terça-feira, 27 de abril de 2010

Igreja - fonte de espiritualidade para a PJ

Não, este não será um tópico que ganhará unanimidade. Não quero falar de uma Igreja ideal, porque ela sendo formada por seres humanos tem suas falhas. Mas quero falar de uma Igreja como sinal de esperança de um mundo novo, pois ela existe para ser continuadora da missão de Jesus. E assim sendo precisa ser profética, anunciando a Sua Boa Nova e denunciando onde a vida não é levada a sério. A Igreja que é fonte da espiritualidade pejoteira, se fortalece com o testemunho dos santos e mártires, celebra a vida, evangeliza e se incultura e chama os jovens à missão. É mais do que Povo de Deus. É família de Deus, onde as pessoas se sentem acolhidas, em comunhão e tem espaço para participar. É de fato uma assembléia de fiéis que se compromete solidariamente, sendo despojada e optando pelos pobres. Sabe ser jovem com os jovens, é ministerial e celebra a vida no mistério de Cristo.

Pareceu uma Igreja ideal demais??



A comunidade que se formou em torno de Jesus, e que continuou o seu projeto, também é um exemplo significativo para nós. Toda experiência verdadeira de Deus traz profundas mudanças nas relações humanas. Quais as características dessa comunidade?

  • Alegria no sofrimento (Cf. Jo 16,20-22);
  • Relação de amizade e não de servidão (Cf. Jo 15,15);
  • Desapego e partilha de bens (Cf. Mc 10,29s; At 2, 42.44-46);
  • Igualdade entre homem e mulher. Não existem privilégios (Cf. Mt 19, 7-12);
  • Perdão e reconciliação (Cf. Mt 18, 15-18);
  • Oração em comum (Cf. Mc 6,41);
  • Poder como serviço (Cf. Lc 22,25-26);
  • Relações de igualdade no tratamento (Cf. Mt 23,8-10).
Eu tenho em casa um livrinho antigo que ganhei de uma irmã salesiana muito querida. É um documento da CNBB chamado Pastoral da Juventude no Brasil (Estudos nº 44), publicado em 1986. Diz este livrinho em sua página 18 “queremos participar e fazer acontecer uma Igreja profética, libertadora, ecumênica, comprometida na luta dos empobrecidos, marginalizados e oprimidos e, a partir deles, evangelizar toda a realidade”.

Igreja não é destino, já dizia um pároco que me acompanhou há algum tempo. Mal comparando é como se fosse um posto de gasolina. Ninguém vai para o posto para permanecer o tempo todo lá, a não ser os funcionários. Posto de gasolina é lugar de passagem, as pessoas abastecem seus veículos e vão para seus destinos. O combustível é essencial para o desenrolar da viagem, sem ele, os veículos não andam. Assim também é a nossa comunidade de fé. Não vamos para lá para ficar entre as quatro paredes. A evangelização do mundo acontece fora delas. Mas é importante que se celebre a fé. Isso nos anima a continuar e não nos deixa abater diante dos problemas que todos os dias aparecem.

Para a PJ, a Igreja se fortalece com o testemunho concreto de tantos mártires, conhecidos ou anônimos, que atestam com suas vidas o carinho especial que Deus tem pelos pobres e pelos jovens. Precisamos alimentar a comunhão: na verdade, na honestidade e na fraternidade para buscar a identidade e a missão desta Igreja-Comunidade, a partir da fé, da caridade e da esperança. É necessário, como nos diz o Evangelho de Mateus no capítulo 25, ter o pobre, o excluído como sinal da presença de Jesus e, conseqüentemente, possibilidade de transformação e salvação.

Não podemos ficar com a idéia da maioria que quando se lembra da Igreja, logo se pensa na igreja instituição: Vaticano, poder temporal ou hierarquia (Papa, cardeais, bispos, padres, leigos). Igreja é muito mais do que isso. É a Assembléia de pessoas que foram chamadas. É todo o povo que se reúne e partilha a mesma fé. A missão da Igreja é dar continuidade ao projeto de Jesus, que é o Reino de Deus.

Nós falamos muito de uma "Nova Igreja" que queremos construir. Muito mais do que construir, somos convidados a ser esta nova Igreja. Somos e edificamos estas novas relações na medida em que vivemos e acreditamos nelas. É preciso dar testemunho do que se crê. Num texto futuro quero me aprofundar mais nessa relação jovem e Igreja.

Um comentário:

  1. Cara, legal!!!

    O blog tá bem didático! Só com estes primeiros textos já dá pra fazer um livro, pois há uma unidade perfeita entre eles!

    Já te falei que gostei do nome do blog? Pejotando... Adoro pejotar!!!

    Paz e Bem!!!

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