quinta-feira, 19 de maio de 2016

Precisamos falar sobre o Cunha

Cunha. O Eduardo. Lembra-se dele? A política brasileira nestes dias em que escrevo este texto anda
tão conturbada e difícil de explicar que pode ser que quando você leia estas linhas, tudo pode ser novidade ou tudo pode ser jornal de ontem. Estamos vivendo esta época de extremos.

Então, o Cunha. Sim. Há alguns dias atrás, semanas, na verdade, ele era o todo poderoso presidente da Câmara dos Deputados. Não conheço ninguém que o defendesse com sinceridade. Ele era o tipo que tinha o poder e era respeitado por alguns por este motivo. Outros se tornavam aliados pelo interesse em combater um inimigo comum. Alianças de ocasião, entendem?

Se ninguém o defende abertamente e com sinceridade na Câmara (ele está afastado do mandato de deputado e impedido de entrar na casa que presidiu), por que ele foi parar lá? Pipocam em todo canto denúncias contra ele, que vão de contas no exterior a desvios desde décadas passadas. Como ele foi parar lá? Como alguém conseguiu a quinta maior votação no seu estado de origem em 2010 e passou a ser o terceiro deputado mais votado em 2014 no mesmo estado?


Sim, estamos falando do Cunha, mas poderíamos estar falando de tantos outros nobres deputados de qualquer canto do Brasil. Uns com votações expressivas e mandatos ignorados. Que faz o deputado que você votou na última eleição? Que projetos ele apoiou? Quais propostas ele fez?

Ele não ganhou? Tudo bem. Que fazem os deputados do mesmo partido do seu candidato? Que fazem os deputados do seu estado? Muitos dirão que tem vergonha deles. E eu digo que eles devem ser cobrados, acompanhados.

Tenho uma breve suspeita de que de forma geral, votamos nos cargos do legislativo de maneira irresponsável. O foco na mídia, nas rodas de conversa, no transporte público sempre são os cargos do executivo (prefeito, governador e presidente). Deputados, vereadores e até senadores entram, muitas vezes como alívio cômico. E isso é triste.

Entendo que estes cargos são tão ou mais relevantes que os cargos do executivo da mesma esfera (municipal, estadual ou federal). Mas por não terem uma cara específica e estarem diluídos entre tantos rostos, acabam por passar despercebidos. Daí acabam entrando figuras pouco relevantes para o debate político e para a melhoria de vida da maioria da população.

Amigos me dizem que não há gente séria na política e que vale qualquer um porque todos são iguais. Não me arrependo, no entanto, de nenhum voto que confiei para cargos do legislativo. Acompanho quem foi eleito pelos sites das respectivas casas e pelas redes sociais. Têm feito um bom trabalho pelo que avalio. 

A lógica do “vale qualquer um” também se estende a outros níveis de representação. Há cidades com conselhos participativos e muitas vezes desconhecemos ou não nos importamos. Em nossas igrejas e comunidades muitas vezes nos abstemos de uma boa discussão para mantermos as mesmas pessoas nas direções pastorais.

Se você quiser, pode voltar ao início do texto e trocar o Cunha por um representante da PJ em uma instância qualquer. Olhe para a PJ e veja como estão nossas representações. Há gente que nem se dá o trabalho de fazer um processo bem feito na escolha de seus indicados, seja na instância que for. Vai quem tem tempo, vai quem está iniciando, vai qualquer um porque a gente não se importa com aquele espaço.

Da mesma forma, também há quem tenha sede de poder representar alguém. Que bobagem imensa, poderíamos pensar. Mas o sujeito ou a moça sedentos por status fazem um mal terrível para a pastoral. Não cumprem o papel para o qual foram indicados, atrapalham os processos que podem estar sendo encaminhados naquela instância e não abraçam de verdade a causa, só ficam de leve, esperando algum benefício pintar... Tal qual alguns deputados que conhecemos. Mas quem colocou toda essa turma lá?

Um comentário:

  1. Essa situação toda, as vezes é permitida por uma fala de que prexisamos ter "cuidado" com as pessoas.
    Fico pensando que cuidado é esse que se fala tanto, que muitas vezes n cuida do processo sabe, não fala das dificuldades e falhas humanas da lideranças, e tals.

    Vejo que a questão hj é quando a fala de "cuidado" não pontua o que tem q ser pontuado e muitas vezes não di o que tem que ser dito, no espaço comunitário mesmo (de reunião, se grupo de PJ que é antes de uma equipe, uma comunidade)

    Pensando...

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