como a paz, a justiça, o amor e a vida é preciso que aprofundemos uma espiritualidade ecumênica e aberta ao diálogo inter-religioso de modo a colocarmos na mesma roda pessoas com estes mesmos valores..

A espiritualidade pastoral é simples: a partir da pessoa e do exemplo de Jesus, ela se reflete no cotidiano, num processo que leva sempre a uma transformação pessoal, grupal e social. Ou seja, sua raiz está no  Evangelho de Jesus e na experiência da presença diária de Deus. Isso contribui para que a nossa mudança não aconteça somente por dentro, mas também nas nossas relações sociais e no ambiente que nos cerca.

E que nessa realidade:
- A mulher e o homem estejam acima de todo poder ou projeto.
- A vida esteja antes de qualquer outro valor ou interesse,
- O trabalhador(a) tenham mais valor do que o capital.
- A verdade predomine sobre a mentira e a manipulação,
- A ética seja mais importante que a técnica,
- A realidade e o testemunho falem mais alto do que os projetos e discursos.

Estamos aqui para servir, para nos doar. Quer recursos? Aqui nós investimos nossos finais de semana, nossos feriados, nossas noites em reuniões, encontros, formações. O dinheirinho é suado. Tudo vem de doações, projetos, festas, rifas e principalmente do próprio bolso. E o rendimento todo deste investimento nós encontramos nos frutos bonitos do trabalho pastoral. 

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